Casa abandonada em Miyoshi, Japão, onde prédios vazios agora são comuns devido ao declínio da população. Fotografia: Carl Court / Getty Images
Mas como é realmente o declínio da população?
A experiência do Japão, um país que mostra essa tendência há mais de uma década, pode oferecer alguns exemplos.
Já há poucas pessoas para preencher todas as suas casas existentes. Uma em cada oito casas agora está vazia. No Japão, eles chamam esses edifícios vagos de akiya ou “casas fantasmas”.
Na maioria das vezes são encontradas em áreas rurais, essas casas rapidamente ficam em mau estado, deixando-as com um ar de mistério na paisagem, acelerando assim o declínio do bairro.
Muitos akiya foram deixados vazios após a morte de seus ocupantes. Herdados por seus parentes que vivem na cidade, muitos não são reclamados e nem cuidados.
Com tantas estruturas sob propriedade desconhecida, as autoridades locais também não conseguem derrubá-las.
Algumas cidades japonesas tomaram medidas extremas para atrair novos residentes, como o oferecendo de subsídios para despesas de reforma ou até doando casas para famílias mais jovens.
Com a expectativa de que a população do país caia de 127 milhões para 100 milhões ou até menos até 2049, esses akiya devem se tornar cada vez mais comuns e devem responder por um terço de todo o estoque habitacional japonês em 2033.
À medida que a população rural diminui, os antigos campos de culturas e jardins ficam abandonados e acabam retornando para a vida selvagem.
Avistamentos de ursos negros asiáticos têm se tornado cada vez mais comuns nos últimos anos, à medida que os animais vasculham nozes e frutas que não foram colhidas e amadurecem nas arvores.
Na União Européia, uma área do tamanho da Itália deverá estar abandonada até 2030.
A Espanha está entre os países europeus que deverão perder mais da metade de sua população até 2100. Hoje três quartos dos municípios espanhóis estão em declínio populacional.
As pitorescas Galícia e Castela e Leão estão entre as regiões mais afetadas da Espanha, onde assentamentos inteiros foram gradualmente esvaziando e perdendo seus habitantes.
Mais de 3.000 aldeias fantasmas agora assombram as colinas, em estado de abandono.
Mark Adkinson, um expatriado britânico que dirige a agência imobiliária Galician Country Homes, disse ao Observer que tinha “mais de 1.000” aldeias abandonadas em seus registros, acrescentando que tem um membro de sua equipe sempre na estrada, deixando cartas em propriedades abandonadas na esperança de rastrear seus proprietários e devolvê-los ao mercado imobiliário.
Disse ele “Estou aqui há 43 anos, As coisas mudaram consideravelmente. Os jovens deixaram as aldeias e os pais estão envelhecendo e ficando cada vez mais perto de hospitais. Você não quer ficar preso nas colinas quando você não consegue mais dirigir.”
Como no Japão, a natureza já está tomando conta.
De acordo com José Benayas, professor de ecologia da Universidade de Alcalá em Madrid, as florestas espanholas triplicaram de área desde 1900, passando de 8% para 25% do território à medida que o solo não é mais cultivado.
A queda da população continuará a desencadear o abandono da terra, disse ele, “porque deverá existir menos humanos para serem alimentados”.
França, Itália e Romênia estão entre os países que apresentaram os maiores ganhos em cobertura florestal nos últimos anos, grande parte na forma de regeneração natural de campos agrícolas antigos. “Os modelos indicam que o reflorestamento desse tipo continuará pelo menos até 2030”, disse Benayas.
O abandono rural em grande escala é um fator que contribuiu para o recente ressurgimento de grandes animais carnívoros pela Europa: linces, carcajus, ursos-pardos e lobos tiveram aumento em suas populações na última década.
Na Espanha, o lobo ibérico recuperou de 400 indivíduos para mais de 2.000, muitos dos quais podem ser encontrados andando pelas aldeias fantasmas da Galícia, enquanto caçam javalis e veados – cujos números também dispararam. Um urso pardo foi avistado na Galiza no ano passado, pela primeira vez em 150 anos.
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