Por Elton Alisson - Agência FAPESP - 19 de abril de 2024 - Cerca de 90% da…
Autora de livro sobre Monsanto diz que sua obra 'dá muito medo'
JMA de 2 de dezembro de 2008
Jornalista francesa acusa a empresa de práticas mafiosas.
Autora afirma que adubos e pesticidas são “tóxicos”.
A jornalista francesa Marie-Monique Robin, que acaba de publicar na Espanha um ensaio sobre a multinacional de sementes transgênicas Monsanto, à qual acusa de práticas “mafiosas”, diz que não sabe se seu livro “é de terror, mas dá muito medo, pois, infelizmente, tudo o que está lá é verdade”.
“Le Monde Selon Monsanto” — “O Mundo Segundo a Monsanto”, em português — é o irônico título escolhido para um livro no qual ela denuncia, com documentos inéditos e testemunhos de muitas “vítimas”, a “impunidade diabólica” da multinacional americana que comercializa “produtos tóxicos”, afirma a autora em entrevista à Agência Efe.
As acusações de Robin à Monsanto são vender sementes geneticamente modificadas que não demonstraram sua “inocuidade tóxica” e que devem ser tratadas com adubos e pesticidas da mesma empresa, “igualmente tóxicos”, em um ciclo monopolístico.
Segundo a especialista, o ciclo não acaba somente com a biodiversidade do local onde é implantado, mas também não garante melhores colheitas e empobrece os terrenos.
A jornalista se reuniu durante três anos com políticos, camponeses e cientistas, alguns dos quais “sofreram na própria pele o ‘efeito Monsanto'”.
Muitos deles sofreram represálias e foram despedidos devido às investigações sobre o risco dos produtos geneticamente modificados e outros adquiriram algum tipo de câncer pelo contato com eles.
A companhia, lembra Robin, comercializa 90% dos cultivos transgênicos do mundo, com 8,6 bilhões de euros — aproximadamente 26 bilhões de reais — de faturamento em 2007.
É a maior vendedora de sementes na América Latina, Ásia, Estados Unidos e Canadá, e entre seus “feitos” químicos está a fabricação do “agente laranja”, um devastador pesticida utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
Robin afirma que a multinacional tem dezenas de processos penais contra ela no mundo todo, devido a problemas de saúde gerados por seus produtos, mas também por causa de práticas de monopólio.
Segundo a jornalista, a multinacional se comporta como uma estrutura saída da mente de George Orwell — autor do livro “1984”, que retrata um regime autoritário de uma sociedade de vigilância –, já que tem uma “meta totalitária e monopolística” e utiliza métodos muito semelhantes aos da máfia.
O livro faz um percurso pelas relações entre os políticos encarregados de redigir a regulamentação sobre transgênicos e as empresas do setor, com casos de membros da administração pública nos EUA que, após promover leis permissivas a esses produtos, para reduzir os testes toxicológicos, passaram para o outro lado, um inclusive como “vice-presidente” da multinacional.
Já temos uma edição em protuguês do livro.
Na segunda-feira, dia 08 de dezembro, teremos uma apresentção gratuita do filme homônimo ao livro, na USP – Anfiteatro da Geografia, seguida de debate com a autora Marie-Monique Robin. As 18h00.
Abs,