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Bairros “verdes” tornam adolescentes menos agressivos

Tênis sobre a grama

Áreas verdes: jovens que vivem em lugares com mais vegetação são menos agressivos, diz pesquisa.

Mais do que embelezar a paisagem urbana e filtrar poluentes nocivos à saúde, as áreas verdes podem ser poderosas aliadas no combate à agressividade de adolescentes. É o que aponta uma pesquisa recente publicada na revista científica da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência.

Os cientistas já estudam, há tempos, como nosso comportamento é influenciado pela família onde crescemos, as amizades que fazemos e até mesmo o lugar onde trabalhamos — o chamado ambiente social —, mas agora eles também estão estudando como o ambiente externo e
elementos da natureza — como a arborização de uma região — afetam o nosso comportamento.

No estudo em questão, os pesquisadores buscavam entender o efeito que as áreas verdes podem ter sobre o comportamento dos jovens. Eles avaliaram a conduta de 1 287 adolescentes, de 9 anos a 18 anos, a cada dois ou três anos, perguntando aos pais se seu(s) filho(s) tinham ameaçado ou atacado fisicamente outras pessoas, se haviam destruído coisas ou apresentado outros comportamentos agressivos no período.

Os pesquisadores, então, cruzaram os endereços residenciais dos adolescentes com dados de satélite para verificar os níveis de vegetação em seus bairros. A constatação: os jovens que viviam em lugares com mais vegetação apresentavam comportamentos significativamente menos agressivos do que aqueles que vivem em bairros com menos vegetação.

Mesmo exposições de curto prazo a áreas verdes (de um a seis meses, por exemplo) em um raio de um quilômetro da residência já eram suficientes para influenciar positivamente o comportamento, segundo a pesquisa.

Com base nos achados do estudo, focado na Califórnia, os pesquisadores estimam que o aumento dos níveis de vegetação comumente vista em ambientes urbanos resulte em uma diminuição de 12 por cento em casos clínicos de comportamento agressivo em adolescentes que vivem em áreas urbanas do estado americano.

O estudo também descobriu que fatores como idade, sexo, etnia, status socioeconômico, escolaridade dos pais, ocupação, nível de renda ou estado civil, ou se a mãe fumava durante a gravidez ou estava deprimida, não afetaram tanto os resultados.

Além disso, esses benefícios foram verificados tanto para meninos e meninas, de todas as idades e entre as populações de diferentes origens socioeconômicas.

“Identificar medidas eficazes para reduzir comportamentos agressivos e violentos de adolescentes é uma questão urgente nas sociedades em todo o mundo”, disse Diana Younan, doutoranda e uma das autoras da pesquisa.

“Nosso estudo fornece novas evidências de que o aumento da vegetação no bairro pode ser uma estratégia de intervenção alternativa eficaz para uma abordagem de saúde pública ambiental que não foi considerada ainda”, finalizou.

Fonte – Exame de 28 de junho de 2016

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