Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Biólogos acham plástico em estômago de peixes
Cientistas alemães encontraram resíduos do material em espécies marinhas consumidas pelo homem. Entretanto, não há indícios de haver risco para saúde das pessoas que se alimentam desses animais.
Os resíduos de plástico encontrados no mar se decompõem lentamente em partículas minúsculas. Muitos são mais leves do que a água e flutuam na superfície do mar. A luz solar e as ondas quebram os pedaços em partículas ainda menores. No final, as partículas minúsculas acabam dentro dos animais – dos microrganismos, a aves marinhas, mamíferos marinhos e peixes.
Biólogos do Instituto Alfred Wegener (AWI, na sigla em alemão) fizeram uma pesquisa sobre a quantidade de partículas de plástico presentes nos estômagos de peixes. O resultado surpreendente é que essa quantidade depende das espécies: algumas apresentam bastante, outras praticamente não possuem vestígios do material no organismo.
Os cientistas estudaram o conteúdo do estômago e do trato digestivo de 290 peixes, de diversas espécies, pescados no Mar no Norte e no Báltico e que costumam ser consumidos pela população.
Eles, então, descobriram que o peixe cavala, por exemplo, engole quantidades de plástico maiores do que peixes que vivem mais perto do fundo do mar, como o linguado. Dependendo da área de pesca, os pesquisadores foram capazes de encontrar plástico no estômago de entre 13% e 30% dos linguados.
Já os arenques aparentemente não ingerem resíduos de plástico em determinadas épocas do ano. “A razão para isso provavelmente está nos hábitos alimentares dos peixes”, explica o biólogo do AWI Gunnar Gerdts, diretor da pesquisa.
Aparência confunde peixes
Aparentemente, cavalas confundem restos de plástico na superfície da água com a presa. Elas gostam de comer cavalos-marinhos recém-nascidos, que também costumam flutuar na superfície da água. Isso também explica por que foram encontrados nos estômagos dos peixes sobretudo fibras, que se assemelham à forma de pequenos cavalos-marinhos.
Os pesquisadores não encontraram evidência de que os peixes ficaram doentes pela ingestão das partículas de plástico. O estudo também não forneceu indícios de um possível risco para os seres humanos que comem esses peixes.
“Muitas partículas são encontradas nos órgãos digestivos”, diz o especialista do AWI Lars Gutow. Mas as partículas não vão para o prato, explica ele, em geral retira-se as vísceras dos peixes antes do consumo. Entretanto, ainda permanece a questão sobre se os produtos da degradação dos plásticos entram na corrente sanguínea do peixe e, consequentemente, na comida das pessoas.
Em outro estudo, o biólogo Lars Gutow descobriu que invertebrados herbívoros ingerem partículas de plástico. Para isso, observou caramujos de praia Littorina littorea em laboratório.
Partículas são expelidas
As partículas de plástico aderem bem às folhas pegajosas de algas – um prato favorito dos caracóis. Para rastrear o caminho de partículas microscópicas de plástico, os pesquisadores usaram partículas de plástico fluorescentes, que realmente foram comidas pelo caracol. No entanto, o plástico não ficou muito tempo no caracol, sendo expelido novamente após a digestão de partes biológicas da refeição.
A Comissão Europeia tem como meta reduzir o consumo europeu per capita de sacolas plásticas nos próximos dez anos para 40 sacos por ano. Na Alemanha, a média atual é de 71 sacolas. A Associação de Varejistas Alemães (HDE) chegou a apresentar uma proposta de tornar obrigatória a cobrança por sacolas plásticas para todo o comércio, mas ainda não colocou a medida em prática.
Nota do Instituto IDEAIS – Esta matéria mostra a realidade da degradação natural dos polímeros plásticos, assim como acontece com outros tipos de materiais. Infelizmente não chegamos ao nível de desenvolvimento e educação onde as pessoas não descartam resíduos no meio ambiente e onde todos os resíduos serão reciclados.
O mesmo fenômeno de degradação acontece com falsos plásticos “ biodegradáveis “ que na realidade não passam de plásticos fragmentáveis como os convencionais. Ambos não atendem normas de biodegradação e sua degradação em fragmentos cada vez menores é igual.
Plástico biodegradável é opção ambientalmente segura, sem resíduos nocivos e reciclável antes de degradar quando certificados por órgãos acreditados e independentes, segundo normas vigentes. A conformidade com estas normas garante a biodegradação e ausência de resíduos nocivos, restando apenas água, gás carbônico e biomassa.
Quando sua opção é fabricar, usar ou distribuir plásticos biodegradáveis, exija do fornecedor/fabricante a certificação de conformidade com as normas ABNT PE-308.01 ou ABNT 15448-2:2008.
Fonte – Portal Terra com informações da Deutche Welle
Boletim do Instituto IDEAIS de 21 de janeiro de 2016
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