Por Stella Fontes, Valor Econômico
O Brasil tem avançado na reciclagem de plástico pós-consumo e, segundo o estudo mais recente encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), o índice de reciclagem mecânica no país estava em 22,1%, comparável a 24,2% nos Estados Unidos e a 75,1% na União Europeia.
Os dados têm como base o ano de 2018 e mostram que houve crescimento de 37% na reciclagem de plástico pós-consumo, para 758 mil toneladas. O estudo anterior, realizado em 2016, indicava que haviam sido reciclados 550 mil toneladas de resíduos plásticos.
“O índice de reciclagem é muito afetado pela conjuntura econômica e 2018 foi um ano em que a indústria já se recuperava da crise anterior e 2019 pode ter sido um ano de consolidação de um índice maior”, diz a sócia da consultoria MaxiQuim, Solange Stumpf, que realizou a pesquisa para o PICPlast, uma parceria entre Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e a Braskem.
Em 2018, o país gerou um total de 3,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Desse volume, 991 mil toneladas tiveram como destino a coleta seletiva, cooperativas, centros de triagem e sucateiros, mas 234 mil toneladas se perderam no processo — na maior parte das vezes por causa da presença de contaminantes — e foram parar em aterros sanitários. Assim, foram efetivamente recicladas 757 mil toneladas, de um total de 3,4 milhões de toneladas, resultando no índice de 22,1%.
Naquele ano, mostra o estudo, o faturamento bruto da indústria da reciclagem foi de R$ 2,4 bilhões, com 18,6 mil empregos e capacidade instalada de 1,8 milhão de toneladas. O levantamento mapeou 716 empresas em operação, das quais 88,5% estão instaladas nas regiões Sul e Sudeste. Fora desses mercados, a Bahia se destacou com 17 recicladoras.
O levantamento mostra ainda que mais da metade do plástico reciclado, ou 54,3%, tem origem no uso doméstico, e 65% do volume reciclado correspondeu a plásticos de uso único, com destaque para as embalagens.
Das 757 mil toneladas de resíduos reciclados, pouco mais de 43% foram transformadas em PET, 18% em polietileno de alta densidade, 17% em polietileno de baixa densidade e 15% em polipropileno, com aplicação em diferentes indústrias, entre as quais higiene e limpeza, construção civil, bebidas e alimentos — somente o PET reciclado pode entrar em contato com alimentos e bebidas, de acordo com regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A MaxiQuim está trabalhando, agora, nos números de 2019, mas Solange indica que houve mais crescimento. Em 2020, porém, a covid-19 deve ter interrompido essa trajetória.
Nota da FUNVERDE: A reciclagem, na maioria das cidades brasileiras, precisa melhorar e muito. Sem uma abordagem séria neste problema, sempre estaremos discutindo e jamais resolvendo efetivamente este problema. Nosso planeta é finito, tudo aqui pode acabar, basta usarmos os recursos naturais como estamos usando hoje, como se não houvesse um amanhã.
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