Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Cartilha apresenta usos com energia renovável para comunidades isoladas
Quem trabalha com desenvolvimento de comunidades tradicionais reconhece os grandes desafios e dificuldades das populações em sobreviver em locais sem energia elétrica e isoladas dos centros urbanos, ou em locais com energia elétrica intermitente e proveniente de grupos geradores a gasolina ou a diesel. A matriz energética desses locais, normalmente dependente de combustíveis fósseis, onera a geração de energia em razão dos altos custos envolvidos no transporte desses combustíveis por grandes distâncias, além do elevado custo de operação, manutenção e da dificuldade logística para lidar com essas micro e miniusinas termoelétricas. Além disso, o funcionamento intermitente desses grupos geradores a diesel, normalmente das 18 às 22 horas, impede a operação de equipamentos para conservação de alimentos para agregação de valor aos produtos locais, tais como geladeiras e congeladores elétricos.
No caso de sistemas produtivos acionados por combustíveis fósseis, o elevado custo do combustível e da manutenção quase sempre não viabiliza a maioria dos negócios estruturados nessas pequenas cadeias de valor de base comunitária, seja no processamento de frutas, seja no de pescados, ou na produção de óleos essenciais.
Nesse sentido, a energia solar fotovoltaica e a solar térmica encontram um nicho de atuação muito importante em localidades isoladas onde o trabalho “braçal” é responsável pela produtividade e pela subsistência humana, principalmente considerando que existem cerca de 2 milhões de brasileiros na Amazônia Legal que ainda utilizam fontes de energia “suja” e não renovável para atender às suas necessidades básicas. Globalmente, dados das Nações Unidas e do Banco Mundial (Sustainable Energy for All – SE4ALL) apontam que cerca de 1,2 bilhão de seres humanos não tem acesso à energia limpa e moderna, e 2,5 bilhões de pessoas dependem da lenha ou da biomassa para cozinhar e aquecer suas residências.
É nesse contexto que o WWF-Brasil e seus parceiros, no âmbito do Projeto Resex Produtoras de Energia Limpa, apresentam a cartilha Usos de Sistemas Energéticos com Fontes Renováveis em Regiões Isoladas. A carência de informações reclamada pelas entidades representativas dos extrativistas impulsionou a iniciativa. A publicação traz alternativas mais viáveis para utilização de sistemas energéticos renováveis voltados para usos produtivos e agregadores de valor, melhorando a qualidade de vida das comunidades e a manutenção da floresta. Ela lista soluções testadas no Brasil e aprovadas pelas populações locais, como o uso de energia solar para refrigeração e fabricação de gelo, extração de óleo vegetal, beneficiamento de castanha, açaí e mandioca, bombeamento e purificação de água, iluminação portátil, telecentros em escolas e outros. A cartilha traz ainda especificações técnicas, custos médios para cada tipo de aplicação e tamanhos de sistemas e fontes de financiamento já disponíveis no Brasil.
O Lançamento da publicação ocorrerá na Universidade Estadual do Amazonas, Campus de Lábrea, no dia 27 de abril, a partir das 18 horas. É nesta cidade, onde há duas reservas extrativistas, que o WWF-Brasil está realizando com os mais de 5000 extrativistas moradores das reservas o projeto com energia solar para uso produtivo. O município registra os maiores índices de desmatamento do estado do Amazonas.
Fonte – WWF de 25 de abril de 2017
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