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Cidade dos tocos cria ilhas de calor
Por Luiz Fernando Cardoso, O Diário do Norte do Paraná de 26 de fevereiro de 2017
Motivo de orgulho dos maringaenses, a frondosa arborização das vias públicas – concebida no fim da década de 1940 pelo engenheiro florestal Luiz Teixeira Mendes – tem dado lugar, num ritmo acelerado, aos tocos de árvores. Além da perda de um patrimônio da cidade, o recuo do verde está causando alterações no clima, segundo ambientalistas.
Coordenador do “Projeto Árvore”, censo que catalogou em 2006 todas árvores de Maringá, o engenheiro florestal André Cesar Furlaneto Sampaio diz que a perda da arborização fez surgir ilhas de calor nas áreas do plano piloto (Centro e bairros da fundação da cidade). “Estamos vendo a descaracterização de nossa arborização, e teremos cada vez mais desconforto térmico e queda na qualidade de vida por isso”, diz.
Na prática, quanto mais tocos surgirem, mais quente a cidade vai ficar. “As cidades, por sua impermeabilização, já são mais quentes que o campo. Sem árvores, a situação piora”, explica Ana Domingues, presidente da ONG Funverde.
Em 2006, Maringá tinha 93.261 árvores sadias, 712 mortas, 10.440 ausentes (o que inclui áreas cimentadas em frente a estabelecimentos comerciais) e 3.759 tocos. O autor do censo afirma que o cenário piorou. “Com certeza, o número de tocos aumentou consideravelmente nos últimos dez anos”, afirma Furlaneto.
Outro ponto que contribuiu para o aparecimento de novas ilhas de calor, segundo os ambientalistas, foi a opção “inadequada” de palmeiras para os canteiros centrais de algumas avenidas – como no caso da 19 de Dezembro, onde gramíneas substituíram mais de 50 frondosos flamboyants. “O ganho de qualidade de vida que as árvores de grande e médio porte oferecem não pode ser desperdiçado”, comenta Furlaneto.
Para os ambientalistas, os problemas relatados são resultado da falta de um Plano Diretor de Arborização para orientar os trabalhos. Segundo Ana, o “Projeto Árvore” precisa ser atualizado para embasar o plano diretor.
Administrações
Ulisses diz que começará a trabalhar no Plano Diretor de Arborização ainda este ano. “Com o plano teremos a definição técnica da árvore ideal para cada lugar, sem as substituições impróprias, como a das palmeiras que custaram uma fortuna”, comenta.
O prefeito diz, ainda, que adotará medidas para impedir o avanço dos tocos, conforme promessa de campanha. “Nenhuma árvore será removida no meu governo sem que outra seja plantada no lugar em 48 horas”, diz Ulisses, que garante estar aberto ao diálogo com ambientalistas.
Os ex-prefeitos Silvio Barros e Carlos Roberto Pupin (ambos do PP) informaram, por meio de assessoria, que suas administrações adquiriram equipamentos modernos, como destocadeiras e trituradores para o serviço de poda. A escolha das palmeiras considerou o tráfego das vias, já que árvores com copas poderiam atrapalhar a passagem de veículos. Ainda segundo a nota, os governos anteriores mantiveram como regra plantar pelo menos três novas mudas para cada árvore retirada.
Manejo da arborização será informatizado em março
A gestão da arborização de Maringá a partir de relatórios manuscritos está com os dias contados. A administração municipal planeja para março o início do processo de informatização do controle de manejo das mais de 90 mil árvores do passeio público de Maringá. O uso da tecnologia e a adoção de um sistema de gestão mais eficiente são medidas apontadas por um relatório preliminar, ao qual O Diário teve acesso com exclusividade.
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