Conhecido como “pulso de derretimento 1A”, o acontecimento, tido como um mistério até então, foi, aparentemente, resultado do derretimento de calotas polares, sendo que um dos maiores desafios para pesquisadores era descobrir, justamente, a origem dessa água toda.
Jo Brendryen, da Universidade de Bergen, na Noruega, e sua equipe se dedicaram aos estudos e chegaram a uma conclusão: tudo veio do manto de gelo da Eurásia.
Extensões de gelo identificadas há milhares de anos.Fonte: Ars Technica
Uma das grandes dificuldades da pesquisa é que, na datação realizada por meio do teste de carbono 14, os resultados se baseiam na variação causada pela ação da atmosfera sobre o elemento e em como ele foi afetado e acumulado em amostras recolhidas.
Quando aplicado a oceanos, o fundo do mar pode “enganar” as mensurações, já que as moléculas presentes nesses locais isolados parecem muito mais velhas por estarem “imunes” aos fatores citados.
Além disso, correntes oceânicas também são alteradas constantemente, “embaralhando” supostas certezas.
Por isso, os pesquisadores, para não ficarem perdidos em regiões abissais do conhecimento, partiram de um consenso científico para começarem suas análises: durante o último período glacial, uma camada de gelo se estendeu pela Escandinávia e pelo Mar de Barents.
Pegadinha do malandro
Acha que isso ajudou?
Bem, sim e não.
Uma vez que a datação de carbono indicava que o derretimento desse manto ocorreu antes do “pulso de derretimento 1A”, não havia como descobrir o que exatamente ocorreu.
O fato de que os elementos de amostras pareciam “mais jovens”, entretanto, já dava boas pistas de que a fórmula da juventude era apenas um engano proporcionado pelo fundo do mar.
Aí, era preciso achar um jeito de contornar a questão.
Foi então que Jo Brendryen e seu time se voltaram a uma caverna na China.
Como a circulação de água nesses ambientes é maior, depositando constantemente sedimentos nas rochas, foi possível verificar a ação dos séculos ao mesmo tempo que características temporais foram preservadas.
Logo, não seria necessário “prever” qualquer atraso no teste de carbono, o que proporcionaria uma análise mais assertiva.
Fonte: Pixabay
Finalmente, a linha de eventos foi reconstruída e a conclusão foi de que, em vez de uma quantidade massiva de água ter surgido do nada, o que ocorreu foi, na verdade, o desaparecimento de muito gelo há mais de 14,6 mil anos – que, derretido, aumentou 12 metros do nível dos oceanos, adicionando cinco ou seis metros em um século posterior.
Perguntas respondidas, perguntas feitas
Descobrir exatamente como ocorreu o movimento no mundo todo é realmente um desafio, uma vez que o nível do oceano não aumenta de maneira distribuída ao redor do globo.
Essa diferença ocorre por conta atração gravitacional da massa de água diferente em estado sólido ou líquido.
O que se constata, a partir disso, é que alguns locais sofreram, inclusive, uma redução da presença do mar.
Enquanto conseguimos algumas respostas, outras dúvidas surgem.
Por exemplo, como as informações das correntes oceânicas da época e seus impactos sobre os mantos glaciais podem dar pistas sobre nossa situação atual?
Cada camada de gelo é diferente e os detalhes locais são importantes, mas supõe-se, a partir dos dados coletados, que um colapso igualmente rápido na Antártica seria o pior cenário possível.
O que podemos fazer para contornar as possíveis consequências de um novo derretimento? Cenas dos próximos capítulos.
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