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Cientistas fazem alerta sobre aquecimento irreversível do planeta
Por Agência France-Press em 15 de junho de 2021 – Foto Ralph Timmermann Alfred Wegener Institute/Divulgação
O planeta pode ter superado um ponto de inflexão para um aquecimento global irreversível, com consequências de efeito cascata, da Groenlândia até a Grande Barreira de Coral – advertiu o comandante da maior expedição científica já enviada ao Polo Norte.
“Apenas o estudo dos próximos anos nos permitirá saber se ainda podemos salvar a camada de gelo do Ártico, presente o ano todo graças a uma proteção do clima, ou se já atravessamos o ponto de não retorno”, disse Markus Rex, oito meses após o retorno da missão internacional que passou um ano no Ártico.
Durante quase um ano, equipes internacionais coletaram dados exaustivos que devem fornecer informações valiosas sobre a mudança climática
“O desaparecimento do gelo de verão do Ártico é uma das primeiras minas neste campo minado, um dos primeiros pontos de não retorno a que chegamos quando vamos longe demais no aquecimento” (global), completou o cientista em uma entrevista coletiva em Berlim, ao lado da ministra da Educação e Pesquisa, Anja Karliczek.
Início da explosão
De fato, “podemos nos perguntar se já não estamos caminhando sobre esta mina e ativamos o início da explosão”, disse o climatologista e físico, cientista de referência para estudos sobre o Ártico.
Se este ponto irreversível for ultrapassado, isto pode gerar consequências “de efeito dominó” para o planeta, advertiu o cientista, e “agravar ainda mais o aquecimento com o desaparecimento da calota polar da Groenlândia, ou o degelo de zonas amplas do permafrost do Ártico”.
As antigas geleiras também estão ameaçadas. “Hoje tampouco sabemos se podemos salvar a Grande Barreira de Coral” na Austrália, destacou.
As mudanças climáticas foram sentidas pela tripulação já na viagem de ida. Por causa da ausência de gelo, navio não teve dificuldades para chegar ao Polo Norte
No retorno do quebra-gelo “Polarstern” do instituto alemão Alfred-Wegener ao porto de origem de Bremerhaven, noroeste da Alemanha, em 12 de outubro de 2020, o comandante da missão batizada MOSAIC já havia alertado sobre a ameaça que existe para a camada de gelo, que desaparece a uma “velocidade dramática”.
O retrocesso do gelo é considerado pelos cientistas o “epicentro do aquecimento global”, segundo Rex.
Por causa da pandemia, navios de suprimentos e com novos tripulantes acabaram sofrendo atrasos para alcançar o Polarstern
Na ocasião, ele afirmou ter observado no verão “grandes áreas de água líquida quase até o polo, cercadas de gelo cheio de buracos, devido a um expressivo degelo”.
Nesta terça-feira, ele disse que a camada de gelo recuou “mais rápido na primavera de 2020 do que desde o início das medições” e que a extensão do gelo durante o verão era a metade de décadas atrás.
Última geração
A especialista Stefanie Arndt lamentou que, “talvez sejamos a última geração a poder ver o Ártico com gelo no verão”.
Esta camada de gelo, destacou, é um “espaço vital importante para os ursos polares”.
Os especialistas conseguiram mais de 150 terabytes de dados e mais de mil amostras de gelo.
Durante os 389 dias, a missão de 140 milhões de euros (170 milhões de dólares), dirigida em conjunto por 20 países, estudou a atmosfera, o oceano, a camada de gelo e o ecossistema para reunir dados que permitam avaliar o impacto da mudança climática na região e no mundo.
Centenas de especialistas e cientistas permaneceram na embarcação. O “Polarstern” navegou 3.400 quilômetros no total.
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