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CNI e a economia circular

21A economia do futuro é circular

Por Confederação Nacional da Indústria (CNI) – Outubro de 2019

Utilização de material reciclado em produtos da HP cresceu de 12% para 22% em 10 anos — Foto: Divulgação

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a economia funcionou de forma linear. As empresas extraem matéria-prima e a transformam em produtos, gerando resíduos ao longo do processo. Os compradores consomem e descartam. O resultado é o uso excessivo dos recursos naturais, numa ponta, e a geração de lixo, na outra.

Esse modelo não se sustenta mais. Em seu lugar, está se instaurando a economia circular, que unifica as pontas da cadeia de produção e consumo, com benefícios para a sustentabilidade e para a geração de empregos. Muito difundida na Europa, a economia circular é um conceito essencial para o desenvolvimento sustentável dos países e que começa a ganhar espaço no Brasil. Uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 76,4% das empresas do setor adotam alguma prática de economia circular.

Nesse sentido, a CNI tem trabalhado para ampliar a adoção do modelo e mobilizar empresas, governo, academia e sociedade em escala nacional. Uma das ações recentes foi a realização do Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro, realizado no dia 24 de outubro de 2019, em São Paulo. Ao longo de um dia inteiro de painéis e palestras que reuniram especialistas e empreendedores da academia e dos setores público e privado, o evento debateu não só o conceito de economia circular, mas também estratégias concretas de colocá-lo em prática.

Durante o evento, correalizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) com o apoio da Nespresso, do Instituto C&A e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a CNI apresentou a primeira pesquisa de abrangência nacional sobre o tema. Além de mostrar que três quartos das empresas já adotam alguma ação de economia circular, os números mostram que 60% avaliam que a prática pode gerar empregos e 75,9% a percebem como relevante para evitar desperdícios.

“A transição para a economia circular permitirá que a indústria brasileira esteja à frente das legislações e das normas nacionais e internacionais, colaborando para a construção de políticas públicas facilitadoras às mudanças sistêmicas”, afirmou Marcelo Thomé, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI. “Em um primeiro momento, as empresas terão de investir, mas em uma etapa seguinte será possível diminuir custos operacionais, com processos mais eficientes e voltados para o reaproveitamento de resíduos e utilização de bens reciclados.”

Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a economia circular é um imperativo e uma oportunidade em um mundo que está em rápida transformação. “A economia circular aparece como alternativa desejável ao modelo tradicional, pois defende o uso dos recursos naturais com menos desperdício. Além disso, permite que as empresas reduzam custos e perdas, gerem fontes alternativas de receita e diminuam a dependência de matérias-primas virgens.”

Financiamento

As empresas precisam ter informações sobre linhas de crédito específicas para o avanço da economia circular. Segundo especialistas, já há no mercado diferente fontes de recursos, tanto públicos quanto privados, para financiar projetos relacionados a reuso, redução de emissões e ampliação da vida útil dos produtos.

“O recurso existe, o difícil é o acesso. Nem todas as empresas sabem que ele está disponível e, mesmo quando são informadas, precisam encarar a burocracia alta e o custo Brasil, que é excessivo”, afirmou Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

Para Jorge Ball, superintendente de Financiamento de Projetos do Santander, a tecnologia leva, naturalmente, para a economia circular. “Na medida em que a indústria 4.0 se desenvolve, é possível criar uma série de negócios que criam valor sobre o uso de produtos que já existiam, que valoriza o compartilhamento.”

Ball lembrou que, quanto mais empresas buscarem financiamento para projetos de economia circular, mais os bancos vão prestar atenção ao tema. “Ao ser demandado para entrar onde o Brasil precisa, o BNDES vai participar, é sua missão”, reforçou Pedro Dias, gerente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Gerente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Henrique Vasquez avaliou que muitas empresas apresentam projetos pouco detalhados. “É importante que as empresas tenham em seus quadros pessoas com capacidade de olhar para fora, para o mundo, o futuro.”

Nota da FUNVERDE

É ótimo ver que a própria industria está se mobilizando para gerar um ambiente menos poluído. Um longo caminho estamos iniciando, mas é um começo. Parabéns a CNI pela iniciativa

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