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Com leis antifumo, bitucas viram problema ambiental

Com a proibição do uso do cigarro dentro dos bares, os clientes passaram a fumar nas calçadas e jogar as bitucas nas sarjetas, que a enxurrada acaba levando para os mananciais

A limitação dos espaços coletivos permitidos a fumantes a partir da alteração da lei municipal antifumo, em 2008, e a entrada em vigor da lei estadual em novembro do ano passado, transformou a bituca do cigarro no mais novo problema ambiental.

Impedidos de fumar dentro dos bares e mesmo sob os toldos que protegem as mesas expostas nas calçadas, as sarjetas em frente a bares, lanchonetes e restaurantes passaram a ser vistas pelos fumantes como grandes cinzeiros, acumulando tocos de cigarros, que são levados pelas enxurradas para as galerias de águas pluviais e despejados nos córregos e rios. Antes, iam para os cinzeiros e depois para o lixo.

As proibições impostas pelas leis antifumo de Maringá e do Paraná se estendem a lugares próximos a portas e janelas dos bares, lanchonetes e restaurantes. “A calçada é pública e pode ser usada pelo fumante, desde que as portas e janelas dos estabelecimentos estejam bem longe. Caso contrário, ele não pode fumar na frente do bar”, afirma Antônio Carlos Nardi, secretário municipal de Saúde.

Risco de incentivo

Moacir do Carmo, proprietário de um bar na Vila Operária, diz que varre “a calçada todas as manhãs para recolher as bitucas”. Ele, que fumou durante 30 anos e deixou o vício há sete, afirma que se colocar cinzeiro nas mesas da calçada — que são protegidas por um toldo — ou mesmo uma espécie de cinzeiro coletivo, como já acontece em outras cidades, Carmo acredita que estará incentivando o cliente a fumar no local, o que não pode.

A saída encontrada foi colocar um saco de lixo ao lado do bar, numa tentativa de estimular os clientes a trocar o chão pela embalagem, à disposição para outros tipos de lixo. “O duro é se cair alguma bituca acesa”, pondera.

De acordo com a química Marlene Gobbi, coordenadora do programa Pró-Resíduos, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a bituca apagada é considerada resíduo comum. “Esse lixo tem a mesma destinação que os demais resíduos. O ideal é que o fumante tenha lixeiras próximas de si e cultive o hábito de apagar a bituca sempre antes de jogá-la”, diz a química.

Ana Domingues, da organização não-governamental FUNVERDE, defende que a responsabilidade sobre a via pública é da prefeitura e não do proprietário do estabelecimento. “A calçada pertence ao pedestre, não ao dono do bar ou restaurante. Deve haver mais lixeiras disponíveis, não só para as bitucas, mas para qualquer tipo de lixo”, diz Ana.

Cada cigarro libera no ambiente mais de 4.700 substâncias químicas, na maioria cancerígenas. Estranho a bituca ser considerada lixo comum.

 Novas lixeiras

O secretário de Serviços Públicos, Vagner Mússio, afirma que não sabe qual é o número de lixeiras dispostas ao longo das vias públicas da cidade, mas adiantou que a secretaria deve começar a fabricar em fevereiro cerca de mil novas unidades. “Onde já tem vamos arrancar e colocar outras no lugar, além de reformar as que estiverem quebradas”, explica. Na avaliação de Mússio, um quarteirão bem servido deve ter uma lixeira em cada esquina e no meio da quadra.

Se depender apenas da vontade do secretário, os novos cestos terão sacos plásticos para facilitar a coleta, mas ele ainda está estudando a maneira de viabilizar a ideia. O que, segundo ele, é viável, é o fumante largar o vício. “Eu duvido que as pessoas vão apagar os cigarros para jogar nas lixeiras”, diz o secretário Mússio.

Ahahahaha, esta é para rir, primeiro o secretário não sabe quantas lixeiras existem na cidade, o que é um absurdo, pois, como você pode fazer seu trabalho sem ter dados estatísticos? Para você resolver um problema, primeiro você tem que saber qual é o problema, ou melhor, o tamanho do problema, no caso, quantas lixeiras existem, quantas faltam, como está o estado de cada lixeira na cidade.

Só 1.000 lixeiras? O secretário diz que são necessárias 8 lixerias por bloco, então 1.000 lixerias só cobririam 125 blocos na cidade, isso sem falar das dos blocos – quadras – centrais que são retangulares e que necessitam de pelo menos 2 lixerias nas esquinas e mais 3 lixerias no meio do bloco.

E tem mais, você acredita no que secretário diz, que é mais viável o fumante largar o vício do que colocar lixeiras na cidade? isso é que é preguiça de trabalhar. Espere sentado secretário, ou melhor, como o fumante não irá largar o vício, então por favor, faça seu trabalho e coloque lixeiras na cidade, preferencialmente como a da foto abaixo, que existem em Paris.

A vantagem desta lixeira usada em Paris – sim, sabemos que tem muitos outros lugares usando este mesmo tipo de lixeira, mas resolvemos citar esta – é que se o lixo for seco, o gari pode despejar o conteúdo no caminhão de lixo e recolocar o saco para ser utilizado novamente.

Observe este modelo e copie secretário, pois elas são baratas para fabricar e duram uma enternidade. Copie o que é bom e resolva finalmente nosso problema de lixo no centro da cidade.

Essas nossas lixeiras de Maringá, com o cesto perfurado é uma falta de respeito com os garis, que tem que enfiar a mão dentro delas para tirar o lixo e quando o usuário coloca lixo líquido o chão fica emporcalhado, essas nossas lixeiras são de faz de conta.

Isso sem contar que nossas lixeiras são minúsculas, no centro da cidade logo de manhã já estão abarrotadas e as pessoas acabam jogando seu lixo no chão ao lado dessas lixeiras e a cidade fica um verdadeiro lixo.

E é claro, como não poderíamos deixar de comentar, sacos de lixo oxi-biodegradáveis, por favor secretário. Esses sacos podem ser reciclados e se não forem, em 18 meses já terão se degradado, ao contrário do saco de lixo comum que demora 500 anos poluindo o planeta.

Ah, secretário, caso você não saiba – óbvio que não sabe – Maringá foi o primeiro município do país a ter lei para o primeiro setor utilizar somente saco de lixo oxi-biodegradável na administração direta e indireta. Tem lei, viu, respeite a lei.

Não reclame secretário, essas são críticas construtivas e mais, uma solução para o problema no lixo das ruas de Maringá.

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Em 2009, oito foram multados

Em 2009, os fiscais sanitários da secretaria de Saúde multaram oito estabelecimentos por descumprimento da lei antifumo. Nenhum fumante foi multado. Ao todo, foram feitas 624 visitas a bares e casas noturnas no centro e em bairros de Maringá.

De acordo com o secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi, o principal objetivo da atuação dos fiscais — desde 2007, um ano depois da criação da lei municipal — é orientar os proprietários de casas noturnas, bares, lanchonetes e restaurantes a cumprir a lei, em vez de aplicar penalidades.

Segundo Nardi, os 20 fiscais da Secretaria Municipal de Saúde têm recebido respostas positivas nas adequações necessárias, ainda que alguns empresários tenham demorado mais para ajustar o dia a dia do estabelecimento às exigências legais. Além deles, somente os fiscais sanitários da 15º Regional de Saúde podem multar os infratores das leis antifumo.

Sindicato

A advogada do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Maringá, Luziana Pedroso de Almeida, informa que o cumprimento da lei tem provocado situações constrangedoras.

No ano passado, um dos associados procurou o sindicato buscando orientação para saber como proceder com os clientes que atravessam a rua para fumar nos canteiros centrais próximos ao bar.

“Nossa atuação se limitou ao esclarecimento da legislação, mas ninguém cogitou a possibilidade de sugerir a instalação de cinzeiros coletivos na rua. A grande preocupação dos empresários é dizer ao cliente que ele não pode fumar nem na calçada”, revela.

Repetindo, se a prefeitura fizer seu serviço, que é colocar lixeiras em toda a cidade – dever básico da prefeitura – ninguém precisaria ter que reinventar a roda e falar de soluções mirabolantes para as bitucas. O fumante iria usar as lixeiras e se não usassem, multa neles.

Proprietário

José de Oliveira, 50 anos, fuma desde os 15. Para ele, poder comprar o cigarro dentro do bar mas ser impedido de fumar na calçada em frente a ele é a maior das contradições. “Já que é para resolver, porque não se proíbe logo a venda de cigarro?”, questiona o aposentado.

Do lado de fora do bar que frequenta na Vila Operária, Oliveira reclama da falta de lixeiras nas ruas e confessa que, na ausência delas, joga as bitucas no chão mesmo. “O fumante anda pela cidade toda, não é só na frente da lanchonete que ele precisa da lixeira”, reclama Oliveira.

Lei é para combater a doença

Alessandra Massi Puziol Alves, coordenadora municipal de Saúde Mental, se apressa em dizer que a lei antifumo não é contra o fumante, mas contra a doença.

“Essa separação tem de estar bem clara, senão fica a impressão que a lei quer punir a pessoa”, diz. Segundo Alessandra, o objetivo será alcançado aliando os obstáculos impostos pela legislação com a divulgação dos malefícios provocados pelo fumo.

A psicóloga lembra que tanto o tabaco quanto outras drogas despertam o prazer, tornando a proibição pura e simples ineficaz. “Qualquer usuário de droga tem de ter estar consciente de que os malefícios são muito maiores do que os benefícios”, observa.

O tratamento para deixar de fumar é oferecido nas 25 unidades básicas de saúde e no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CapsAd) e segue as diretrizes do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os fumantes são distribuídos em grupos que se reúnem uma vez por semana durante um mês. Passada essa fase, o paciente é acompanhado por um ano em encontros quinzenais com a equipe de saúde.

Segundo a coordenadora de saúde mental, as reuniões potencializam o tratamento porque permitem a troca de experiências. “Largar o cigarro envolve mudança de hábitos e valores de vida para eliminar as dependências emocional e física que dominam o fumante”, diz Alessandra. Estudos comprovam que é muito raro o paciente ter sucesso no primeiro tratamento a que é submetido. “As recaídas são previstas e ocorrem com mais frequência do que gostaríamos”, conta.

Entre os pacientes atendidos na rede pública há aqueles que estão buscando ajuda pela quarta vez. Alessandra comenta que é preciso trabalhar também com a frustração do profissional que está na linha de frente do tratamento, que veem o grupo começar com 25 pessoas e terminar com duas. “Se, ao final de um ano, conseguirmos fazer com que só um paciente tenha largado o cigarro, já valeu. Pensamos mais em qualidade do que em quantidade”, afirma Alessandra.

Fonte – O Diário do Norte do Paraná de 21 de janeiro de 2010

Juliana Daibert – daibert@odiariomaringa.com.br

Foto –  hegarty_david

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