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Controle biológico de pragas e doenças avança no país

Por Mauro Zafalon – Folha – 25 de maio de 2022
Novas exigências do mercado consumidor, uso de tecnologias de baixo risco, boas práticas agrícolas e agricultura regenerativa estão impulsionando a produção de produtos de controle biológico de pragas e doenças.
O mercado mundial de produtos biológicos movimentou US$ 5,2 bilhões em 2020, 8% do valor dos químicos.
A taxa de crescimento anual desse setor é de 13%.
Com forte tendência de evolução, deverá movimentar US$ 11,1 bilhões em 2025.
Europa e América do Norte, com quase um terço para cada uma, são os grandes participantes desse setor.
A América Latina detém 15%, mas com taxa de crescimento de 18% ao ano.
Um dos destaques é o Brasil, cuja evolução anual chega a 33%.
Os dados são da consultoria IHS Markit e foram apresentados por Marcelo Poletti, engenheiro agrônomo e CEO da Promip, empresa ligada ao setor, no 9º Congresso Brasileiro de Soja realizado pela Embrapa Soja em Foz do Iguaçu.
As lavouras de soja passam a ser uma das grandes beneficiárias desses novos insumos no Brasil.
Novas técnicas de aplicação, como o uso de drones, facilitam a colocação desses produtos no campo.
Poletti diz que um drone, em apenas uma hora, faz aplicação em até 50 hectares, uma missão bem mais fácil do que no sistema anterior, quando o trabalho de soltar vespinhas no campo era feito manualmente pelo agricultor.

 

O Brasil tem um futuro promissor no controle biológico, principalmente devido à utilização na soja, segundo Wagner Bettiol, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e um dos participantes do livro “Bioinsumos na Cultura da Soja”, da Embrapa.

Vários fatores explicam o crescimento rápido desse setor, segundo Poletti. Vão de questões políticas e comerciais a técnicas.

Entre eles estão uma pressão para baixo risco na produção, necessidade de um manejo integrado, agricultura de baixo carbono e agricultura regenerativa.

Além disso, a resistência cada vez maior de pragas e de plantas invasoras aos produtos químicos abre as portas para os biológicos, afirma Poletti.

Para Amália Cristina Piazentin e Leila Campos Vieira, engenheiras agrônomas da CropLife, e também participantes do livro da Embrapa sobre bioinsumos, os produtos de base biológica podem compor com os químicos em diferentes e eficientes estratégias para o controle integrado de plantas e de pragas.

Na avaliação delas, a crescente pressão do mercado consumidor, exigindo produtos mais saudáveis provindos do campo, aceleram essa opção pelos bioinsumos na produção.

Para Poletti, preocupações com o clima e regulamentações na Europa são propulsoras do uso desses produtos.

Além disso, os crescentes custos nas lavouras também entram nesse cálculo.

O Brasil já movimenta R$ 2,34 bilhões por ano com produtos biológicos, conforme dados da consultoria Blink encomendados pela CropLife, que reúne as empresas do setor.

Em 2030, serão R$ 9,1 bilhões.

Pelo menos 55% dessa movimentação do setor é com as lavouras de soja, principalmente no tratamento de sementes e nas aplicações no sulco de semeadura.

A soja é o produto que ocupa a maior área de grãos no país.

Nesta safra, foram 41 milhões de hectares.

Cana-de-açúcar e milho também são importantes na utilização dos biológicos.

Poletti afirma que está cada vez mais difícil o registro de um produto químico, o que abre as portas para o biológico.

Com os 20 defensivos de controle biológico registrados pelo Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (25), os produtos de baixa toxicidade para controle de pragas já somam 545, produzidos por um número superior a 130 empresas, muitas delas de pequeno porte.

O tempo médio de registro de 14 meses também é um ponto positivo para os biológicos, em relação aos químicos, segundo o CEO da Promip.

Ele destaca, ainda, a diversificação de produtos, mais empresas no setor, grandes áreas de cultivo e o aumento de produção dentro das próprias fazendas.

Há uma busca pela redução dos químicos no manejo integrado de pragas.

​Poletti, o pesquisador da Embrapa e as engenheiras agrônomas da CropLife concordam que o cenário é favorável para os bioinsumos, mas o setor também passa por desafios, que vão desde o aprimoramento da qualidade a mais investimentos em pesquisas.

Bettiol afirma que há a necessidade de maiores investimentos em pesquisas e desenvolvimento de produtos, mas os recursos estão limitados.

Os especialistas concordam também que há uma necessidade de colocar um foco maior no desenvolvimento de bioherbicidas para o controle de plantas invasoras.

Entre os desafios está também o de melhorar a formação dos profissionais que atuam no setor de controle biológico.

A produção desses insumos vem crescendo muito inclusive nas próprias fazendas.

É necessária, ainda, uma formação adequada de engenheiros agrônomos e florestais para que compreendam melhor o funcionamento dos agroecossistemas.

Os bioinsumos são produtos de origem vegetal, animal ou microbiana que interferem no crescimento e no desenvolvimento das plantas.

O controle biológico é a utilização de um organismo para reduzir a densidade populacional de outro.

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