O estudo avaliou 69% das superfícies existentes na cidade carioca onde seria possível instalar telhados verdes. Foram considerados somente os telhados com inclinação inferior a 5 graus, que são mais viáveis – em custo e nível de dificuldade – para receber os sistemas de cobertura verde disponíveis hoje no mercado.
A conclusão a que se chegou foi que 1.383 hectares de telhados são adequados para receber tais sistemas. Se estes espaços fossem usados para cultivar alimentos, a produção seria suficiente para suprir a demanda anual de vegetais de 39,2% dos habitantes da cidade.
Imagem do teto do Shopping Eldorado em São Paulo
Dados relevantes
Confira abaixo os pontos de destaque do estudo:
– Com base em um rendimento de produtividade de 15 kg/m²/ano, se a cidade transformar apenas 53% da sua paisagem de telhados planos em jardins de cobertura, forneceria legumes suficientes para alimentar anualmente todos os habitantes das favelas (aproximadamente 1,4 milhões de habitantes);
– A comunidade “Vila Kennedy” apresenta o maior número de telhados planos: 22,5% da superfície total dos telhados é plana, o que representa 12,7 hectares de telhados;
– O distrito “Cidade de Deus” é a comunidade com a segunda maior quantidade de telhados planos: 17,6% da paisagem do telhado é plana, o que representa 11,4 hectares;
– As zonas de “muito alto potencial de cobertura plana” (≥ 64’000 m² por quadrícula) são exclusivamente em áreas onde a densidade populacional é alta ou muito alta (> 12’000 hab/km²). Isso mostra que a agricultura em telhados poderia ser direcionada nessas zonas-chave e beneficiar uma alta densidade de consumidores em uma distância relativamente curta, fornecendo alimentos locais e frescos diretamente para as residências.
Benefícios dos telhados verdes
Foto: CC0 Public Domain
Ter frutas e legumes ao alcance das mãos facilmente contribuiria para reduzir a insegurança alimentar, uma realidade presente em comunidades mais pobres. Isso por si já seria razão suficiente para apoiar projetos de agricultura urbana.
Mas os benefícios são ainda mais coletivos. Os telhados verdes ajudam a reduzir “ilhas de calor” urbano, reduzem emissões de CO2, por meio do próprio plantio e também pelas distâncias evitadas no transporte de alimentos, resfriam ambientes e até ajudam a reduzir inundações ao funcionarem como esponjas que retêm água. Além disso, criam um habitat amigável para polinizadores essenciais para a produção de alimentos – formando um ciclo harmonioso com a natureza.
Pesquisa
O levantamento aéreo escaneado a laser foi realizado pela pesquisadora Dra. Maeva Dang, da Universidade de Tecnologia de Viena, com o apoio do Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura do Rio de Janeiro. Os dados resultaram no estudo intitulado “Potencial de Telhados Verdes na Cidade do Rio de Janeiro” (em inglês) e em um mapa digital.
“O tipo de parceria que estabelecemos com a Dra. Maeva Dang e seus colaboradores na UNIRIO é exatamente o que buscamos quando recebemos contatos de pesquisadores buscando dados sobre a cidade – construção conjunta de conhecimento e disponibilização do mesmo para o público em geral, em benefício da cidade”, afirma Felipe Mandarino, coordenador técnico de Informações da Cidade do IPP.
O que plantar?
Aos que se animaram com a proposta, o estudo também listou plantas comestíveis recomendadas para os telhados:
– Para jardins de cobertura com profundidade de solo entre 20 e 30 cm:
Orégano, Hortelã, Tomilho, Melão de São Caetano, Melancia, Abóbora, Boldo do Chile, Trapoeraba, Beldroega, Hortelã-pimenta.
– Para jardins de cobertura com profundidade de solo superior a 30 cm, é possível cultivar mais espécies vegetais, como por exemplo: Rúcula, Manjericão, Alecrim, Couve, Salsinha, Cebolinha, Erva-cidreira.
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