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Depois de décadas de consumismo, está na hora de limpar os plásticos do planeta

Para salvar suas águas, UE paga ‘pescadores de plástico’

Projeto foi lançado na França na sexta-feira e pretende limpar os mares da Europa, além de oferecer uma nova fonte de renda aos pescadores

A União Europeia, tão criticada no aspecto econômico, conseguiu surpreender em uma medida voltada para o meio ambiente. A Comissão para Assuntos Marítimos e Pesca da UE decidiu pagar para que pescadores capturarem plástico nos mares da região. A decisão vai resolver dois problemas. Primeiro, o dos profissionais que atingem a cota máxima de pesca – instituída para preservar a vida marinha local. Com a medida, eles conseguirão outra fonte de renda enquanto não podem retomar suas atividades. Segundo, o das baleias. O fato é que elas comem sacolas de supermercado jogadas ao mar confundindo-as com plâncton, por exemplo. O aparelho digestivo dos animais vai se enchendo até ficar completamente obstruído. Impedidas de absorver qualquer alimento, elas acabam morrendo de inanição.

“Nosso plano não é criar uma profissão de pescadores de plástico. Mas fazer com que pescadores tradicionais, que tiverem ultrapassado sua cota mensal, possam recolher plástico nos mares e rios e aumentar sua renda com isso”, explica o porta-voz da comissão, Oliver Drewes. A ideia começou a ser aplicada em pequenos projetos ao redor da Europa até que a comissária da pesca, Maria Damanaki, se encantou pelo conceito. Ela divulgou, então, em abril último, que sua comissão passaria a financiar iniciativas parecidas, por meio do Fundo de Pesca da UE.

Na semana passada, a ONG Waste Free Oceans (Oceanos Livres de Lixo) abraçou a oportunidade e lançou um projeto piloto que vai durar três anos. O empreendimento começará na França, no Mediterrâneo, mas pretende alcançar mais quatro mares da Europa: Báltico, Negro e Mar do Norte. Como outras tantas que a UE espera ver espalhadas pelo continente, essa iniciativa vai reunir investimentos da indústria local e do Fundo. As empresas participarão emprestando aos pescadores equipamentos com valores que variam entre 16.000 e 40.000 euros (36.832 e 92.080 reais), para que eles comecem sua “pescaria”. O Fundo cuidará dos salários. Ainda não se sabe qual será o valor exato da remuneração, mas um projeto parecido, que foi realizado há alguns meses na França, pagava aos pescadores 375 euros (863,25 reais) por tonelada de plástico.

Nesse caso, o preço da tonelada de plástico seria 13 vezes menor do que o de peixes, o que poderia desanimar os pescadores. Contudo, como eles já estariam impossiblitados de pescar por terem ultrapassado suas cotas, os idealizadores do projeto acreditam que o plástico poderia funcionar como uma renda complementar. Há ainda a expectativa de que, com a valorização do mercado da reciclagem, o negócio se torne mais rentável com o tempo.

Os pescadores de plástico – Thierry Thomazeau, pescador há 27 anos, foi um dos primeiros a se inscrever para participar da iniciativa, motivado por seu amor pelo mar. “A pesca me permite curtir o mar que tanto amo e sustentar a minha família ao mesmo tempo. É mais que uma profissão, é um estilo de vida”, conta. Ele se sentiu compelido a ajudar a despoluir as águas após o derramamento de petróleo na costa da França em 2003, apelidado de maré negra. “Foi uma crise de consciência para mim, a partir daí eu decidi me esforçar para coletar detritos e proteger o mar”, conta o pescador. Para ele, a pesca de plástico é mais importante ideologicamente do que financeiramente. “Eu espero que mais pescadores europeus façam o mesmo, sobretudo para mostrar para a sociedade que os pescadores apoiam a proteção ao meio ambiente”.

Os colegas de Thomazeau, a partir de agora, serão selecionados por comitês nacionais e regionais. “Esses pescadores atuarão nas áreas mais prejudicadas das costas, que ainda estão sendo selecionadas. Em junho, pretendemos lançar um braço do projeto na Bélgica; em novembro, na Espanha e na Grécia. A Alemanha também deve entrar em nosso calendário até o final do ano”, diz Alexandre Dangis, membro do conselho da Waste Free Oceans.

Vergonha antiga – Os projetos que serão lançados com o apoio da UE pretendem aliviar um velha vergonha da Europa: a de abrigar alguns dos mares mais poluídos do mundo, como o Báltico e o Mediterrâneo. Uma pesquisa recente da Expedição Mediterrâneo em Perigo revelou que cerca de 250 bilhões de pedaços microscópicos de plástico flutuam nesse mar, ameaçando sua biodiversidade. O peso médio de cada um deles é de 1,8 miligrama, o que totaliza cerca de 500 toneladas de plástico em toda sua superfície – e a pesquisa nem chegou a considerar a poluição das profundezas.

Por ser relativamente isolado dos oceanos, como a maioria dos mares europeus, o Mediterrâneo precisa de um a dois séculos para renovar suas águas completamente. Ou seja: toda a sujeira que cair nele, ficará lá por muito tempo. Ou pelo menos até que os pescadores de plástico possam fazer algo a respeito.

Fonte e imagem – Veja de 23 de maio de 2011

E aí braskem, basf, ou então mesmo vocês, “meninos” da plastivida, que tal financiar a limpeza do plástico de todo o planeta? Afinal, vocês fabricam o plástico e depois fingem que se esquecem que são responsáveis pela destinação pós consumo do lixo plástico, muito conveniente.

Vocês lembram que a máfia do plástico, muito orgulhosa de si mesma, ano passado alardeou que tinha 18.600 milhões de verba para 2010 para convencer o consumidor que o plástico era fantástico? Bem, não conseguiram convencer ninguém, pois as leis estão pipocando por todos os lados para banir as sacolas plásticas de uso único. Então concluímos que eles devem ter grana em caixa ou então jogaram o dinheiro fora, pois estão muito mal de propaganda e alianças políticas.

Bem, se nossa conclusão estiver correta, eles devem ter grana suficiente para financiar a limpeza do lixo que criam e deveriam fazê-lo, ter uma verba milionária todos os anos para pagar catadores e pescadores para limpar o lixo que a mafia cria todos os segundos de todos os dias de todos os anos, desde o século passado. Isso sim seria uma ótima propaganda e não greenwashing, que é só o que eles fazem hoje.

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