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Diante de nova ameaça do Fracking, Toledo se mobiliza para impedir testes da ANP

whatsapp-image-20160602Caminhões vibradores da Global Services, empresa americana contratada pela ANP, que está realizando os testes para realizar aquisição sísmica no Paraná

Lideranças políticas, entidades e moradores da cidade localizada na região Oeste do Paraná não querem correr riscos com a contaminação provocada pela extração do gás de xisto

Mais uma vez, Toledo está mobilizada para impedir que o fraturamento hidráulico, tecnologia altamente poluente para extração de gás de xisto conhecida como Fracking, aconteça na cidade. Prefeito, vereadores, lideranças políticas, religiosas, ambientais e climáticas, sindicatos de produtores rurais e de trabalhadores, empresários e toda a comunidade já foram às ruas diversas vezes para protestar e firmar posição contra o fraturamento hidráulico.

Mesmo sendo uma das primeiras cidades brasileiras a aprovar uma Lei municipal para proibir operações de Fracking, Toledo se vê agora diante de uma nova ameaça. A presença dos caminhões vibradores contratados pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) para aquisição sísmica na região Oeste assustou a população e reacendeu o temor de que os riscos e perigos do fraturamento hidráulico coloquem em perigo a produção agrícola, de suínos e aves para corte, as reservas de água e a saúde das famílias.

Para evitar o pior, o prefeito Beto Lunitti encaminhou à Câmara de Vereadores na tarde desta sexta-feira, 9, um novo projeto de Lei, mais abrangente que o original, para proibir também os testes da ANP. “Será mais uma ferramenta contra o Fracking, que somada à Lei municipal irá proteger definitivamente a nossa gente e nossa cidade desta devastadora tecnologia”, afirmou Lunitti.

dep-ademar-bier-beto-lunitti-e-ademarEm reunião na prefeitura com o presidente da Câmara, Ademar Dorfschmidt, da qual participou o deputado estadual Admir Bier, Beto Lunitti assinou a Mensagem 125/2016 que impede a realização de testes para aquisição sísmica. Foto: Prefeitura Municipal de Toledo

O objetivo é ampliar a legislação, que proíbe a emissão de alvará para empresas de Fracking, o tráfego de caminhões com produtos químicos usados para o Fracking, a queima de gases decorrentes da extração e, por fim, os testes sísmicos. Pela urgência, a expectativa é que na próxima semana a nova legislação seja aprovada antes do recesso.

“Somos uma região de pequenas e médias propriedades rurais, com excelente produtividade, que seriam drasticamente impactadas pelo Fracking, que traz severos riscos ao meio ambiente e à saúde humana e animal. Sem contar que os valores gerados em nossa região pela produção agropecuária e pelo agronegócio nos colocam em patamares altamente favoráveis, não se fazendo necessária essa exploração em nossa cidade”, assegurou Tika Zilmer, engenheira agrônoma e voluntária da campanha Não Fracking Brasil.

Impactos dos testes

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Segundo Juliano Bueno de Araujo, coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida, “os testes feitos pelos caminhões vibradores geram uma série de tremores, terremotos induzidos, que embora de baixa magnitude, provocam rachaduras em edificações”.

Ele lembra que em dezembro do ano passado, os mesmos testes foram realizados na região de Londrina, provocando inúmeros prejuízos em casas nas cidades de Arapongas e Cambé e assustando os moradores de várias cidades da região Norte.

O fundador da COESUS alerta que o período médio de pesquisa é de 7 a 10 anos e permite perfurações para testes, que em alguns Estados chegam a 300 poços. “É quando se dá a contaminação química e radioativa, pois a diferença básica da pesquisa e produção comercial é que o produto final não é comercializado”.

Fraturamento hidráulico, ou Fracking, é a tecnologia que injeta no subsolo milhões de litros de água misturados a toneladas de areia e um coquetel com 720 substâncias químicas tóxicas, muitas delas cancerígenas e até radioativas., para fraturar a rocha e liberar o gás. Parte desse coquetel permanece no subsolo e chega aos aquíferos. A outra parte retorna à superfície e contamina rios, o solo e o ar, provocando doenças como câncer nas pessoas e eliminando a biodiversidade.

Mobilização popular

toledo-1População de Toledo nas ruas protestando contra o Fracking

No final de 2013, a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) vendeu blocos para a exploração de gás de xisto em 372 cidades Brasil, sendo 122 somente no Paraná. O leilão do subsolo foi realizado sem o conhecimento dos prefeitos, vereadores, lideranças políticas, religiosas e do setor produtivo, bem como sindicatos rurais e de trabalhadores, academia e entidades ambientais, climáticas e sociais.

Ainda em 2013, foi realizada na Câmara dos Vereadores de Toledo a primeira audiência pública, e passados 3 anos, a população continua engajada. O sucesso e a legitimidade da mobilização em Toledo originaram a Carta do Oeste do Paraná, que faz um resgate histórico das primeiras reuniões e audiências públicas realizadas pela COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – na região, que resultaram na aprovação de leis municipais que proíbem a exploração do gás de xisto através do fraturamento hidráulico. O documento serve de parâmetro para que outras cidades também promovam o banimento da tecnologia minerária. Atualmente, aproximadamente 200 cidades brasileiras já proibiram o Fracking no Brasil.

Fonte e fotos – Silvia Calciolari, COESUS/350Brasil de 09 de dezembro de 2016.

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