Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Em dia dos oceanos, ONU celebra compromisso para proteger 62% dos litorais contra poluição plástica
Baleias-jubarte. Foto: Flickr (CC)/Christopher Michel
No Dia Mundial dos Oceanos, lembrado neste 8 de junho, o chefe da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, comemorou a adesão nesta semana de oito novos países à campanha Mares Limpos, iniciativa para proteger as águas salgadas do mundo contra a poluição plástica. Com isso, chegou a 51 o número de nações envolvidas com a estratégia das Nações Unidas, lançada em fevereiro de 2017. Juntos, países respondem por 62% de todas as costas do planeta.
Segundo o Solheim, a Mares Lipmos é agora o maior pacto global para combater o lixo marinho. Entre os novos apoiadores, está a Índia, sede oficial das celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), que teve o tema #AcabeComAPoluiçãoPlástica. O gigante asiático se comprometeu a banir todos os plásticos descartáveis até 2022. A nação também prometeu fazer uma inspeção de todo seu litoral, com o apoio da campanha da ONU.
Na Nigéria, um dos dez países que mais polui a natureza com plástico, serão criadas 26 centros de reciclagem do material. A medida é parte das metas firmadas pela nação africana junto à Mares Limpos. Solheim se encontrará hoje com oficiais do governo nigeriano, para discutir futuras ações conjuntas.
Argentina, Costa do Marfim, Emirados Árabes Unidos, Honduras, Guiana e Vanuatu também se uniram à campanha da ONU.
“Existe agora mais impulso do que nunca para acabar com a poluição plástica e proteger os oceanos que todos compartilhamos contra a maré de plástico descartável”, afirmou Solheim.
“Ver tantos países se apresentando para a luta, unindo-se à campanha Mares Limpos, significa que estamos todos caminhando rumo a oceanos mais saudáveis, que sejam livres de poluição e cheios de vida.”
A ONU Meio Ambiente lembrou que, também nesta semana, os chefes de Estado dos países do G7 estão reunidos no Canadá para sua cúpula anual. Na pauta das potências, estão os problemas relacionados aos oceanos, como a poluição plástica, a sobrepesca, a elevação do nível do mar e a resiliência de comunidades costeiras.
Mais de 30 agências da ONU contra o plástico descartável
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que 80% da poluição marinha vem do continente — incluindo 8 milhões de toneladas de plástico por ano. Para o dirigente máximo das Nações Unidas, isso “entope cursos d’água, prejudica comunidades que dependem da pesca e do turismo, mata tartarugas e pássaros, baleias e golfinhos, e encontra meios de chegar às áreas mais remotas do planeta e a toda a cadeia alimentar de que em última análise nós dependemos”.
Guterres convocou todos os cidadãos a se mobilizar pelo fim do lixo plástico.
“Ações começam em casa e falam mais alto do que palavras. As Nações Unidas visam dar o exemplo, e mais de 30 das nossas agências agora já começaram a trabalhar para acabar com o uso de plástico descartável. Mas todos precisam fazer a sua parte”, afirmou o secretário-geral.
“Você pode fazer a diferença hoje — e todos os dias — fazendo coisas simples, carregando sua própria garrafa de água, caneca de café e sacolas de compras, reciclando o plástico que você compra, evitando os produtos que contêm microplásticos e se voluntariando para limpezas (de praia) locais”, completou Guterres.
Oceanos absorveram 93% do excesso de calor do efeito estufa
Também por ocasião do dia internacional, a chefe da UNESCO, Audrey Azoulay, lembrou que os mares são essenciais para a manutenção da vida no planeta. Os oceanos fornecem mais de 60% dos “serviços ecossistêmicos”, a começar pela produção da maior parte do oxigênio e pela regulação do clima. Nos últimos 50 anos, as águas salgadas do mundo absorveram 93% do excesso de calor ligado ao agravamento do efeito estufa.
Mas a saúde dos mares está em risco, enfatizou a dirigente, devido à superexploração de recursos, como a sobrepesca, à poluição e ao aumento da absorção de gás carbônico. “Aquecimento global, acidificação, zonas mortas, proliferação de algas nocivas e degradação do ecossistema são fenômenos que refletem o impacto das atividades humanas no oceano”, afirmou Audrey.
A diretora-geral da UNESCO chamou atenção para a descoberta em 2018 de uma nova zona morta, no Golfo de Omã. A área é maior do que a Escócia e continua se expandindo. O fenômeno ocorre quando a vida marinha sofre um processo de asfixia, com níveis dramaticamente baixos de oxigênio.
Audrey também alertou para o despejo de plástico nos mares. Atualmente, esse tipo de resíduo é lançado no oceano a uma taxa de um caminhão cheio por minuto. São 8 milhões de toneladas pro ano. “Parte desse lixo se concentra em áreas do oceano chamadas de giros, ocasionados pela circulação das correntes oceânicas”, explicou a chefe da agência da ONU.
“Apesar disso, existem soluções para combater tais desastres. Lugares nos quais a destruição foi interrompida voltaram a ter vida. O meio ambiente marinho é capaz de demonstrar resiliência, se nós permitirmos a sua recuperação das pressões antropogênicas, por meio da boa gestão de seus ecossistemas.”
Audrey elogiou a resolução da Assembleia Geral da ONU que proclama a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, em 2021-2030. Aprovada no ano passado, medida visa ampliar investimentos destinados a essa área de pesquisa, que recebe somente 4,5% dos recursos públicos disponibilizados para as ciências naturais.
“Nenhum país sozinho é capaz de mensurar as mudanças que ocorrem no oceano, nem de limpá-lo e protegê-lo. Por meio da cooperação internacional, da transferência de tecnologia e do compartilhamento de conhecimentos, nós podemos ter sucesso no desenvolvimento de políticas favoráveis ao meio ambiente, que promovam o crescimento sustentável com base no oceano”, completou a chefe da UNESCO.
Fonte – ONU Brasil
Boletim do Instituto IDEAIS de 08 de junho de 2018
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