Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Ensine seu filho a proteger o planeta
Ecomãe, ecofilho! O gene ecológico pode ser transmitido entre gerações – e essa corrente já está mudando o mundo. Confira e plante a ideia em sua casa também
As mães, unidas, jamais serão vencidas! Até porque contam com um exército forte e saudável, em plena expansão: seus filhotes. Essa força promete mudar o mundo, como mostram as organizações canadenses Environmental Defense e Forest Ethics, criadoras do projeto “Moms Against Climate Change”, e o Greenpeace do Brasil com a campanha “Mães pelo Clima”. No site oficial da casa, vem a explicação: “Só uma mãe consegue olhar tanto à frente, porque ela pensa no bem-estar dos filhos. É preciso ter cabeça de mãe para compreender que estamos abusando demais da mãe de todos, a Terra”. No ano passado, progenitoras de todo o mundo fizeram barulho em Copenhague, durante a Conferência pelo Clima (COP15), onde apelaram aos grandes líderes mundiais por um planeta me lhor. Elas têm moral, pois já arregaçaram as mangas.
“Para mim, a consciência verde chegou na primeira gravidez. Mudei meu comportamento para dar bom exemplo aos meninos”, conta a agente de modelos Milena Paes de Barros, 40 anos, mãe de Pedro, 10 anos, e Lucas, 2. Ela não está sozinha. “Sempre amei os animais e, aos 10 anos, virei vegetariana por vontade própria. Mas foi quando minha filha nasceu que meu lado ecológico ficou mais forte. Decidi comprar um terreno que tem uma pequena floresta para ela ter maior contato com a natureza”, revela a publicitária Luciana Haguiara, 38 anos, mãe de Lorena, hoje com 6. A casa delas foi construída de modo sustentável. “Minha preocupação era ter luz natural interna até o escurecer, fazer um sistema de captação de água de chuva e aquecimento com energia solar, além de usar móveis herdados ou de madeira certificada”, diz. Recentemente, o lar ganhou uma composteira. Luciana explica: “Para montar, basta colocar uma camada de terra com húmus em um engradado fechado, cobrir com lixo orgânico e depois com outra camada de terra. O lixo decomposto vira terra adubada para usar no jardim”.
Sem desperdício
Por causa do aquecimento global, o kit básico das atitudes ecologicamente corretas é conhecido: reduzir, separar e reciclar lixo; evitar qualquer tipo de desperdício; diminuir o uso do automóvel em prol da carona, da bicicleta e dos transportes coletivos; preferir alimentos sem agrotóxicos. Mas as mães tentam ir além. “Em casa, mudamos os critérios de consumo, as compras são pautadas pela necessidade. Meu filho cresceu assim, e isso já faz parte dos seus hábitos”, conta a psicóloga Carmen Liz Vieira de Souza, 48 anos, mãe de Francisco, 13. Também levamos a sério a economia e o reaproveitamento de água. Meu chuveiro é a gás e, enquanto a água não esquenta, eu a deixo cair em um balde, que vai para a máquina de lavar roupa, cujo enxágue serve para lavar a varanda. Até a água limpa usada na limpeza da verdura a gente guarda e reutiliza”, ensina Carmen.
As escolas podem ser aliadas na luta verde. Milena, por exemplo, doa os livros de Pedro ao colégio e evita adquirir novos. “No início de cada ano, compramos por 5 reais os títulos deixados pela turma anterior.” Seu conselho para economia de papel: “Troque os cadernos por monoblocos e fichários. Assim, as folhas que sobrarem ficarão para o próximo ano”. Na família dela, também se costuma dar as roupas dos irmãos ou primos mais velhos para os mais novos. “Um sobrinho que mora em Boston é fã do Pedro e adora herdar as roupas dele.” Para a advogada Fernanda Meirelles, 32 anos, mãe de Tomás, 5 meses, “vale a pena conhecer os brechós infantis – a oferta é grande, pois bebês perdem roupa rápido”. Para quem não conhece o caminho das pedras no consumo de usados, Juliana Sodré, 34 anos, recomenda fuçar na internet. “Comprei o carrinho do meu filho no Mercado Livre”, diz a empresária, mãe de Antonio, 3 meses.
Para uma prole saudável, as mães redobraram o cuidado com a alimentação. Enquanto a horta que a pequena Lorena começou a plantar com a mãe não fica pronta, a solução é comprar orgânicos. “Mesmo sendo mais caros, acho que vale. Nunca compramos morango, tomate, alface e milho se não forem orgânicos. Eles absorvem mais agrotóxicos”, afirma Lucia na, que também é adepta da carne e da salsicha de soja. Na casa de Milena, enquanto os filhos eram bebês, eles comiam muita fruta e verdura e nada de açúcar, gordura e fritura. “Até os 2 anos, o organismo está em formação, por isso achei importante ser mais rigorosa com o cardápio nessa fase.” Na mesa de Carmen, o adolescente Francisco é estimulado a montar o próprio prato – aí não tem desculpa para deixar sobra.
Comer e conviver
As refeições em família fazem parte da etiqueta ecológica das mães modernas, para quem o respeito à natureza inclui o convívio humano. Por isso, e para poupar energia, o uso da televisão e do computador é controlado. “Durante a semana, o Pedro tem uma hora por dia no computador e uma hora na televisão”, conta Milena. Esse é o mesmo limite colocado para Lorena, moradora de São Paulo, assim como Pedro. A menina não reclama, adora ficar no quintal brincando com seu cachorro, um vira-lata recolhido da rua. Seu amor pela natureza é compartilhado com os amigos – em suas festas, as lembrancinhas podem ser um vaso de violeta ou um kit para plantar sementes. “No próximo aniversário, ela vai levar uma turma de colegas ao Instituto Butantã e fazer um acampamento no jardim de casa”, conta a mãe, orgulhosa.
Já o programa preferido de Pedro é piquenique no Parque do Ibirapuera, quando ele pode se esbaldar subindo nas árvores e rolando na grama. “Todo o lixo que é gerado no passeio volta para a cesta e é reciclado em casa”, garante Milena, que mora em apartamento e vê no clube e nos parques públicos ótimas opções de lazer.
Quem cresce numa casa com hábitos sustentáveis não apenas adquire naturalmente o comportamento eco como cobra isso das outras pessoas. É comum ver crianças chamando a atenção de adultos. “O Francisco outro dia reclamou que eu deixei a geladeira muito tempo aberta”, confessa Carmen. Já Pedro, sem querer, chamou a atenção da amiga da mãe: durante uma visita, perguntou onde podia jogar o pote do iogurte e não gostou de saber que lá o lixo não era reciclado. Mãe eco, filho eco. A transmissão do amor pela Terra é um dos “genes” mais preciosos para a geração que es tá crescendo no século 21. Afinal, o mundo será deles.
Conselhos de mães para criar filhos sustentáveis
Mais do que fazer grandes discursos, as mães acham que o melhor é dar bons exemplos às crianças e adolescentes. Selecionamos alguns que podem ser adaptados ao seu cotidiano.
– Respeite e ame os animais, as plantas e o próximo.
– Se quiser um cachorro, procure adotar em vez de comprar.
– Faça uma horta, plante árvores ou simplesmente cuide de vasinhos em casa – qualquer opção ensinará a garotada como é o ciclo vital das plantas, aumentando o respeito pela Terra.
– Reduza, separe e recicle o lixo em casa. Durante passeios, procure as lixeiras recicláveis; ou leve um saquinho, para trazer o lixo de volta para o seu sistema de reciclagem doméstico.
– Prefira ecobag em vez das sacolinhas plásticas.
– Jogue óleo de cozinha e pilha em postos de coleta apropriado.
– Faça uma composteira em casa. Existem instituições e sites que ensinam o passo-a-passo. Inclua as crianças e adolescentes nessa pesquisa.
– Feche a torneira quando escovar os dentes, lavar o cabelo e ensaboar o corpo.
– Recicle água. Coloque um balde em baixo do chuveiro para coletar a água limpa enquanto ela esquenta. Esta água pode ser usada na máquina de lavar roupa, regar plantas, lavar o piso, etc.
– Nunca uso o esguicho de água para varrer as calçadas.
– Desligue da tomada os eletrônicos e eletrodomésticos quando não estiver usando.
– Prefira sempre lâmpadas e eletrodomésticos econômicos.
– Limite o tempo de uso da televisão e computador.
– Prefira alimentos locais e orgânicos livres de agrotóxicos.
– Consuma de maneira consciente: pense duas vezes antes de comprar qualquer coisa nova.
– Recicle roupa, brinquedos e material escolar entre irmãos, primos e amigos.
– Visite brechós infantis quando precisar comprar roupas para a garotada.
– Compre pela internet artigos de segunda mão.
– Prefira andar de bicicleta, à pé, usar transporte público, pegar carona… ou comprar carro com combustível híbrido.
– Ao construir ou reformar a casa: opte por energia solar e sistema de captação de água da chuva.
– Nos aniversários, prefira lembrancinhas e presentes sustentáveis, como sementinhas ou um vaso de plantas.
– Elimine ou diminua ao máximo qualquer produto descartável no seu cotidiano. Por exemplo: coloque 1 canequinha na mochila escolar e ensine o seu filho a usá-la e limpá-la. Isso economiza milhares de copinhos ao longo do ano.
– Valorize o contato com a natureza com programas como uma visita ao zoológico, um passeio ao ar livre, um piquenique no parque, férias na praia ou na montanha, etc.
– Estimule o convívio: relacionar-se com as pessoas da família e da comunidade é o melhor jeito de vivenciar o respeito ao outro, a tolerância e também a riqueza da partilha.
Fonte – Alice Lobo para a Revista Cláudia
Foto – Liz. 🙂
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