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EPA diluiu importante estudo sobre Fracking para minimizar riscos de contaminação da água

Um novo e impressionante relatório do Marketplace e APM Reports revela que os principais funcionários da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) fizeram mudanças críticas de última hora na avaliação de um importante estudo sobre o Fracking para atenuar claras evidências de que o polêmico processo de perfuração contamina o abastecimento de água do país

Já vimos como o Fracking e água potável não se misturam, e mesmo versões anteriores de avaliações da EPA afirmaram que vazamentos são um problema. Mas em 4 de junho de 2015, a agência divulgou um relatório e materiais de imprensa correspondentes com a enganosa afirmação de que “não há nenhuma evidência que o Fracking seja responsável por sistêmicos ou generalizados impactos sobre os recursos hídricos”.

As operações de Fracking em Dimock, Pensilvânia contaminaram o abastecimento de água local. Foto: FlickrAs operações de Fracking em Dimock, Pensilvânia contaminaram o abastecimento de água local. Foto: Flickr

A rotação pró-fracking da EPA confundiu muitos peritos e cientistas e contradisse o que muitos fazendeiros estavam vendo em sua água contaminada. Os principais meios de comunicação também vieram com manchetes que colocaram o Fracking em evidência, como o New York Times: “Fracking não teve grande efeito sobre o abastecimento de água, diz EPA ao notar riscos”; a National Public Radio (NPR) afirmou que “EPA não encontra nenhuma poluição de água potável generalizada de Fracking”. E a CNN colocou na tela.

Enquanto isso, a empresa Big Oil e Gas aplaudiu o relatório da EPA, usando-o para promover mais perfurações. Erik Milito, diretor do Instituto Americano do Petróleo, disse ao New York Times que a EPA confirmou que “o fraturamento hidráulico está sendo feito com segurança sob a sólida administração ambiental dos reguladores estaduais e das melhores práticas da indústria”.

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No entanto, fica agora evidente que os funcionários da EPA da administração Obama fizeram edições de última hora nas conclusões do relatório, bem como no material de imprensa correspondente, que claramente minimizaram as evidências da contaminação da água causada pelo fracking.

Como a Marketplace e APM Reports explicaram o estudo:

“Não está claro quem inseriu ou ordenou o novo fraseado. Mas os e-mails adquiridos através do Freedom of Information Act mostram que os funcionários da EPA, incluindo os assessores de imprensa, se reuniram com assessores-chave do presidente Obama para discutir a estratégia de marketing um mês antes do lançamento do estudo. Também mostram as pessoas de relações públicas da EPA trocando uma enxurrada de mensagens entre as 16 e as 23 horas na véspera do lançamento do estudo.

A autenticidade dos documentos – antes e depois das mudanças – foi confirmada independentemente por três pessoas com conhecimento do estudo.

Em entrevistas com 19 pessoas familiarizadas com a pesquisa, alguns caracterizaram a linguagem ‘(não) generalizada e sistêmica’ como uma ‘conclusão bizarra’ e ‘irresponsável’. Outros disseram que ficaram “surpresos e desapontados” que altos funcionários da EPA usaram a frase e disseram que não tinham ideia de que ela se tornaria a manchete até que ela saiu”.

A imagem abaixo mostra que o comunicado de imprensa da EPA – que condensou o relatório de 1.000 páginas num resumo ‘sistêmico e não difundido” – foi alterado um dia antes de o relatório ser tornado público.

ecowachProjetos de boletins de imprensa que acompanham a tão aguardada avaliação de Fracking da EPA foram alterados para tornar mais o Fracking mais ‘amigável’ antes da avaliação ser lançada. Reprodução

Grupos de conservação há muito suspeitam de alguma forma de “intromissão política” com o relatório de contaminação de Fracking.

“Nós já suspeitamos há meses que a Casa Branca manipulou as manchetes e as conclusões sumárias de um estudo preliminar para ofuscar os detalhes enterrados dentro de detalhes que confirmam que o Fracking causou numerosos casos de contaminação da água”, disse Wenonah Hauter, diretora-executiva da Water Watch, em resposta ao relatório do Marketplace.

“O relatório de hoje confirma essa intromissão política”, acrescentou. “É hora do governo reconhecer sua intervenção na elaboração do projeto de estudo, e emitir uma versão final que destaque clara e conclusivamente que Fracking realmente causa contaminação da água.”

Hauter está convidando o presidente Obama a se reunir com as comunidades que são mais prejudicadas pelo Fracking e outros projetos de combustíveis fósseis, como o gasoduto em Dakota Acess fortemente contestada que ameaça contaminar a água potável para Standing Rock Sioux na Dakota do Norte.

“Além disso, antes de deixar o cargo, o presidente Obama deve se reunir com pessoas afetadas e ouvir diretamente suas histórias de sofrimento de graves efeitos à saúde relacionados com Fracking”, disse ela. “E ele deve proteger as comunidades que estão diretamente no caminho dos futuros combustíveis fósseis. Ele deve começar protegendo o Povo Sioux permanentemente e tirando o gasoduto Dakota Acess da mesa para sempre”.

Cientistas da EPA estão atualmente revisando o estudo e recebendo comentários do público e do Conselho Consultivo de Ciência da EPA. A versão final do estudo está planejada para ser lançada até o final do ano.

Fontes – Lorraine Chow, EcoWatch / tradução Silvia Calciolari, 350Brasil/COESUS de 07 de dezembro de 2016

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