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Era da gasolina com chumbo chega ao fim, celebra PNUMA

Por Pnuma em 30 de agosto de 2021 – Legenda: O próximo desafio é migrar para veículos com emissões zero. O setor de transporte é responsável por quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas à energia, e deve crescer para um terço até 2050 – Foto: © Jacek Dylag/Unsplash

Quando os postos de gasolina na Argélia pararam de fornecer gasolina com chumbo em julho, o uso de gasolina com o metal pesado teve um fim em todo o mundo.

Esse marco se segue a uma campanha de quase duas décadas pela Parceria global por Combustíveis e Veículos Limpos (PCFV, na sigla em inglês), liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, comemorou o feito como um “marco para o multilateralismo”. “Essa conquista mostra novamente o que podemos realizar quando trabalhamos juntos em vários países e setores para o bem comum”, afirmou.

 

Após uma campanha de 20 anos, o uso de gasolina com chumbo ou gasolina acabou em todo o mundo, inclusive no Chade.  (foto)

Notícias da ONU / Daniel Dickinson – Após uma campanha de 20 anos, o uso de gasolina com chumbo acabou em todo o mundo, inclusive no Chade. (foto)

Desde 1922, o uso de chumbo tetraetila como aditivo de gasolina para melhorar o desempenho do motor tem sido uma catástrofe para o meio ambiente e para a saúde pública.

Na década de 1970, quase toda a gasolina produzida no mundo continha chumbo.

Quando o PNUMA iniciou sua campanha para eliminar o chumbo na gasolina em 2002, tratava-se de uma das ameaças ambientais mais graves para a saúde humana.

2021 marcou o fim da gasolina com chumbo em todo o mundo, após ter contaminado o ar, a poeira, o solo, a água potável e as plantações de alimentos por quase um século.

A gasolina com chumbo causa doenças cardíacas, derrames cerebrais e câncer.

Também afeta o desenvolvimento do cérebro humano, prejudicando especialmente as crianças, com estudos sugerindo que a contaminação reduziu de 5 a 10 pontos de QI entre elas.

Estima-se que banir o uso de gasolina com chumbo evita mais de 1,2 milhão de mortes prematuras por ano, aumenta os pontos de QI entre as crianças, economiza 2,44 trilhões de dólares para a economia global e diminui as taxas de criminalidade.

“A proibição bem-sucedida da gasolina com chumbo é um grande marco para a saúde global e para nosso meio ambiente”, disse a diretora executivo do PNUMA, Inger Andersen.

“Superando um século de mortes e doenças que afetaram centenas de milhões e degradaram o meio ambiente em todo o mundo, estamos revigorados para mudar a trajetória da humanidade para melhor, por meio de uma transição acelerada para veículos limpos e a mobilidade elétrica.”

Campanha bem sucedida

Na década de 1980, a maioria dos países ricos proibiu o uso de gasolina com chumbo, mas até o final de 2002, quase todos os países de baixa e média renda, incluindo alguns membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ainda utilizavam gasolina com chumbo.

O PCFV é uma parceria público-privada que trouxe todas as partes interessadas à mesa, prestando assistência técnica, sensibilizando, superando desafios e resistência de negociantes de petróleo e produtores de chumbo locais, além de investir na modernização de refinarias.

“Quando a ONU começou a trabalhar com governos e empresas para eliminar o chumbo do petróleo, as nações da África Subsaariana abraçaram com entusiasmo essa oportunidade”, conta o ministro de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação de Gana, Kwaku Afriyie.

“Gana foi um dos cinco países da África Ocidental a participar dos primeiros workshops e declarações sub-regionais. Após campanhas na mídia do PCFV, relatórios, estudos, expondo ilegalidades e testes públicos feitos para expor os altos níveis de chumbo no sangue da população, Gana tornou-se cada vez mais determinada a libertar seu combustível do chumbo”.

Próximos desafios

Apesar desse progresso, a frota global de veículos que está em rápido crescimento continua a contribuir para a ameaça da poluição local do ar, da água e do solo, bem como para a crise climática global: o setor de transporte é responsável por quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas à energia, e deve crescer para um terço até 2050.

Embora muitos países já tenham começado a transição para carros elétricos, 1,2 bilhão de novos veículos serão lançados nas próximas décadas, e muitos deles usarão combustíveis fósseis, especialmente em países em desenvolvimento.

Isso inclui milhões de veículos usados ​​de baixa qualidade exportados da Europa, Estados Unidos e Japão para países de renda média e baixa.

Isso contribui para o aquecimento do planeta, polui o ar e pode causar acidentes.

Para Guterres, exemplos de cooperação bem sucedidos como o fim do uso de chumbo na gasolina e o Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio devem servir de inspiração para lidar com a tripla crise que vivemos hoje, com os distúrbios climáticos, a perda de biodiversidade e a poluição.

“Precisamos mudar de combustíveis fósseis para energia renovável. Precisamos de mobilidade global sem emissões. Devemos reformar nossos sistemas de energia, alimentos e financeiros para criar um mundo de paz que trabalhe com a natureza, não contra ela”, defendeu.

“O fato de uma aliança de governos, empresas e sociedade civil apoiada pela ONU ter conseguido livrar o mundo desse combustível tóxico é prova do poder do multilateralismo de levar o mundo em direção à sustentabilidade e a um futuro mais limpo e mais verde”, concordou Andersen.

“Pedimos a essas mesmas partes interessadas que se inspirem nessa enorme conquista para garantir que, agora que temos combustíveis mais limpos, também adotemos padrões de veículos mais limpos em todo o mundo – a combinação de combustíveis e veículos mais limpos pode reduzir as emissões em mais de 80%.”

Além disso, embora agora tenhamos eliminado a maior fonte de poluição por chumbo, ações urgentes ainda são necessárias para interromper essa poluição por outras fontes – como chumbo em tintas, baterias com chumbo e chumbo em utensílios domésticos.

Frosty Morning in Pingjum Friesland, The Netherlands

Manhã gelada em Pingjum Friesland, Holanda. – FOTO: Photostream WMO / Anna Zuidema

O fim da gasolina com chumbo marca um grande progresso antes do Dia Internacional do Ar Limpo para um céu azul deste ano, celebrado no dia 7 de setembro.

Sobre a PCFV

Em 2002, a Parceria por Combustíveis e Veículos Limpos (PCFV) foi criada na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.

O PNUMA hospedou o Secretariado com o objetivo de eliminar a gasolina com chumbo em todo o mundo e forneceu apoio a muitos países e iniciativas regionais.

Na época, 117 países em todo o mundo ainda estavam usando gasolina com chumbo, com 86 países apoiados para eliminar a gasolina com chumbo.

Em 2006, o primeiro grande sucesso foi alcançado – a África Subsaariana ficou sem chumbo. O último país a mudar foi a Argélia em julho de 2021.

Sobre o PNUMA

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é a principal voz global sobre o meio ambiente.

Ele fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que as nações e os povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.

  • 2021 marcou o fim da gasolina com chumbo em todo o mundo, após quase um século de contaminação do ar, da poeira, do solo, da água potável e das plantações de alimentos.
  • A medida evitará mais de 1,2 milhão de mortes prematuras e economizará 2,44 trilhões de dólares por ano.
  • O fim oficial do uso da gasolina com chumbo foi conquistado em julho, quando os posto de gasolina na Argélia foram os últimos a parar de fornecê-la.
  • A conquista só foi possível após uma campanha de 19 anos liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e parceiros.
  • O PNUMA convida agora os países a trabalhar por veículos com emissões zero, de forma a enfrentar ainda mais a poluição do ar e as mudanças climáticas.

 

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