Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Esqueça as águas cristalinas e os peixes. O mar está entregue ao plástico
Algumas praias deixaram de ser paraísos e passaram a ser verdadeiros infernos. Bali é um dos exemplos. São cenários trágicos, que chocam, mas continuam a multiplicar-se
No verão, multiplicam-se sugestões para aproveitar as férias ao máximo. Entre os conteúdos mais partilhados estão listas com algumas das praias mais bonitas do mundo. No entanto, muitas vezes o que a natureza tem para dar já foi estragado pelo homem. É o caso de centenas de praias onde os mergulhos são dados no meio de… lixo. Falamos de casos onde já não há espaço para falar de águas cristalinas, porque estas deram lugar a verdadeiros mares de plástico. Um dos exemplos mais polémicos e dramáticos acontece em Bali, na Indonésia.Em março, um mergulhador chocou o mundo ao partilhar no Youtube e nas redes sociais um vídeo em que nada perto de Bali, num mar onde o que mais se vê é lixo. O material mais visto? “Sacos de plástico, garrafas de plástico, copos de plástico, baldes de plástico, ferramentas de plástico, sacos de plástico, mais sacos de plástico, plástico e plástico. Tanto plástico”, respondeu Rich Horner, na publicação que acabou por ser vista um pouco por todo o mundo.
Com a situação a horrorizar tanto turistas como ambientalistas, muitos começaram a insistir na necessidade de arranjar soluções, já que a poluição começou a afetar várias espécies. A agravar a situação está ainda o facto de a Indonésia produzir cerca de 130 mil toneladas de lixo sólido todos os dias. Com muito plástico no meio, metade chega às lixeiras, enquanto a outra metade é queimada ilegalmente ou atirada aos rios ou ao mar.
Também a República Dominicana tem feito correr muita tinta na imprensa internacional. No mês passado, foi notícia que na praia de Montesinos, em Santo Domingo, foram recolhidas, em apenas três dias, 30 toneladas de plástico. Aquelas fotografias de praias paradisíacas desapareceram e deram lugar a outras que mostram uma realidade muito diferente. Um manto de lixo a boiar no mar foi o que se viu num vídeo partilhado por uma equipa da ONG Parley Oceans, que se dedica à conservação dos oceanos.
“Precisamos de uma onda de mudança e de uma revolução material”, pediu a organização, depois de ter realizado o trabalho de limpeza em conjunto com as forças armadas, elementos da Marinha e ainda cerca de 500 funcionários públicos.
“No passado enviávamos postais de praias mágicas e palmeiras. Agora, são ondas de resíduos plásticos. A menos que façamos alguma coisa já, a geração futura não irá acreditar que os cenários dos postais alguma vez tenham existido. Estamos a pedir uma Revolução Material – o plástico tem de desaparecer”, tem insistido Cyrill Gutsch, fundador desta organização. A verdade é que, depois de publicadas as imagens desta praia, muitas vozes se lhe têm juntado.
Para conseguir ter mais expressão nesta luta contra o plástico, a organização decidiu transformar o plástico recolhido em produtos de consumo. A ideia tem como objetivo maior alertar para a poluição dos oceanos e para a necessidade de começar a mudar rotinas e consciências.
Ao i, Marta Dias conta que, com viagem marcada para Punta Cana, pensou em desistir. Acabou por manter a viagem, mas para outro local: “Vamos na mesma, mas para um local que fica a 180 quilómetros do que estava planeado”.
Dados assustam
Segundo um estudo publicado em março deste ano, quase 80 mil toneladas de detritos de plástico ocupam no oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havai, uma área que equivale a três vezes o território de França. O coordenador do estudo, o investigador Laurent Lebreton, da Ocean Cleanup Foundation, explica que a quantidade de plástico tem vindo a aumentar “exponencialmente” e salienta que é preciso olhar com atenção para os números. Em 1990, a produção de plástico era metade da atual. Dizem os especialistas que, se nada for feito para evitar o consumo deste material, acabaremos por ter mais plástico do que peixe.
Fonte – Sofia Martins Santos, Jornal i de 12 de agosto de 2018
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