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Extremófilos

stan G – “Todos esses mundos são seus, exceto Europa”. Arthur C Clarke, 2010: uma odisséia no espaço.

Luiz Eduardo Cheida

A descoberta, nesta semana, do menor planeta fora do Sistema Solar, reascendeu a milenar polêmica: há vida fora da Terra?

De posse do planeta e seu satélite, que pode conter água em quantidade para abrigar vidas, foi todo mundo logo pensando que é mesmo uma questão de tempo achar gente fora daqui.

Bem, falar em gente é forçar um pouco a barra. Afinal, ninguém em sã consciência imagina que a vida fora daqui seja um retrato humano falado.

Mas, se de fato vida não é só vida humana, para muitos, vida só é possível se o organismo possui célula. Se o ambiente tem oxigênio e água. Se a temperatura máxima é de 40ºC e o pH neutro. O organismo livre de metais pesados. Longe de qualquer radiação. E, protegido dos poderosos raios ultra-violeta. Somos sempre levados a crer que vida é a vida que conhecemos. As variações são possíveis, mas sem radicalizar…

Contudo:

Os vírus são seres vivos e não possuem célula.

O Bacillus infernus, que vive dentro de rochas, a mais de 2 mil metros de profundidade, ou os recentes organismos descobertos na Geleira Taylor, da Antártida, confirmam que a vida pode desprezar o oxigênio.

Tardígrados, animais que não chegam a 2 cm, sobrevivem até 10 anos em ambientes sem umidade.
Os hipertermófilos adoram temperaturas que derreteriam outras formas de vida, se reproduzem a 113ºC e trabalham melhor a 105ºC. Chaminés submarinas, próximas às sua colônias, chegam a 350º C!

Acidófilos convivem em paz com pH de 0,1 (20 vezes mais ácido que água de bateria).

Os metaltolerante deleitam-se em áreas com altas concentrações de metais.

Bactérias radioresistentes, Deinococcus radiodurans, suportam radiações de 1 milhão de rads. As radiações de mil rads das bombas de Hiroshima e Nagasaki mataram em uma semana. Estes organismos suportam mil vezes mais. Irradiadas com 3 milhões de rads, algumas delas ainda escapam!

Tartígrados, que já vivem sem água, são impassíveis à exposição intensa de raios ultra-violeta, que destruiriam o DNA de outros seres em segundos.

Estes seres são extremófilos. Extremófilo é organismo que consegue sobreviver em condições extremas. Às vezes, até necessita delas.

– Me bate, me chuta! – chego a ouvir.

Muitos deles poderiam viver em Titã, a maior lua de Saturno, respirando sua atomosfera de 95% de nitrogênio, alimentando-se de suas lagoas de metano líquido. Outros, estariam confortáveis em Io, satélite natural do planeta Júpiter, onde seus vulcões, além de cuspirem altas temperatura, prato cheio para qualquer hipertermófilo, produzem rolos de enxofre para nenhum microrganismo da antártica Geleira Taylor botar defeito. Ou em Calisto, a lua mais distante de Júpiter, onde halófilos (amantes de sal) estariam em casa, abaixo da camada de gelo de 100 Km de espessura, no mar salgado de 20 mil metros de profundidade.
Poderiam estar em Marte ou além, porque eles não só vivem em lugares difíceis mas, sobretudo, procuram por lugares difíceis. Então, por que razão não seriam seletos candidatos a viagens espaciais?

Acima da estratosfera terrestres, com uma temperatura de -50ºC, praticamente sem oxigênio e com incríveis índices de radiação ultra-violeta e cósmicas, habitam diversas comunidades de microrganismos.

Por que razão não poderiam ter sido lançados no espaço e, tangidos pelos ventos estratosféricos, chegado aos desejados lugares ditos difíceis? E, por que não o contrário? Por que não podem ter vindo destes lugares?

Anaxágoras, 500 a. C, Helmholtz, em 1879 e Svantes Arrhenius, em 1910, nesta ordem cronológica, foram ridicularizados por pensarem assim. Estariam tão errados?

Na casa do Pai há muitas moradas… (João, 14:1 a 3).

Ou, na nossa interpretação, ou salvamos o mundo de nós mesmos ou seremos extintos, dando lugar para outros seres tomarem nosso lugar na ordem natural da evolução das espécies.

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