Por Elton Alisson - Agência FAPESP - 19 de abril de 2024 - Cerca de 90% da…
FUNVERDE comemora mais um aniversário
Escrito por Ana Domingues em 19 de maio de 2010. A Dona Ana nos deixou em 2019, mas seu jeito de escrever ainda está presente. Em 19 de maio de 2023, a FUNVERDE comemorou 24 anos de sua criação pela Dona Ana.
A ONG foi fundada no dia 19 de maio de 1999 para trabalhar em beneficio do planeta e da humanidade e passar do discurso à ação, através do desenvolvimento de projetos, para mostrar para os diversos níveis do governo que era possível agir para transformar o planeta em um lugar melhor para todos viverem.
Quando iniciamos o PROJETO MATA CILIAR FUNVERDE, em 2004, portanto há seis anos, mostramos que que mesmo sem estrutura, mas com muita vontade, um grupo de pessoas pode sim refazer a revegetação dos fundos de vale das cidades.
Hoje temos mais de 30 mil mudas plantadas e muitas já com tamanho de vários metros de altura.
Somente plantamos espécies nativas, com no mínimo 1,5 metro de altura e 25% de frutíferas nativas, para atração de pássaros e animais.
Por não existir no mercado um manual fácil para qualquer leigo que desejasse replantar a mata nativa, criamos o MANUAL DE RECUPERAÇÃO DE MATA CILIAR, com mais de 400 espécies nativas e destas, 100 frutíferas nativas, para atrair animais e aves.
A maioria dos projetos foram criados a partir de outros projetos já em desenvolvimento, pois sempre nos deparamos com novos problemas que acabam gerando novos projetos para resolver estes problemas.
Esses projetos vem sendo replicados em outras cidades no Brasil e no mundo.
É muito bom ver nosso trabalho repercutindo em nível nacional e internacional e vendo outras entidades nascendo e seguindo nosso estilo de trabalho.
Quando em 2000, fizemos a limpeza de algumas ilhas da Reserva de Ilha Grande, após retirarmos quatro toneladas de lixo dos locais, pudemos constatar que havia um problema sério com relação a resíduos sólidos.
Em 2004, enquanto desenvolvíamos o PROJETO MATA CILIAR nos fundos de vale, o problema dos resíduos se mostrou muito maior do que imaginávamos e isso nos fez procurar soluções para um problema que era desconhecido de todos à época e que hoje, graças a nós, todos estão tentando resolver, que são as sacolas de uso único de plástico convencional eterno, aquelas sacolas dos supermercados, padarias, videolocadoras, farmácias, açougues, feiras e varejo em geral que demoram 1 segundo para serem produzidas, são utilizadas em média durante 30 minutos e depois ficam de poluindo o planeta por 500 anos.
Por um problema de educação, as pessoas simplesmente, jogam em qualquer lugar estas sacolas, que com a ação da gravidade, acabam no local mais baixo, poluindo os rios, lagos e oceanos do planeta.
Por isso, em 2004, seis meses após iniciarmos o PROJETO MATA CILIAR FUNVERDE, fomos atrás de uma solução para este problema da plastificação planetária e quando encontramos, fizemos todos enxergarem um monstro silenciosamente destruindo o planeta, devastando rios, lagos e mares.
Estávamos com nossos lixões e aterros sanitários tomados por montanhas de plástico que ainda durariam 500 anos para desaparecer.
Em 2005, a partir de nossas primeiras reuniões com a Associação Comercial de Maringá, com a Prefeitura, a associação dos supermercados e empresa RES Brasil, que representa o aditivo D2W, da Symphony inglesa.
Na época, esta foi a única tecnologia de oxi-biodegradação que se dispôs a vir a Maringá e mostrar todos os laudos que nos deu segurança para poder indicar uma solução baseada nesta tecnologia – começamos a trabalhar para resolver o problema da plastificação planetária.
Assim nasceu o PROJETO SACOLAS ECOLÓGICAS.
O sucesso foi imediato, com diversos supermercados adotando as sacolas oxi-biodegradáveis – a rede Cidade Canção de supermercados, uma rede maringaense, foi a primeira no país a adotar as sacolas plásticas oxi-biodegradáveis -, mesmo com custo à época mais alto do que as sacolas de plástico convencional.
Hoje o valor destas sacolas que demoram 18 meses para se degradarem é o mesmo valor da sacola convencional, que demora 5 séculos para desaparecer e por isso os supermercadistas aderiram ao projeto.
Este projeto chamou a atenção do governo do Paraná e ainda em 2005 apresentamos o projeto para a secretaria de Meio Ambiente do Estado e para o Ministério Público do Paraná que se tornaram nossos aliados no combate à sacola plástica de uso único fabricada com plástico convencional.
O projeto ganhou o país.
Hoje, dezenas de cidades e muitos estados se baseiam no PROJETO SACOLAS ECOLÓGICAS que a FUNVERDE criou para criar campanhas próprias de combate às sacolas tradicionais.
A ONG concedeu entrevistas aos principais veículos de comunicação do país e forneceu e ainda fornece ajuda técnica para prefeituras, câmaras municipais e a diversos governos de estado e organiza eventos em todo o país para acabar com a plastificação do ambiente.
Muitas vezes que fomos aos fundos de vale mostrar a todos o problema ambiental que os consumidores estavam causando com o uso indiscriminado das sacolas plásticas de uso único de plástico convencional, sem se preocupar com as conseqüências de seus atos.
Uma pessoa usa mais de mil sacolas por ano e o Brasil deixa de herança para os seres do amanhã, aqueles que ainda nem nasceram.
Hoje estamos deixando uma herança anual de 20 bilhões de sacolas plásticas de uso único. Somente este resíduo representa 10% de todo o lixo gerado diariamente nas nossas cidades.
Hoje, muitos anos após as primeiras reuniões, temos dezenas de cidades e estados que tem legislação para o uso destas sacolas com ciclo de vida programado com a tecnologia D2W – leis estas que se baseiam na primeira lei para regular o uso das sacolas no país, que a FUNVERDE propôs à prefeitura de Maringá e se transformou em lei em 2007 – ou simplesmente, baniram as sacolas de uso único do varejo, a exemplo de Santa Catarina, em que 14 cidades baniram as sacolas plásticas.
Tudo começou na cidade de Xanxerê, que foi a primeira cidade do país a banir as sacolas plásticas de uso único.
Em junho de 2010 o estado do Rio de Janeiro também se livrará da maldição das sacolas plásticas para todo sempre.
Para se ter ideia do tamanho do problema, basta ver o consumo das sacolas plásticas no interior de um supermercado, sendo utilizadas duas vezes mais sacolas do que aquelas 20 bilhões de sacolas da boca do caixa, isto é, temos um problema muito maior nas mãos, que são 40 bilhões de sacolas jogadas no ambiente todos os anos, sacolas onde o consumidor coloca salsinha, cebolinha, sacolas e plástico em rolo do açougue, sacos perfurados da padaria, bandejas de isopor, plástico flexível e tantos outros mais que os supermercados utilizam (Dados de 2010).
Não estamos falando de embalagens de fábrica, somente embalagens utilizadas do interior de supermercados, e que devem fazer a transição para plástico com ciclo de vida controlado, para aproximar o ciclo de vida da embalagem ao ciclo de vida do produto. Hoje, temos no país a fabricação por diversas empresas de todos estes tipos de plástico.
Temos também hoje copos descartáveis de papel com laminação interna de plástico oxi-biodegradável para água que podem ser reciclados junto com o papel, copos de plástico oxi-biodegradável, sacos de lixo com ciclo de vida programado, embalagens primárias de fábrica com plástico com ciclo de vida programado, como por exemplo, sacos para pão, embalagem para xampu, margarina e uma infinidade de plásticos que não ficarão poluindo o planeta por cinco séculos.
Infelizmente a taxa de reciclagem no país não chega a 1%, (dados do MMA) e menos de 15% das cidades contam com aterros, todo o resto das 5.500 cidades do país tem lixões a céu aberto e menos de 10% tem dos municípios conta com a coleta seletiva (Dados de 2010).
Por isso a importância dos plásticos, que representam 20% de todo o resíduo coletado diariamente em uma cidade, ter o ciclo de vida controlado.
Ao ficarmos entediados no supermercado ao passar as mercadorias pelo caixa, ficando às vezes até meia hora olhando para o infinito em uma fila, criamos um projeto para dar a oportunidade dos supermercados se tornarem uma fonte de educação para o consumidor adulto e criamos o PROJETO ECOCAIXAS – MULTIPLICADORES DE BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS, em que o caixa e o empacotador ensinam o consumidor a importância dos 4R: reduzir, reutilizar, reciclar e recusar.
Temos muitos outros projetos, mas sempre focamos nos resíduos que geramos e em como transformar um produto que ninguém queria em produtos que alguém quer comprar, transformando a visão de que a partir do momento que se um produto transformou em lixo, ninguém mais quer ver na frente.
Já mudamos este pensamento, por exemplo, através do PROJETO CONDOMÍNIO SUSTENTÁVEL, em que os condomínios estão fazendo a separação do lixo e gerando lucro para seus condôminos, diminuindo o valor que todos pagam para manter o condomínio.
Estamos mudando o conceito da maioria da população e dos empresários de que o óleo de cozinha depois de usado deve ser despejado na pia da cozinha, e transformando esse óleo em dinheiro com o PROJETO EU SOU DOADOR … DE ÓLEO e o CURSO DE SABÃO DE ÓLEO USADO.
Conscientizamos uma parte da população que hoje lucra com este produto e faremos mais, pretendemos que todas as cidades do país passem a encarar o óleo usado como um produto que gera renda para as pessoas e os municípios.
Estamos mostrando a todos desde abril de 2009, com o PROJETO CANTO DAS ERVAS, que é possível existir na selva de pedra, recantos com ervas, onde temos todos os tipos de ervas medicinais e aromáticas em pequenos espaços antes perdidos dentro da cidade.
As cidades do Brasil concentram quase 90% dos habitantes, por isso temos que trazer a natureza para dentro dessas cidades e para perto de seus moradores.
Estamos mostrando que pode existir uma cidade melhor para todos nós se aplicarmos o PROJETO CIDADE LIMPA, em que transformamos nossas cidades em lugares civilizados e sem poluição para se viver, através de leis.
Por sentirmos falta de praças agradáveis para passearmos com nossos filhos ao entardecer, criamos o PROJETO PRAÇA DAS FAMÍLIAS, um projeto para resgatar o convívio entre as pessoas nas cidades.
Por observarmos que as empresas não eram ambientalmente corretas por falta de informação, criamos o PROJETO BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS, que ministra palestra em empresas e ajuda estas empresas a diminuírem seu impacto ambiental.
Por vermos sempre as cidades sempre sem profissionais competentes a cada nova eleição, em que os prefeitos invariavelmente colocam os aliados ao invés de profissionais competentes, criamos o PROJETO DE CAPACITAÇÃO EM 20 HORAS em que treinamos funcionários de prefeituras – sempre associações de municípios, para atingirmos mais pessoas de cada vez – do secretário de meio ambiente ao podador de árvore.
Esses cursos envolvem o reconhecimento da arborização, avaliação de impacto ambiental, legislação ambiental, viveiros urbanos, elaboração de plano diretor de arborização, projetos de implantação de recuperação de mata ciliar, curso de aquecedor solar de baixo custo e curso de aspersor, irrigador de baixo custo.
Por sabermos que a única solução possível para os resíduos é a separação na fonte, por isso criamos o PROJETO COLETA SELETIVA E COMPOSTAGEM PARA MUNICÍPIOS, em que ensinamos os municípios como lucrar com o lixo que antes era um problema.
A FUNVERDE está aqui para ficar, ficar e agir por muito tempo através de seus projetos, sempre pensando em nós, cidadãos do século XXI e nas crianças, os seres que estarão habitando este planeta nos anos futuros, o seres do amanhã.
Estamos destruindo este planeta por um longo período e agora chegou a hora de agirmos.
Precisamos que todas as pessoas façam sua parte, em casa, no trabalho, no lazer.
Não podemos mais pensar que existe uma maneira fácil de preservar o planeta sem que todos façam sua parte e ainda a parte dos outros.
Quando dividimos o trabalho, estamos fazendo com que as pessoas trabalhem menos.
Quando isso ocorrer, poderemos dar por encerrada a função das ONGs. Estaremos um nível acima na preservação do nosso único planeta conhecido até agora.
Mas para esta transformação da sociedade ocorrer, ainda temos um caminho muito longo a percorrer, com muito trabalho para transformar este planeta em um lugar para todos viverem em harmonia, todos os habitantes desta nave mãe chamada planeta terra.
Temos agora o projeto do Bosque Sensorial Ana Domingues
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