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Geleiras andinas se derretem e Peru começa perder suas fontes de água

Um estudo conduzido por cientistas da Universidade do Estado de Ohio, EUA, afirma que o gelo que forma as geleiras peruanas, cujo núcleo remonta a 1.800 anos atrás, está se derretendo em poucas décadas, informou a revista Science em 4 de abril.

A temperatura global da Terra se elevou e o efeito é mais intenso em altitudes elevadas, onde estão as geleiras. Como elas são a fonte de águas para os peruanos, sua dissolução poderia desencadear uma grave crise de abastecimento de água.

Lonnie G. Thompson, especialista em geleiras da Universidade de Ohio e coordenador do grupo de pesquisa, vem trabalhando de forma intermitente há década na geleira Quelccaya, a maior geleira tropical do mundo, localizada a sudoeste do Peru a 5.670 metros de altura. Ele diz que o equilíbrio natural foi perturbado pelo aquecimento global.

O descongelamento revelou plantas conservadas quando a geleira se formou, as quais foram estudadas por meio da datação do carbono. Os resultados indicaram que pelo menos há 6.000 anos não ocorre um recuo de tal magnitude.

A antiguidade das plantas revela que a geleira alcançou agora seu ponto mais baixo nos últimos 5.000 anos, “Se em qualquer momento nos últimos 6.000 anos estas plantas houvessem sido expostas por um período de cinco anos, elas teriam se deteriorado”, concluiu Thompson.

O estudo inclui análises de marcadores químicos em cilindros de gelo, extraídos por meio de perfurações profundas, que permitem reconstruir o histórico das variações climáticas.

Em seu relatório “Salvar a água potável é essencial”, Thompson destacou que o recuo da crosta de gelo Quelccaya entre 1963 e 1978 foi de cerca de 6 metros ao ano, no entanto, posteriormente, isso aumentou rapidamente para mais de 60 metros ao ano e resultou na aparição de um pequeno lago em 1991, que foi crescendo à medida que o gelo recuava.

Para Douglas R. Hardy, investigador da Universidade de Massachusetts, a situação do Peru é crítica, pois a água do degelo abastece as comunidades, assim, ele pergunta, “Quanto tempo resta antes que 50% da água que abastece Lima e outras grandes cidades da costa se esgote?”, citou o New York Times.

O efeito do aquecimento global tem reduzido muitas geleiras no Peru e extinguido outras menores.

A neve de Huaytapallana, o município mais importante de Junín, na cadeia montanhosa central do Peru, tinha em 2007 uma temperatura média de 5,2ºC negativo, o que lhe permitia renovar o gelo. No entanto, em 2010, a temperatura aumentou para 0ºC e em algumas ocasiões chegou a 1-2ºC, que não somente provocou um rápido degelo, mas resultou também na perda irreversível da água, informou Napa.

A água do degelo em Junín simplesmente foi perdida rio abaixo e isso está deixando os povoados da região sem água, acrescentou a reportagem.

Em 2011, Felipe Gonzales, o chefe do programa de desenvolvimento produtivo da agricultura rural (Agrorural), informou que as mudanças climáticas ocasionadas pela contaminação do meio ambiente estão afetando seriamente o gelo de Coropunay e que esta situação afeta os agricultores das partes altas de Castilla, La unión e Condesuyo, no município de Arequipa, informou a mídia La República.

Cesar Portocarrero, diretor da Unidade de Glaciologia da Autoridade Nacional de Água do Ministério da Agricultura, afirmou que imagens de satélites posteriores a reportagens recentes mostraram que as geleiras do Sul estão retrocedendo de maneira alarmante e mais rápido do que o degelo da Cordilheira Branca, que conta com 663 geleiras ao norte do Peru.

As geleiras da Cordilheira Branca retrocederam 30% em 30 anos, enquanto no Sul, em Cuzco, a cadeia de Ausángate retrocedeu cerca de 50% no mesmo período de tempo.

Nicole Bernex, diretora do Centro de Investigação de Geografia Aplicada da Pontifica Universidade Católica do Peru (PUCP), lamentou em declarações ao El Comercio, que não há investimento significativo para estes estudos importantes. Há mais de mil geleiras no país sem qualquer estudo. A Universidade de Ohio, que estuda o Quelccaya, e a Universidad Complutense de Madrid, que estudo o Coropuna, são as únicas, assinalou Bernex.

Fonte e imagem – The Epoch Times de 07 de abril de 2013

Aquecimento global? Bah, conto de fadas…

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