Por Ivone Santana – Valor Econômico – 19 de dezembro de 2023 – Projeto propõe mudança no tempo do semáforo para diminuir parada nos cruzamentos e reduzir em 30% a emissão de CO2, diz a empresa. Ivan Patriota, do Google Maps da América Latina: “O sistema não é automático e a inteligência artificial não atua sozinha” — Foto: Rogerio Vieira/Valor.
As longas paradas em cruzamentos das grandes cidades deixam cada vez mais motoristas e passageiros cansados e irritados pela perda de tempo, que chega a ser de horas, ao longo do dia.
Mas outro fator também preocupante no trânsito é relacionado ao ambiente.
A emissão de gás carbônico (CO2) é 29 vezes maior quando o veículo está parado em um cruzamento na comparação com o fluxo contínuo.
Com base nesse dado, a direção do Google Maps decidiu ampliar para todo o mundo, a partir de 2024, seu projeto Green Light (Luz Verde, na tradução literal).
Levantamentos iniciais da empresa indicam que nos locais onde a iniciativa foi ativada há um potencial de reduzir as paradas dos veículos em 30% e as emissões de CO2 nos cruzamentos em mais de 10%.
Como consequência disso, o Google calcula que o projeto pode trazer economia de combustível e redução das emissões de CO2 em até 30 milhões de viagens de carro por mês.
O Green Light começou a ser implantado há três anos.
Chegou a 70 cruzamentos em 12 cidades – inclusive no Brasil – de quatro continentes.
“O grupo de pesquisa fica majoritariamente em Israel e nós trocamos uma ideia”, diz Ivan Patriota, líder de parcerias de Google Maps para América Latina.
A partir de sua sala em São Paulo, batizada de “Senhor Incrível” – o herói das histórias em quadrinhos que foi para o cinema -, o executivo interage com os engenheiros de Israel e das cidades parceiras.
No prédio de 17 andares da gigante de tecnologia, todas as salas de reunião recebem nomes de super-heróis.
No Brasil, o Google fez uma parceria com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) para implantar em 2024 o Green Light nessa cidade do interior de São Paulo.
Mas quem saiu na frente foi o Rio de Janeiro, como a primeira cidade com o Green Light na América Latina, em 2021.
O projeto está ativo em seis cruzamentos considerados importantes para testar a ferramenta, diz Rubens Borborema, coordenador técnico de monitoramento de tráfego da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio).
É o caso, por exemplo, das avenidas Atlântica e Prado Júnior.
Capaz de analisar milhares de cruzamentos simultaneamente, o sistema foi criado para buscar a melhoria do fluxo de tráfego com base em recomendações feitas por inteligência artificial (IA).
No Rio, economia de R$ 30 mil com equipamentos para cada cruzamento, diz Rubens Borborema
As recomendações são atreladas à sinalização semafórica e aos sistemas de controle de tráfego existentes na cidade.
O modelo de algoritmo leva em conta, entre outros critérios, padrões de tráfego (aceleração e frenagem), a programação dos semáforos e como o fluxo do tráfego se comporta ao longo do dia.
“Nós criamos a potencial chance de melhoria nos semáforos e vamos fazendo ajustes. Os engenheiros [dos municípios] implantam, mandam resultados e fazemos outras melhorias. É uma troca”, explica Patriota.
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