Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Governo investiu R$ 8,8 bi para limpar o rio Tietê. Então por que ele continua sujo?
Foto: Fernando Stankuns/Creative Commons
O rio Tietê é uma das primeiras paisagens vistas ao chegar em São Paulo, mas faz tempo que o que se vê não agrada aos olhos. Nos 56 metros de largura e 26 quilômetros de leito canalizado de rio que atravessam a cidade, praticamente não existe vida aquática – sem contar a sujeira e o cheiro de esgoto. Isso ocorre porque o rio possui uma mancha de oxigenação zero que ocupa hoje 130 km de extensão, de acordo com dados da Fundação SOS Mata Atlântica.
Em 1992, o governo do Estado prometeu publicamente limpar o rio até 2005, com o Projeto Tietê. Foram R$ 8,8 bilhões em investimentos no projeto, mas nada mudou por definitivo.
Em uma investigação, a BBC Brasil constatou que a maior dificuldade se encontra na construção da rede de coleta de esgoto e no entendimento de que também é preciso parar de despejar poluentes para limpar o rio. Em entrevista para o veículo, José Carlos Mierzwa, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, explica que é preciso manejar corretamente o esgoto.
A maior parte dos detritos que vão hoje para o Tietê é de origem doméstica, mas ainda há também resíduos industriais, de empresas que burlam o regulamento que proíbe a prática, e carga difusa, aquela sujeira das ruas que é carregada pela chuva. Isso tudo, além de danificar o rio, acaba parando também no seu leito, diminuindo a capacidade de vazão da água e causando enchentes, desmatamento da mata ciliar e erosão do solo.
E não para por aí! Além do acúmulo de lixo, outro grande problema é o uso do solo. Há muito tempo a área de várzea do rio, reservada para seu transbordamento natural em decorrência das chuvas, vem sendo ocupada na capital. Assim, o problema da poluição do rio liga-se intimamente ao problema da habitação. Segundo os especialistas, eles precisam ser resolvidos em paralelo. Muitas famílias não têm onde morar e devem ser transferidas corretamente para uma área onde não há risco.
É preciso investir em novas tecnologias, alterar as formas de relacionamento com o rio e priorizar o saneamento. S.O.S. Tietê já!
Fonte – Mattheus Goto, The Greenest Post de 19 de dezembro de 2017
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