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Interação de resíduos de agrotóxicos em banana, maçã e tomate é prejudicial à saúde
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP analisou a interação de resíduos de agrotóxicos permitidos pela legislação, em banana, na maçã e no tomate. Os resultados apontaram riscos de efeitos tóxicos à saúde humana.
A engenheira agrônoma Rita de Cássia Lourenço escolheu esses três alimentos por serem relevantes na dieta do brasileiro. Em geral, são consumidos in natura, ou seja, não sofrem nenhum tipo de processamento – como o cozimento, que pode degradar os resíduos.
Em sua dissertação de mestrado apresentada à FSP, Rita utilizou dados do consumo levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em nove regiões metropolitanas: São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belém, Fortaleza e Recife. Em seguida, verificou os agrotóxicos autorizados para cada cultura, a quantidade aceitável para os resíduos e para a ingestão diária. O estudo também utilizou dados da Organização Mundial de Saúde e não foram realizados testes em laboratório.
Grupos de agrotóxicos
Os agrotóxicos foram divididos em dois grupos, segundo os efeitos que têm na saúde: o de organoclorados e piretróides, e o de organofosforados e carbamatos. Os primeiros afetam o equilíbrio da bomba Sódio/Potássio, podendo causar danos no sistema nervoso, por exemplo. Já os organofosforados e os carbamatos inibem a ação da enzima acetilcolinesterase, com prejuízo para a transmissão dos impulsos nervosos.
O estudo tem como diferencial o agrupamento das substâncias segundo os efeitos tóxicos. “As análises, geralmente, são feitas com moléculas isoladas. A idéia é chamar a atenção para as interações entre agrotóxicos e para os efeitos que elas podem ter”, explica a pesquisadora.
Rita teve que lidar com uma variedade de moléculas nos dois grupos de defensivos. Para a análise ela selecionou as de maior toxicidade e de menor toxicidade.
“Os tomates têm maior risco de interações do que o aceitável, tanto para as moléculas mais tóxicas, do grupo organofosforados e carbamatos, quanto para as menos tóxicas, do grupo organoclorados e piretróides”, descreve Rita. “A banana-prata apresentou risco para todas as moléculas dos dois grupos. E a maçã mostrou risco não tolerável para as moléculas menos tóxicas do grupo organoclorados e piretróides. Na banana-d?água e na banana-prata o risco foi aceitável.”
Segundo a pesquisadora, os efeitos da interação entre agrotóxicos ainda são pouco mencionados. “Há a necessidade de novos estudos com equipes multidisciplinares envolvendo toxicologistas, nutricionistas, processadores de dados, para que as pessoas tenham o direito de saber o que vão consumir”, recomenda. “Os dados gerados devem nortear as decisões das autoridades competentes.”
Problemas da legislação
Rita de Cássia verificou ainda que a legislação não considera as diferenças de consumo entre regiões e não prevê variações da quantidade de resíduos permitida para as variedades de alimentos, ou seja, a existência de diferentes tipos de bananas (banana-prata, banana-maçã, banana-d?água), por exemplo, é descartada. Já para o cálculo da ingestão diária aceitável, o problema é que ele é feito com base em um adulto que pese 70kg, não havendo adaptação para crianças, idosos ou convalescentes.
Fonte – Universia
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