Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Legislação ambiental ajudou a reduzir pela metade as mortes por poluição do ar nos EUA, diz estudo
Imagem: Olhe para a poluição de 2002 em Los Angeles. Créditos: Getty.
Há muitos motivos para se preocupar com a qualidade do ar nos dias de hoje, desde a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, que acabou com um painel de especialistas em material particulado perigoso, até o plano do governo Trump de descartar regulamentações sobre o mercúrio. Neste sábado, porém, recebemos boas notícias para lembrar a todos sobre o valor dos regulamentos ambientais que mantêm a poluição sob controle.
A poluição do ar está matando menos pessoas nos EUA do que costumava, de acordo com um estudo publicado no jornal Atmospheric Chemistry and Physics Journal. Mortes relacionadas com partículas em suspensão (material desagradável que se aloja nos pulmões e pode atingir o coração) caíram mais de 50% em todo o país entre 1990 e 2010. Isso se deve, em grande medida, a legislações como a Clean Air Act e a regras federais e estaduais sobre emissões de veículos, dizem os autores do relatório, que incluem pesquisadores da Agência de Proteção Ambiental e do Departamento de Energia.
“Nós investimos muitos recursos enquanto sociedade para limpar nosso ar”, diz Jason West, coautor do estudo e professor de ciências ambientais e engenharia ambiental da Universidade da Carolina do Norte, em um comunicado à imprensa. “Esse estudo demonstra que estas mudanças tiveram um impacto real, com menos pessoas morrendo anualmente por motivos relacionados com a exposição à poluição do ar.”
As mortes relacionadas ao material particulado – como câncer de pulmão e derrames – caíram 50%, de 123.700 em 1990 para 58.600 em 2010. Quando se trata de ozônio, outro poluente incluído na análise, o número de mortes realmente aumentou de 1990 a 2010 em 13%, o que os autores atribuem ao crescimento populacional e à mortalidade por doenças relacionadas à substância. Se os níveis de ozônio em 2010 permanecessem tão altos quanto eram em 1990, no entanto, o número de mortes aumentaria ainda mais, em 55%.
No total, os autores estimam que os níveis reduzidos de poluição salvaram mais de 40.000 vidas em 2010.
A equipe usou um modelo para simular as concentrações de partículas e ozônio nos EUA nos últimos 21 anos. Então, eles colocaram em camadas as taxas de mortalidade de pessoas com mais de 25 anos que morreram de doenças que poderiam resultar dessa poluição, depois de contabilizar o risco relativo que as pessoas enfrentam dessas doenças.
Nem todas as regiões do país testemunharam os mesmos impactos das melhorias na qualidade do ar. Nova York, Texas e Ohio registraram as maiores taxas de mortalidade por partículas em 2010. Com relação ao ozônio, Califórnia, Texas e Flórida tiveram os números mais altos. Ainda assim, todos esses estados viram a mortalidade relacionada à poluição do ar cair em geral desde 1990.
O estudo não faz nenhum tipo de detalhamento racial, mas sabemos que pessoas negras são desproporcionalmente expostas a locais mais poluídos. O estudo também não inclui os últimos oito anos, mas pelo menos parece mais positivo.
“Essas melhorias na saúde provavelmente continuaram depois de 2010, à medida que observamos que as concentrações de poluentes do ar continuaram a diminuir”, disse Yuqiang Zhang, principal autor do estudo e ex-funcionário da Agência de Proteção Ambiental, em um comunicado.
Agora, a pergunta que deve ser feita é outra. Como serão os próximos 10 anos à medida que a EPA e o presidente Trump trabalharem para remover as proteções responsáveis por essa política bem-sucedida?
Fonte – Yessenia Funes, Gizmodo Brasil de 22 de outubro de 2018
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