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Lixo eletrônico aumenta cinco vezes mais rápido do que a reciclagem
Por Redação do Site Inovação Tecnológica – 26 de março de 2024 – Desde 2014, o Monitor Global do Lixo Eletrônico tem sido a principal fonte mundial de dados atualizados e relatórios sobre a questão. Foto: UNITAR – ITU
Mais lixo, menos reciclagem
A geração mundial de lixo eletrônico está aumentando cinco vezes mais rápido do que a reciclagem dos mesmos aparelhos, segundo o Monitor Global do Lixo Eletrônico da ONU.
O lixo eletrônico – qualquer produto descartado que tenha plugue ou bateria – é um perigo para a saúde e o meio ambiente, contendo aditivos tóxicos ou substâncias perigosas como o mercúrio, que podem danificar o cérebro humano e o sistema de coordenação motora.
Mas também é um prejuízo certo, equivalendo literalmente a jogar dinheiro no lixo, dada a riqueza de materiais que podem ser extraídos desse material descartado como inservível.
As 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico gerados em 2022 encheriam 1,55 milhão de carretas com capacidade de 40 toneladas cada uma, aproximadamente caminhões suficientes para formar uma linha de pára-choques com pára-choques circundando a Terra na altura do Equador.
Enquanto isso, menos de um quarto (22,3%) da massa de lixo eletrônico do ano foi documentada como tendo sido devidamente recolhida e reciclada em 2022, deixando “desaparecidos” US$ 62 bilhões em recursos naturais recuperáveis e aumentando os riscos de poluição para as comunidades em todo o mundo.
Em todo o mundo, a geração anual de lixo eletrônico está aumentando 2,6 milhões de toneladas anualmente, a caminho de atingir 82 milhões de toneladas até 2030, um aumento de 33% em relação ao registrado em 2022.
Queda na reciclagem
O relatório prevê uma queda na taxa documentada de recolha e reciclagem de 22,3% em 2022 para 20% em 2030, devido à diferença cada vez maior nos esforços de reciclagem em relação ao crescimento impressionante da geração de lixo eletrônico em todo o mundo.
Os desafios que contribuem para o alargamento desse fosso incluem o progresso tecnológico, o aumento do consumo, as opções de conserto limitadas, os ciclos de vida mais curtos dos produtos, a crescente eletrificação da sociedade, as deficiências de projeto e a infraestrutura inadequada para a gestão do lixo eletrônico.
O relatório destaca que se os países conseguissem aumentar as taxas de recolha e reciclagem de lixo eletrônico para 60% até 2030, os benefícios – nomeadamente através da minimização dos riscos para a saúde humana – excederiam os custos em mais de US$ 38 bilhões.
A falta de reciclagem significa que estamos desperdiçando US$ 91 bilhões em metais valiosos presentes no lixo eletrônico.
Outro destaque refere-se à concentração das matérias-primas em alguns países, nomeadamente os elementos de terras raras, com suas propriedades únicas cruciais para tecnologias futuras, incluindo a geração de energia renovável e a mobilidade elétrica.
A geração mundial de lixo eletrônico está aumentando cinco vezes mais rápido do que a reciclagem documentada de lixo eletrônico. Imagem: Global E-Waste Monitor.
O lixo eletrônico em números
- 62 milhões de toneladas: Lixo eletrônico gerado em 2022, igual ao peso de 107.000 das maiores aeronaves de passageiros (853 assentos) e mais pesadas (575 toneladas) do mundo.
- 14 milhões de toneladas (22,3%): Massa estimada de lixo eletrônico descartado, principalmente em aterros, em 2022.
- 31 milhões de toneladas: Peso estimado de metais incorporados no lixo eletrônico em 2022, juntamente com 17 milhões de toneladas de plásticos e 14 milhões de toneladas de outros materiais (minerais, vidro, materiais compósitos, etc.).
- US$ 91 bilhões: Valor dos metais incorporados no lixo eletrônico de 2022, incluindo US$ 19 bilhões em cobre, US$ 15 bilhões em ouro e US$ 16 bilhões em ferro.
- US$ 28 bilhões:Valor de matérias-primas secundárias (principalmente ferro) recuperadas pela mineração urbana de lixo eletrônico em 2022.
- 900 milhões de toneladas: Extração de minério primário evitada pela recuperação de materiais através da reciclagem documentada de lixo eletrônico.
- 93 milhões de toneladas: Emissões equivalentes de CO2 evitadas pela gestão formal de lixo eletrônico – refrigerantes recapturados (41 milhões de toneladas), mineração de metais evitada (52 milhões de toneladas)
A reciclagem do lixo eletrônico em números
- 42,8%: Taxa de coleta e reciclagem formalmente documentada na Europa.
- <1%: Lixo eletrônico formalmente reciclado em países africanos.
- 50% (30 milhões de toneladas): Lixo eletrônico gerado por países asiáticos (dos quais relativamente poucos promulgaram legislação ou estabeleceram metas claras de coleta de lixo eletrônico).
- 17,6 kg: Geração per capita de lixo eletrônico na Europa, seguida pela Oceania (16,1 kg) e pelas Américas (14,1 kg). Estas regiões também têm as taxas documentadas de recolha e reciclagem per capita mais elevadas (7,5 kg na Europa, 6,7 kg na Oceania e 4,2 kg nas Américas).
- 16 milhões de toneladas: Lixo eletrônico coletado e reciclado fora dos sistemas formais em países de renda alta e média-alta que desenvolveram infraestruturas de gestão de lixo eletrônico.
- 18 milhões de toneladas: Lixo eletrônico gerido principalmente pelo setor informal em países de rendimento baixo e médio-baixo sem infraestrutura de gestão de lixo eletrônico. Quaisquer valores materiais recuperados pelo setor informal são largamente (talvez mais do que) compensados por custos extremamente elevados de saúde e ambientais.
- 5,1 milhões de toneladas (8,2% do total global): Lixo eletrônico enviado através das fronteiras em 2022, dos quais 3,3 milhões de toneladas (65%) foram enviados de países de alta renda para países de renda média e baixa por meio de operações não controladas e não documentadas.
Lixo eletrônico por categoria
- 33% (20,4 milhões de toneladas): Proporção de lixo eletrônico composto por pequenos dispositivos (por exemplo, brinquedos, fornos de micro-ondas, aspiradores de pó, cigarros eletrônicos), dos quais 12% são reciclados.
- 4,6 milhões de toneladas: Lixo eletrônico na categoria de pequenos equipamentos de TI e telecomunicações (por exemplo, laptops, telefones celulares, dispositivos GPS, roteadores), com apenas 22% de coleta documentada e taxa de reciclagem.
- 2,4 milhões de toneladas: Massa esperada de painéis fotovoltaicos retirados em 2030, quatro vezes mais que as 600.000 toneladas em 2022.
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