Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Mais um mês, mais um recorde de temperatura
Agora é oficial: 2016 reúne os meses de fevereiro, março e abril mais quentes já registrados pela ciência em quase 150 anos. De acordo com a agência espacial norte-americana (Nasa, sigla em inglês), em anúncio feito no sábado passado (14/5), o último mês de abril superou seu próprio recorde de temperatura, que tinha sido em 2010.
A temperatura média global no mês passado foi 1,11 grau Celsius superior à média para abril registrada entre 1951 e 1980, índice 27% acima de abril de 2010. Aliás, este foi o 7º mês seguido em que o aumento de temperatura supera em 1 grau Celsius a média de temperatura registrada naquele período, uma sequência que preocupa bastante – afinal, nesse ritmo, o limite para contenção do aquecimento global em 1,5 grau Celsius com relação aos níveis pré-industriais, que consta no texto final do Acordo de Paris, poderá ser superado antes mesmo do próprio tratado se tornar efetivo, a partir de 2020.
Neste ano, o fenômeno climático El Niño, decorrente do aquecimento da superfície do Oceano Pacífico (saiba mais), que altera padrões climáticos em todo o mundo, está contribuindo diretamente para os índices recordistas nos últimos meses. Os impactos mais agudos desse fenômeno têm sido vividos na África subsaariana, nas ilhas do Pacífico e no Caribe e América Central, com ondas de calor persistente e chuvas torrenciais que estão ameaçando a sobrevivência de milhões de pessoas.
No entanto, ele não explica sozinho o crescimento vertiginoso da temperatura terrestre nesse período – afinal, o El Niño de 2015/2016 está sendo relativamente bem mais fraco do que aquele vivido entre 1997/1998, considerado o mais forte registrado até hoje.
Os números de abril confirmam que o ano de 2016 caminha para superar, em larga margem, o recorde de aumento de temperatura média registrado no ano passado. “Com a atualização de abril, 2016 tem mais de 99% de chance de ser um novo recorde”, afirmou Gavin Schmidt, diretor do Centro Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, pelo Twitter.
A publicação desses números não poderia vir em momento mais pertinente: começa nesta segunda mais uma rodada de negociações no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) na cidade alemã de Bonn, o primeiro encontro de negociação entre os países desde a Conferência do Clima de Paris (COP 21) e a assinatura do Acordo de Paris, realizada em cerimônia na sede da ONU em Nova York (EUA) no mês passado.
A expectativa para a reunião na Alemanha é que ela prepare as bases para as conversas na Conferência de Marrakesh (COP 22), que acontecerá em novembro na capital do Marrocos e que terá em sua agenda a definição do processo de implementação do Acordo de Paris para os próximos anos.
Fonte – Bruno Toledo, Página 22 de maio de 2016
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