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Microplásticos detectados em nuvens sobre o cume de montanhas japonesas

Por Tom Perkins – The Guardian – 9 de outubro de 2023 – Descobertas sobre as nuvens acima do Monte Fuji e do Monte Oyama revelam como os microplásticos são altamente móveis.

Microplásticos foram encontrados em todos os lugares do planeta, desde as profundezas dos oceanos até o gelo da Antártica, e agora uma nova pesquisa os detectou em um novo local: Nas nuvens suspensas no topo de duas montanhas japonesas.

As nuvens ao redor do Monte Fuji e do Monte Oyama, no Japão, contêm níveis preocupantes de microplástico e destacam como a poluição pode se espalhar por longas distâncias, contaminando as colheitas e a água do planeta através de uma “chuvas de plásticos”.

O plástico estava tão concentrado nas amostras coletadas pelos pesquisadores que acredita-se que esteja causando a formação de nuvens ao mesmo tempo em que emite gases de efeito estufa.

“Se a questão da ‘poluição atmosférica por plásticos’ não for abordada de forma proativa, as alterações climáticas e os riscos ecológicos podem tornar-se uma realidade, causando danos ambientais irreversíveis e graves no futuro”, disse o responsável pelo estudo, Hiroshi Okochi, professor da Universidade Waseda em comunicado.

O artigo revisado por pares foi publicado na Environmental Chemistry Letters, e os autores acreditam que é o primeiro a verificar a presença de microplásticos nas nuvens.

A poluição é composta por partículas de plástico menores que cinco milímetros que são liberadas de pedaços maiores de plástico durante a sua degradação (conforme o tempo, o plastico vai se quebrando em pedaços menores, gerando os microplásticos).

Também são adicionados intencionalmente a alguns produtos ou descartados em efluentes industriais.

Acredita-se que os pneus estejam entre as principais fontes, assim como os produtos de higiene pessoal que utilizam microplásticos.

Pesquisas recentes revelaram que eles estão se acumulando em todo o mundo – estima-se que 10 milhões de toneladas acabem anualmente nos oceanos.

Humanos e animais ingerem ou inalam grandes quantidades de microplásticos, que foram detectados em pulmões, cérebros, corações, sangue, placentas e fezes humanas.

A sua toxicidade ainda está sendo estudada, mas uma aponta para problemas sérops de saúde, como alterações comportamentais, e outros estudos encontraram ligações ao cancro e à síndrome do intestino irritável.

Os pesquisadores de Waseda coletaram amostras em altitudes variando entre 1.300 e 3.776 metros, que revelaram nove tipos de polímeros, como poliuretano, e um tipo de borracha.

A névoa da nuvem continha cerca de 6,7 a 13,9 pedaços de microplásticos por litro, e entre eles havia um grande volume de pedaços de plástico “amantes da água”, o que sugere que a poluição “desempenha um papel fundamental na rápida formação de nuvens, o que pode eventualmente afetar o clima em geral”, conforme os autores em comunicado à imprensa.

Isto é potencialmente um problema porque os microplásticos degradam-se muito mais rapidamente quando expostos à luz ultravioleta na alta atmosfera e emitem gases com efeito de estufa.

Uma elevada concentração destes microplásticos nas nuvens em regiões polares sensíveis poderia prejudicar o equilíbrio ecológico, escreveram os autores.

As descobertas destacam como os microplásticos são altamente móveis e podem viajar longas distâncias no ar e no meio ambiente.

Pesquisas anteriores encontraram o material na chuva, e os autores do estudo dizem que a principal fonte de plásticos transportados pelo ar pode ser a espuma marinha, ou aerossóis, que são liberados quando as ondas quebram ou as bolhas no oceano explodem.

A poeira levantada pelos carros nas estradas é outra fonte potencial, escreveram os autores.

 

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