Por Renata Fontanetto, dGCIe Baku (Azerbaijão) - Pesquisa FAPESP - Dezembro de 2024 - Foto:…
O homem que ensinou o mundo a plantar chuva
Zephaniah Phiri Maseko, um africano que vivia em uma região semiárida do Zimbábue, se encontrou sem emprego e sem dinheiro para sustentar sua família. Ele pensou: como irei alimentá-los?
Então percebeu que as únicas coisas que ele tinha eram 7 acres de terra e uma bíblia. Ele se inspirou tanto na história de gênesis e os jardins de Éden que decidiu ter um jardim desses para ele também, e iria achar uma solução para a água, tão escassa no local.
Phiri passou a observar as chuvas. Toda vez que chovia ele saia correndo pelo seu terreno, vendo como a água corria e para onde ia. E então ele começou a perceber que em algumas áreas o cultivo de alimentos não funcionava porque a água não infiltrava o solo e em outros a água acabava empossando ou causando erosões. E então ele foi aprendendo como “consertar” estes locais, começou a construir pequenas barragens, buracos e caminhos, todos com plantas que funcionariam como ‘esponjas vivas’. Phiri chamou esta técnica de plantar a chuva.
Por toda sua terra Phiri fez com que a água da chuva descesse com menor velocidade e fosse absorvida pela vegetação, tudo isso apenas com a ajuda da gravidade. Uma vez que a água infiltrou no terreno de Phiri, o próprio solo se tornou o “tanque” de água, com a vantagem de evaporar mais lentamente.
Ele também começou a plantar espécies que precisavam de mais água nos locais mais fundos, para onde a água corria, e nos locais mais elevados (que recebiam pouca água), ele plantava às que necessitavam de pouca água. Isso fez com que a própria vegetação se tornasse um grande reservatório de água.
Imagem do livro Rainwater Harvesting for Drylands and Beyond
Phiri transformou o lugar onde ele vive em um verdadeiro oásis em meio ao semiárido. Para acessar a água que fica guardada no solo, ele plantou diversas árvores frutíferas. Seu terreno passou a produzir diversas variações como milho, mandioca, vagem e frutas nativas, enquanto os outros mal conseguiam sobreviver. Também foi possível notar a mudança nos diversos poços da propriedade, que passaram a ficar cheios d’água.
Phiri queria compartilhar seu conhecimento e criou a ONG Zvishavane Water Project para compartilhar suas práticas. Muito rapidamente, a história de plantar chuva se espalhou por lá. Muitas pessoas de seu grupo também se tornaram especialistas no assunto, transformaram suas terras e desenvolveram novas técnicas. Ao longo dos anos, diversos especialistas de todo o mundo passaram a visitar Phiri para aprender com seus ensinamentos, sendo criado até mesmo um centro de permacultura de referência mundial na região.
“DESDE QUE EU COMECEI A TRABALHAR NA MINHA TERRA EU SEMPRE APRECIEI A ÁGUA PLANTADA NELA. O MELHOR PARA TODOS NÓS É QUE TODA A ÁGUA QUE CAI DA CHUVA FIQUE CONTIDA NO SOLO, NÃO DESPERDICE-A!” – ZEPHANIAH PHIRI MASEKO
Phri foi homenageado pela National Geographic por seu trabalho em benefício do meio ambiente. Ele faleceu em 2015, mas deixou seu legado vivo.
“EU GOSTARIA DE PEDIR QUE TODO NOVO FAZENDEIRO COMECE DESTA FORMA. TOME CONTA DO SOLO E DA ÁGUA E, POR FAVOR, PAREM DE CORTAR ÁRVORES! PLANTE QUANTAS ÁRVORES CONSEGUIR, PARA QUE SEU SOLO SOBREVIVA.” – ZEPHANIAH PHIRI MASEKO
Fonte – Marcia Sousa, CicloVivo de 29 de setembro de 2018
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