Nas projeções anteriores da ONU a população mundial estava prevista para cerca de 11 bilhões de habitantes em 2100.
Mas na projeção atual a estimativa caiu para 10,3 bilhões de habitantes.
Esta diminuição do ritmo de crescimento populacional é uma boa notícia para a luta pela redução da pobreza e pela batalha em defesa do meio ambiente e da biodiversidade.
O menor número de pessoas é um passo fundamental para diminuir a Pegada Ecológica global que já ultrapassou a capacidade de carga da Terra.
A figura abaixo, do relatório da Divisão de população da ONU (World Population Prospects 2022: Summary of Results, p. 10), mostra que os países com maiores taxas de crescimento demográfico apresentam maior percentagem de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
A crescente concentração do crescimento populacional nas regiões menos desenvolvidas pode colocar desafios à capacidade dos países de alcançar o progresso no bem-estar.
O rápido crescimento da população de um país pode exacerbar o desafio de erradicar a pobreza (meta número 1 dos ODS), potencialmente prendendo as comunidades em um ciclo vicioso, enquanto o crescimento econômico acompanha o crescimento populacional, a pobreza pode privar os indivíduos de oportunidades e escolhas, limitando sua capacidade para controlar sua fecundidade, perpetuando altos níveis de procriação muitas vezes começando cedo na vida e gerando o rápido crescimento continuado da população.
Reduzir a pobreza no contexto do rápido crescimento populacional continua sendo um desafio formidável.
Em muitos casos, embora as estratégias de redução da pobreza possam tirar um grande número de pessoas da miséria, a proporção da população que vive abaixo da linha da pobreza pode estagnar ou até aumentar.
A população em muitos países da África Subsaariana está projetada para dobrar entre 2022 e 2050, colocando pressão adicional sobre recursos já escassos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir as carências de renda e as desigualdades.
Por exemplo, Angola tem registrado taxas de crescimento populacional acima de 3% ao ano desde o início da década de 1970 devido ao efeito combinado de níveis persistentes de fecundidade e reduções notáveis?? na mortalidade infantil, em particular durante as últimas duas décadas.
Em 2018, cerca de metade da população daquele país vivia em extrema pobreza (figura acima).
De 2008 a 2018, o aumento do número de pessoas vivendo em extrema pobreza (109%) superou o aumento do crescimento da população total (44%).
Durante a primeira década do atual milênio, Uganda fez progressos notáveis??na redução da pobreza extrema em um contexto de rápido crescimento populacional.
Desde 2010, no entanto, o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza aumentou mais rapidamente do que toda a população.
Em Madagascar, a população vem crescendo a uma taxa de cerca de 3% ao ano há várias décadas.
O país continua sendo um dos países mais pobres do mundo, com mais de 70% de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza internacional de pobreza.
Por conseguinte, a diminuição do ritmo de crescimento populacional e a perspectiva do decrescimento demográfico são fatores favoráveis para que a humanidade consiga vencer a chaga da pobreza e evitar um colapso ambiental catastrófico.
A redução do ritmo de crescimento populacional também contribui para reduzir a fome. Como mostrei em artigo aqui no Ecodebate (Alves, 17/04/2013) a fome é mais prevalente nos países com altas taxas de fecundidade e uma estrutura etária jovem, como mostra o gráfico abaixo.
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