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O plástico que nos envenena

O plástico é mais perigoso do que se pensa e políticas desatualizadas de gestão dos seus resíduos estão ameaçando a nossa saúde e a dos animais. É a conclusão a que chegou um grupo de cientistas norte-americanos em um estudo publicado este mês na Nature, uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo.

“Detritos de plástico podem prejudicar a vida. Muitos plásticos podem ser quimicamente prejudiciais em alguns contextos: ou porque eles próprios são potencialmente tóxicos ou porque absorvem outros poluentes”, diz o estudo.

“No entanto, nos Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália todos os tipos de plásticos são tratados da mesma forma que restos de alimentos ou de capim”, revela o artigo da Nature. No Brasil não é diferente. Os pesquisadores pregam que se adotem políticas mais específicas de gestão de detritos para cada tipo de plástico e que os mais nocivos sejam tratados como prejudiciais à saúde.

Os dados apresentados no estudo são alarmantes:

– Em 2012, mais de 280 milhões de toneladas de plástico foram produzidas globalmente. Menos da metade foram depositados em aterros ou reciclados;

– Dos restantes 150 milhões de toneladas, muitas ainda podem estar em uso e o resto amontoados nos continentes e oceanos;

– De acordo com as Nações Unidas, os ingredientes químicos de mais de 50% dos materiais plásticos são perigosos;

– PVC, poliestireno, poliuretano e policarbonato representam cerca de 30% da produção mundial de plásticos e são os mais nocivos: podem acumular-se no sangue dos humanos e tornar-se altamente cancerígenos;

– Deteriorados em minúsculos pedaços, podem infiltrar-se nas cadeias alimentares de diversas espécies. Em laboratório e estudos de campo com peixes, invertebrados e micro-organismos constatou-se a ingestão desses microplásticos, inclusive restos de roupas de poliéster e acrílico, além de produtos de limpeza que usam plástico;

– No ano passado, o secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Montreal, no Canadá, relatou que todas as espécies de tartarugas marinhas, além de 45% das espécies de mamíferos marinhos e 21% das espécies de aves marinhas podem ser prejudicadas por restos de plásticos;

– Em humanos, o microplástico ingerido e inalado entra nas células e tecidos e pode causar vários danos. Em pacientes que têm joelhos ou articulações do quadril substituídos por implantes de plástico, essas partículas podem interromper os processos celulares e degradar os tecidos;

– Dos poluentes prioritários – produtos químicos regulados por agências governamentais, incluindo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), por sua toxicidade ou persistência em organismos e cadeias alimentares – pelo menos 78% foram associados com restos de plásticos pela EPA e 61% pela União Europeia.

Para os cientistas, se os países classificassem os plásticos mais prejudiciais como produtos perigosos, os seus órgãos ambientais teriam o poder de restaurar habitats afetados e evitar que detritos desse material se acumulem em aterros, rios e oceanos. “Em última análise, tal movimento poderia impulsionar a investigação sobre novos polímeros e substituir esses materiais problemáticos por outros mais seguros”, concluem.

Fonte – Planeta Sustentável de 15 de fevereiro de 2013

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