Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
O que é Intrusão Marinha
A intrusão marinha é a penetração da água salgada do mar na zona de água doce do aquífero.
As águas subterrâneas são responsáveis pelo abastecimento de grande parcela da população mundial.
Essa é uma das possíveis causas de contaminação das águas subterrâneas.
Nas zonas costeiras há um equilíbrio entre a água subterrânea doce e a água subterrânea salgada, que está vindo do mar.
Forma-se então uma interface água salgada- água doce. A água do mar por ser mais densa, permanece embaixo da água doce (ver figura 1). Em realidade essa interface água doce- água salgada não é abrupta
constituindo- se na maioria dos casos em uma zona de mistura. Em situações em que uma quantidade excessiva de água subterrânea é extraída através de poços, em desequilíbrio com a recarga natural produzida pelas águas da chuva, ocorre um avanço dessa interface, produzindo a salinização do aquífero, ou partes desse. O fenômeno provoca a degradação do aquífero, tornando suas águas impróprias para diversos usos, incluindo o consumo humano.
A questão da intrusão marinha em aquíferos costeiros afeta grande parte das cidades costeiras do mundo que utilizam água subterrânea para abastecimento público.
No Brasil, diversas cidades litorâneas que utilizam de forma intensiva as águas subterrâneas para o abastecimento público possuem risco de degradação dos aquíferos costeiros por salinização produzida pelo avanço da cunha salina em direção ao continente, a exemplo de Fortaleza, Maceió, Recife e Rio de Janeiro (Figuras), todas densamente povoadas.
O controle da intrusão marinha é efetuado principalmente reduzindo a retirada de água de poços.
Para conter o avanço da cunha salina, várias experiências a nível mundial vem se baseando em injeção de água doce na posição da interface ou próximo a ela no continente, fazendo com que a mesma se mova em direção ao oceano. Essas técnicas conhecidas como recarga artificial vem sendo empregadas de diferentes maneiras em países como Espanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália.
Por exemplo, podem ser criadas barreiras hidráulicas com uma sequência de poços de injeção de água doce.
Dentre as técnicas citadas destacam- se a análise de amostras de água coletadas em poços.
As amostras podem ser analisadas para determinação de condutividade elétrica, íons e isótopos estáveis.
Destaca- se que em aquíferos costeiros a investigação dos aspectos químicos é mais importante devido às rápidas mudanças hidro químicas que podem ocorrer.
Água salgada na torneira? Várias cidades litorâneas brasileiras já enfrentam problemas de salinização dos aquíferos costeiros e também salinização dos corpos d’água superficiais.
Mas o que pode provocar a penetração da água do mar (intrusão de água marinha) na zona do aquífero?
1. Perfuração, instalação e operação de poços sem concessão de outorga;
2. Retirada excessiva e descontrolada de água de aquíferos através de poços;
3. Destruição de área verde com função de proteção, absorção de água da chuva e recarga dos aquíferos;
4. Contaminação de estuários e mangues.
O que ser feito para controlar ou diminuir a intrusão marinha? A primeira coisa que o município precisa ter é um diagnóstico técnico dos aquíferos costeiros usados no abastecimento urbano, avaliando a magnitude da intrusão. Isso deve ser acompanhado de levantamento e verificação de todos os poços em operação na região.
Poços irregulares e com água salgada devem ser lacrados e cimentados. Com esses estudos em mão, é possível fazer uma modelagem hidrológica adequada.
Outras medidas técnicas para reduzir a salinização dos aquíferos também podem ser tomadas.
Fonte – Água do Brasil – Água, sua linda – Relatório do Painel do Clima
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