Por André Borges - Folha de São Paulo - 19 de outubro de 2024 -…
O que é Pesca acessória
Por Deise Aur – Greenme – 08 de setembro de 2022 – Pesca de arrasto é um método da pesca acessória e também origina a pesca fantasma
A indústria pesqueira tem causado muitos prejuízos à vida aquática, seja nos rios que nos oceanos.
A principal causa desses prejuízos vem do tipo de pesca praticado, principalmente pelas grandes empresas de pescado, que é a pesca de arrasto, um método que provoca a pesca acessória e também origina a pesca fantasma.
Esse tipo de atividade pesqueira é muito prejudicial, pois promove pesca acidental e predatória.
Entenda o que são as pescas de arrasto, acessória e fantasma. Saiba os danos que causam, e como evitar seus prejuízos.
O que é Pesca de Arrasto?
A pesca de arrasto é uma prática realizada pela indústria da pesca no mundo todo, na qual uma grande e extremamente pesada rede é arrastada no fundo dos oceanos, com o objetivo de recolher peixes e frutos do mar para consumo humano.
Nessa rede acabam sendo capturados todos os seres aquáticos que estiverem em seu caminho, sejam:
- peixes
- crustáceos
- moluscos
- mamíferos
- aves marinhas
Em suma, a pesca de arrasto acaba capturando grande quantidade de espécies não visadas, o que pode representar mais de 90% da captura em uma só rede.
Esse tipo de ação tem relação direta com a pesca acessória, porque ocasiona a captura acessória (acidental) de outros animais.
Os prejuízos dessa prática é a mortandade da fauna aquática, impactando o equilíbrio da biodiversidade local.
O risco da intensificação dessa prática é a desertificação do fundo do mar.
Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences-PNAS revela que a pesca de arrasto não apenas pode reduzir as populações de peixes, como afeta toda o ecossistema do fundo marinho.
Outro impacto imediato da pesca de arrasto é a destruição do habitat de inúmeras espécies, pois esse método destrói recifes de corais e diversos habitats onde os animais vivem e dependem para sobreviver.
Além disso, esse tipo de pesca desloca sedimentos que aumentam a opacidade da água, tornando-a imprópria para muitas espécies
E tem mais, a pesca de arrasto é a principal causa da pesca fantasma e da pesca acessória.
O que é Pesca Acessória?
A pesca acessória ocorre em geral através do lançamento da rede de arrasto, que captura tanto as espécies almejadas, quanto outras espécies que não interessam à indústria pesqueira, e que acabam descartadas feridas, agonizando ou até mortas, na água ou em terra.
Em consequência da pesca acessória, grande quantidade de espécies morrem todos os dias.
Para se ter uma ideia, de acordo com a WWF, 40% da pesca global não é utilizada, ou seja, é desperdiçada.
Entre as principais espécies vítimas da pesca acessória estão:
- aves marinhas
- tartarugas
- baleias
- golfinhos
O que é Pesca Fantasma?
A pesca fantasma se dá quando restos de equipamentos de pesca acabam sendo descartados, perdidos ou abandonados no mar e continuam, por assim dizer, “a pescar” (enroscando, prendendo e sufocando) os animais aquáticos, provocando ferimentos, agonia ou mortes destes seres.
Esses equipamentos podem ser:
- redes de arrasto
- gaiolas
- armadilhas
- anzóis
- iscas sintéticas
- potes
- e outras parafernálias de pesca
Esse tipo de pesca acidental traz muitos danos à vida aquática.
Animais como baleias, focas, tartarugas, golfinhos, peixes e crustáceos, quando entram em contato com esses equipamentos de pesca descartados, acabam sendo feridos, mutilados e, infelizmente, uma grande quantidade morre, agonizando lentamente.
Os animais morrem de diferentes maneiras, como por exemplo:
- afogamento
- estrangulamento
- sufocamento
- mutilações
- ou após ingerirem esse tipo de lixo de origem pesqueira, sofrem infecções, ulcerações e lacerações internas.
De acordo com a World Animal Protection, a pesca fantasma já afetou 45% dos mamíferos marinhos que estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.
Somente no Brasil, diariamente, cerca de 69.000 animais marinhos são afetados pela pesca fantasma, sendo resgatados em péssimas condições, encontrados agonizando ou até mortos.
Ademais, a pesca fantasma é responsável pela poluição e lixo nas águas de rios e mares.
Além dos danos causados aos animais, a pesca fantasma ainda degrada recifes de corais superficiais, que já são afetados pela poluição nos mares.
A cada ano, estima-se que o volume dos materiais de pesca fantasma que vão parar nos oceanos vai de 640.000 a 800.000 toneladas.
Redes e outros equipamentos usados não só na pesca industrial, mas também na pesca esportiva ou artesanal constituem os principais tipos de detritos encontrados nas águas.
Esses resíduos poluentes são considerados o 6° tipo de lixo que mais afeta e prejudica os ecossistemas marinhos.
Para piorar esse quadro, as redes de pesca, que antes eram feitas com materiais biodegradáveis (algodão e outras fibras), hoje em dia, são feitas de um plástico muito resistente que demora séculos para se decompor.
Segundo informe da WWF, se continuar assim, até 2050 teremos mais lixo que peixes nos oceanos, o que pode levar à destruição lenta de um dos maiores ecossistemas do planeta.
Nesse contexto, é importante recordar que até 85% do oxigênio que respiramos vem dos nossos mares, por isso constituem a maior fonte de oxigênio do mundo e são responsáveis por absorver boa parte do CO2 que despejamos na atmosfera.
Além do mais, os oceanos são responsáveis também por regular o clima mundial, evitando que o aquecimento global aumente mais ainda.
Pesca de Arrasto, Acessória e Fantasma = Pesca Predatória
Como vimos, a atividade pesqueira intensiva com seus métodos de pesca acaba se tornando uma pesca predatória, que produz captura acidental e destruição de ecossistemas aquáticos.
O impacto disso é o sofrimento, a morte e até a extinção de diversas espécies aquáticas.
Como resultado da mortandade de espécies aquáticas temos o desequilíbrio da biodiversidade.
Por todos esses impactos é preciso agir, para evitar mais consequências devastadoras!
Como parar de contribuir com esses danos?
Uma parte da solução depende dos órgãos governamentais de regular e fazer o controle desses tipos de atividades, para evitar que continuem provocando tantos prejuízos.
Já outra parte da solução depende de nós, isso mesmo, de nós!
Uma forma de parar com essa engrenagem cruel e danosa é mudar alguns hábitos, como:
- Parar ou pelo menos diminuir o consumo de pescados e frutos do mar, principalmente os de origem de grandes empresas.
Isso porque nossos hábitos alimentares podem ser parte do problema ou da solução, tudo dependerá de nossa escolha e consumo consciente.
Nossos hábitos alimentares podem ser a solução para reduzir esses danos à vida aquática, ao ambiente e até à vida humana, através da adoção do Veganismo.
A escolha está em nossas mãos:
Ou somos parte do problema ou somos parte da solução!
Fontes:
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