Oceano subterrâneo na Amazônia
Durante Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), foi estimado que a Amazônia tem um oceano subterrâneo. A reserva de água tem volume de cerca de 160 trilhões de metros cúbicos. A estimativa é de Francisco de Assis Matos de Abreu, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
‘Amazônia transfere cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente’
Abreu disse à Agência Fapesp que “a Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país”.
3,5 vezes maior que o Aquífero Guarani
O volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani. Este depósito de água doce subterrânea abrange os territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil. Ele tem 1,2 milhão de quilômetros quadrados (km2) de extensão.
De acordo com a equipe, a reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma. As águas atmosféricas têm esse mesmo percentual de participação.
Falta estudar Oceano subterrâneo descoberto
O conhecimento sobre esse “oceano subterrâneo” ainda é muito escasso. Precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano, como para preservá-lo em razão de sua importância.
Aquífero, ou mar subterrâneo, fica em Alter do Chão
As trabalhos sobre o Aquífero da Amazônia foram iniciados há apenas 10 anos. O estudo indicou que está situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do país. Ele teria um depósito de água doce subterrânea com volume aproximado de 86,4 trilhões de metros cúbicos.
Denominado pelo pesquisador como Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), ele começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
O aquífero Alter do Chão
Oceano subterrâneo: ainda não se sabe se é água para consumo
Uma das limitações para a utilização da água disponível é a precariedade do conhecimento sobre suas características. Falta obter informações sobre a qualidade da água do reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.
Dificuldades no caminho
De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero Amazônia é a complexidade do sistema.
O reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades.
Águas permanentemente livres
Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente livres.
No Amazonas 71% dos municípios utilizam água subterrânea
Segundo o pesquisador, a água subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No estado do Amazonas 71%, dos 62 municípios, utilizam água subterrânea (não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público. Já, dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos com água subterrânea.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre o aquífero de Alter do Chão
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