Os desafios frente à demanda crescente por plásticos biodegradáveis

Em Fevereiro deste ano a Omnexus fez uma pergunta para a sua comunidade de seguidores a respeito do tema plásticos biodegradáveis. Os temas sobre plásticos biodegradáveis, de fontes renováveis e a reciclagem são sempre muito populares. A razão disso está na crescente preocupação da população para as questões ambientais e o aumento da quantidade de resíduos plásticos gerados todos os anos no planeta. O lixo plástico tende a se tornar crítico. Todos já ouviram falar do “sétimo continente” composto em sua maioria por resíduos plásticos e que flutua no oceano Pacífico. A biodegradabilidade e a reciclagem caminham na mesma direção como soluções efetivas para este problema.

O complicador no caso da reciclagem está no pouco interesse econômico na coleta destes resíduos. Não havendo coleta não existe reciclagem. E é exatamente nesta fragilidade da reciclagem que residem as vantagens dos plásticos biodegradáveis. Os resultados das pesquisas mostram que o crescimento dos plásticos biodegradáveis é um fato e com um futuro mais promissor ainda.

Um dos principais desafios dos plásticos biodegradáveis (hidrobiodegradável ou oxibiodegradável) diz respeito à sua rotulagem. Como as nações devem definir alegações de biodegradabilidade sem criar mal entendido sobre o quão rápido a biodegradação vai acontecer? Você sabe o que pode escrever numa embalagem? Você tem certeza que aquele prazo de biodegradação vai acontecer mesmo? Você sabe o que é rotulagem tipo I, II ou III?

Outra preocupação está relacionada com os plásticos hidrobiodegradáveis (aqueles que contém derivados de amido em sua composição) que contaminam os processos de reciclagem dos plásticos convencionais. Como estes materiais vão afetar os processos de reciclagem? Como os recicladores poderão segregar estes materiais? Um novo material adicionado no fluxo da coleta pode ou não ser mais uma fonte de poluição quando não pode ser reciclado junto com os plásticos convencionais? Sem estas respostas os plásticos hidrobiodegradáveis derivados em parte do amido podem causar um efeito oposto ao desejado, ou seja, aumentar a quantidade de lixo.

Também é preciso avaliar os impactos que este tipo de material na produção dos artigos plásticos, na demanda de água, solo e alimentos, e a ainda existente falta de cumprimento requisitos de alto desempenho exigidos pela indústria.

Você sabe que está recebendo aquilo que está comprando e pagando? Você tem certeza que aquilo que você está dizendo ao seu consumidor é verdade?

Os plásticos oxibiodegradáveis, especificamente aqueles certificados pela OPA, são recicláveis juntamente com os plásticos convencionais, tem alto desempenho e cumprem normas específicas. As preocupações relacionadas aos plásticos oxibiodegradáveis estão concentradas nas fraudes e falsas alegações. E não são poucas.

Elas são evidenciadas com a existência de supostos aditivos oxibiodegradáveis não certificados, que não apresentam laudos e comprovações independentes e acreditadas segundo normas vigentes, que alegam poder ser usados numa larga margem de aditivação, por exemplo, entre 1 e 3%, e muitas vezes entre 1% e 6%. Varias empresas têm sido enganadas por vendedores de ilusões de “oxibiodegradabilidade” mais barata. Puro engano e engodo. Alguns destes aditivos encontrados no Brasil não são mais usados nem aceitos em seus países de origem, muito menos por marcas respeitadas internacionalmente.

Para agravar, existem fabricantes de produtos plásticos que dizem usar aditivo oxibiodegradável, inclusive imprimindo marcas registradas e protegidas de aditivos certificados, e na realidade não adicionam nenhum aditivo. Vendem algo especial e entregam uma coisa convencional e cobram preço mais elevado.

A notícia boa é que já é possível realizar testes para conferir se o plástico contém substâncias promotoras de oxibiodegradação. Entre em contato com o Instituto IDEAIS para saber mais. Para consumidores e marcas que utilizam tais plásticos não há custo na realização destes testes.

Já existem notícias de processos abertos contra estas marcas por empresas e consumidores que se sentiram lesados e enganados.

O desafio dos oxibiodegradáveis, mas também dos hidrobiodegradáveis, reside na clara e honesta rotulagem de apelos relacionados a proteção do meio ambiente.

É preciso que cada um entenda sua parte como responsável pelas fraudes contra o consumidor e contra o meio ambiente. Não existe almoço grátis, assim como não existe plástico biodegradável de graça, ou bem “baratinho”. Certifique-se do que anda produzindo, comprando e distribuindo para o consumidor. Tenha em mente que você é o primeiro responsável pelo que alega, rotula, imprime e comunica.

Fonte – Boletim do Instituto IDEAIS de 02 de dezembro de 2014

Imagem – Desafios à frente da demanda crescente por plásticos biodegradáveis. Resultado de enquete da comunidade Omnexus.

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