Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Os humanos não conseguem parar de quebrar recordes de emissão de carbono
O clima está mudando, em parte pelos humanos atirando gases de efeito estufa na atmosfera. Uma maioria esmagadora dos cientistas climáticos concordam com essa declaração. E eles concordam porque olham para modelos climáticos a longo prazo, para emissões de carbono, executam vários testes e veem que uma coisa leva à outra. Não gosto de escrever artigos sérios sobre mudança climática porque é exasperador. Mas tem coisa que eu preciso noticiar: como de costume, estamos no caminho certo para um ano de quebra de recorde.
O Met Office, agência climática do Reino Unido, prevê que chegaremos a 410 partes por milhão de dióxido de carbono atmosférico pela primeira vez desde que os registros são feitos. A mudança de 2016 para 2017 não é tão alta quanto a de 2015 para 2016 (eba!), mas ainda assim é o nível mais alto de dióxido de carbono atmosférico já registrado. Além disso, 2016 foi o primeiro ano nos registros em que os níveis estiveram acima de 400 ppm durante todo o ano, um patamar no qual provavelmente ficaremos permanentemente.
Estou prestes a explicar a mudança climática. De novo. Se você já está convencido, pule alguns parágrafos. Se não, prepare-se para alguns fatos agonizantes tirados principalmente de sites governamentais e antigos artigos do Gizmodo.
A Terra é um sistema dinâmico e equilibrado com oceanos, florestas, gelo polar e atmosfera, cada um deles desempenhando um papel diferente na manutenção do clima e dos níveis de dióxido de carbono. Normalmente, as plantas, o oceano e o solo sugam o carbono de coisas como os animais e os fogos naturais, via fotossíntese ou dissolvendo-o. Mas nós, humanos, cortamos várias dessas plantas e acrescentamos carbono extra ao queimar combustíveis fósseis para abastecer nossos carros, aquecer nossas casas etc. Isso significa que essas tais “pias” de carbono apenas consomem metade dos gases de efeito estufa, diz o Met Office, e a outra metade vai para a atmosfera, onde cria uma camada isoladoraque mantém o calor preso na Terra. Eu já mencionei que eu odeio escrever sobre mudanças climáticas?
Esse dióxido de carbono excedente e outros gases, como o metano, levam ao aquecimento da Terra — as temperaturas médias globais agora estão cerca de 1,5º C acima das temperaturas no século XIX. Isso pode não parecer muito, mas essas mudanças sutis podem levar a coisas ruins. A longo prazo, podemos ver o derretimento do gelo polar, mais inundações costeiras e padrões climáticos cada vez mais estranhos. É principalmente nossa culpa, também. Se você observar o quão rápido normalmente leva para a Terra esquentar tanto assim, perceberá que está bastante claro que somos os responsáveis pelo aquecimento. Os vulcões não são o maior problema. Nem os ciclos solares. Como diz a EPA, “mudanças recentes não podem ser explicadas por causas naturais sozinhas”.
Se isso soa familiar, desculpe-me, mas várias pessoas não acham que seja uma ameaça séria. Já estou me encolhendo imaginando os emails que vou receber com links para o blog de algum cientista anti-mudança climática com afirmações incorretas ou sem base alguma.
As previsões do Met Office não deveriam ser recebidas com leveza — o seu modelo perfeitamente previu os níveis de carbono de 2016, conforme medidos no Observatório Mauna Loa, no Havaí. A previsão do ano passado é a linha azul, a linha preta é o que aconteceu, e a laranja, a previsão para este ano.
O gráfico sobe e desce graças às estações, mas nos últimos 60 anos os altos e baixos sempre parecem estar um pouco mais altos do que os do ano anterior. E se esse gráfico não parece um problema, eis o que acontece quando você reduz o zoom para observar os níveis de carbono ao longo dos últimos 60 anos — a tal “curva de Keeling”.
Talvez, para você, só pareça que os níveis de carbono sempre estiveram crescendo. Eles não estiveram sempre crescendo. Eis a aparência do gráfico se você diminui o zoom para, digamos, as últimas centenas de milhares de anos.
À direita, a seta branca aponta o nível atual de dióxido de carbono atmosférico, enquanto a laranja, o nível em 1950 (Imagem: NASA)
Tudo isso para dizer que a notícia que eu tenho para você hoje é o mesmo de sempre — o nível de dióxido de carbono na atmosfera está disparando como sempre, e 2017 está no caminho certo para ter o maior nível de carbono já registrado na atmosfera, como sempre. O dióxido de carbono não é exatamente o único gás de efeito estufa ruim (há o metano, entre outros), mas se a curva de Keeling não é convincente o bastante para você, não tenho certeza do que mais poderá convencê-lo. Eu sugeriria olhar para aquele quadrinho do xqcd mais uma vez.
Ao todo, 195 países assinaram o Acordo de Paris, afirmando que fariam o melhor para manter as emissões baixas, para conseguirmos manter o aquecimento total “apenas” 2º C acima dos níveis pré-industriais. As pessoas parecem ter entrado em acordo que manter abaixo de 2º C e, com sorte, de 1,5º C de aquecimento nos preveniria de efeitos mais catastróficos da mudança climática. É claro, o presidente de um certo país não parece acreditar na evidência que suas próprias agências produzem. Talvez ele mude de ideia.
Então, nós escrevemos uma história como essa ano passado, e um dos comentários mais votados foi “o que você quer que eu faça?” Boa pergunta. 1. Escreva cartas para o seu congressista, o presidente, qualquer um que te represente, e diga a eles que essa é uma questão importante. Convença seus amigos a fazer o mesmo. 2. Se você dirigir, tente dirigir menos. Use o transporte público. Compre um carro elétrico ou energeticamente eficiente. Convença seus amigos a fazer o mesmo. 3. Use mais eletrônicos de energia eficiente. Veja como você está aquecendo e resfriando sua casa, para economizar energia. Convença seus amigos a fazer o mesmo. 4. Arme-se de conhecimento sobre mudança climática. Ignore os trolls, convença as pessoas que estão indecisas.
Isso é tudo o que eu tenho para dizer.
Fonte – Ryan F. Mandelbaum, Gizmodo de 07 de março de 2017
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