Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Papa envia carta a vereadora que luta contra a Monsanto
‘Obrigado por todo o bem que você tem feito,’ escreveu o Papa Francisco. O atual ministro de agricultura nomeado por Macri é um ex-gerente da Monsanto.
Numa breve mensagem de email, o Sumo Pontífice enviou seu recado, afirmando a Vanesa Sartori sua gratidão pela resistência promovida pela cidade de Malvinas Argentinas desde 2012 contra a construção de uma fábrica processadora de produtos transgênicos
A mensagem foi uma resposta do Papa Francisco a Vanesa Sartori, uma vereadora, catequista, psicóloga e moradora da cidade de Malvinas Argentinas, na província de Córdoba (Argentina), que escreveu uma carta sobre a luta de sua comunidade para frear a instalação da fábrica processadora de milho transgênico da multinacional Monstanto.
No último sábado (16/1), através de um e-mail, o Papa Francisco respondeu a missiva de Sartori, enviada no dia 10 de janeiro: “Obrigado por sua carta e por todo o bem que você tem feito. A você, à sua família e à comunidade paroquial de Malvinas Argentinas lhes transmito a certeza de que levam minhas orações e as minhas bendições”. Como sempre, o Sumo Pontífice pediu que “não se esqueçam de rezar por mim”.
Em sua carta, a jovem de 29 anos, detalha: “o motivo principal, mas não o único, pelo qual escrevo é para comentar e compartilhar o estado de preocupação que temos como vizinhos da cidade, devido a uma nova tentativa da Monsanto para instalar a em nossa cidade a maior fábrica processadora de milho transgênico do mundo a 900 metros das nossas casas e escolas”.
Sartori também contou em sua carta que a resistência começou em 2012, com marchas e até acampamentos no prédio, e que a obra foi paralisada em 2014 por ordem da Justiça, porque “violava a lei nacional de ambiente, já que os estudos de impacto ambiental realizados não haviam sido aprovados e tampouco havia consultado os moradores antes de iniciar as obras”.
“Creio que não é necessário recordar quem é a Monsanto, basta dizer que é uma das empresas que mais tem destruído e contaminado o planeta, adoecendo centenas de pessoas, matando milhares. Uma empresa que se caracteriza por corromper governos e ocultar informação sobre os efeitos reais dos seus produtos”, afirma a vereadora cordobesa.
Sartori explica porque a situação se tornou mais preocupante que nunca, apesar da guarda permanente que existe há mais de dois anos, para impedir que a empresa continue com a obra. Apesar dessa vigília, no dia 30 de dezembro chegou uma notificação de um promotor ordenando que “o local seja liberado e que seja garantida a livre circulação de pessoas e materiais, caso contrário seria usada a força pública”. Segundo a jovem política, essa ordem foi deixada sem efeito até fevereiro, por uma liminar, mas ela lamenta que “a Secretaria de Meio Ambiente de Córdoba esteja trabalhando para que ela seja finalmente aprovada”.
Vanesa Sartori afirma que os mesmos legisladores que aprovaram o projeto no princípio, e que por isso perderam eleitoralmente seus cargos, agora ocupam posições hierárquicas muito importantes no Poder Executivo. Também diz que “o panorama atual da Argentina é pouco desalentador, já que desde que o presidente Mauricio Macri assumiu o país foi palco de vários atropelos aos direitos sociais, civis, trabalhistas e constitucionais”, e agregou que “enquanto isso, em Buenos Aires, o atual ministro de agricultura é um ex-gerente da Monsanto”.
A jovem falou também da encíclica Laudato si e do trabalho do novo pároco da cidade, Mario Otonello, junto com a comunidade. Ademais, contou ao Papa como foi sua eleição como vereadora, há aproximadamente um mês, sobre seu trabalho como catequista.
Fonte – Carta Maior de 24 de janeiro de 2016
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