Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Para preservar a vida das pessoas e todo biossistema, cidade da Argentina proíbe o Fracking
Foto: Hoy Valle Medio
Seguindo clara tendência mundial, os conselheiros de Choele Choel aprovaram por unanimidade o banimento do fraturamento hidráulico
Há algo de novo nos céus dos países da América Latina ameaçados pela exploração dos combustíveis fósseis, especialmente os que usam o fraturamento hidráulico, ou fracking, para a exploração do petróleo e gás de xisto.
Um dos exemplos de resistência vem da Província de Rio Negro, na Argentina, uma das regiões mais devastadas pela exploração do hidrocarboneto. Os sete conselheiros da localidade de Choele Choel aprovaram por unanimidade o decreto-lei que proíbe fracking, sob a justificativa de que a tecnologia provoca danos irreversíveis para o meio ambiente e para a saúde humana.
De acordo com os conselheiros, este processo envolve uma série de impactos ambientais, alguns dos quais ainda não estão plenamente caracterizados ou compreendidos, incluindo a poluição das águas subterrâneas, a poluição do ar, emissão de gases de efeito estufa (metano), terremotos (sismicidade induzida), a poluição sonora e impactos paisagísticos. Além desses impactos, também levaram em conta o tráfego de caminhões relacionado para transportar o gás extraído, consumo de água e uso da terra.
Porém, o que mais pesou na decisão é que os conselheiros contrários ao fracking não se deixaram levar pelas ‘luzes’ que podem significar financeiramente, mas pensaram no meio ambiente e o que querem deixar às gerações futuras.
Tendência mundial
Diante da devastação, está sendo consolidada uma ampla frente multissetorial, reunida na Coalizão Latino-Americana contra o Fracking, pelo Clima, Água e Agricultura Sustentável, a COESUS Latinoamérica, para impedir o avanço da indústria do fracking no continente.
Para o sociólogo e coordenador de campanhas da 350.org Argentina, Juan Pablo Olsson, “em nossa região é essencial fazer avançar o diálogo entre os legisladores, representantes da sociedade civil e dos conjuntos ambientais para propor soluções legislativas e regulamentares a estes grandes problemas ambientais, sociais e econômicos”.
Em artigo, Olsson destaca que uma dessas primeiras tentativas ocorreram no começo de dezembro no Congresso Nacional, onde foram discutidos os primeiros passos para fazer avançar a Coalizão no país proposta por organizações como a COESUS e 350.org, que lideram o movimento contra fracking na América Latina. Seguindo uma tendência mundial, somente com pressão da população será é possível proibir e barrar o fraturamento hidráulico.
Segundo estudos da 350.org, o Uruguai já proibiu fracking em cinco regiões; no Brasil há legislação banindo em 200 cidades e na Argentina já são 57 municípios que o proibiram. Nos Estados Unidos foi proibido nos Estados de Nova York e Vermont; também está proibido ou decretada moratória em Longmont, Boulder, Fort Collins, Broomfield, Colorado e Lafayette, Denton, Texas, San Benito County, na Califórnia, em Oberlin e Broadview Heights, Ohio. Por sua vez, mais de 460 medidas contra o fracking, em diferentes comunidades dos EUA, foram promovidas.
Na Europa, o progresso foi feito com a interdição do Parlamento Europeu, e prontamente na Bulgária e na França, apesar da intensa pressão da indústria. Também foram promovidas moratórias sobre fracking na Holanda e na Irlanda; Nova Escócia, Nova Brunswick e Terra Nova e Labrador, no Canadá.
“Numa situação em que o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump nega as alterações climáticas, as chamadas para eliminar os incentivos para as energias renováveis, para eliminar as restrições sobre o uso de poluentes combustíveis fósseis e de ignorar o acordo de Paris, acreditamos que é crucial o debate nos países da América Latina sobre o aquecimento global, a crise ambiental e os perigos de fracking”, alerta Olsson.
Na visão do sociólogo, América Latina e Argentina devem estar atentos e unidos a esta nova ameaça. O governo dos EUA está preparado para avançar no que alguns especialistas têm chamado de “Consenso de Fracking”. As empresas de petróleo estão a tomar o poder e se preparam para uma exploração massiva de recursos naturais com eles mesmos encarregado da proteção do ambiente.
Tendo em conta este novo contexto da evolução global do Consenso de Fracking na Argentina, o coordenador da 350.org Argentina afirma que “é preciso trabalhar em conjunto para alcançar uma lei nacional que proíbe tais práticas, tendo como ponto de partida gerar uma consciência de cuidados com a Casa Comum, bem apontando Papa Francisco na Encíclica ‘Laudato Si’. E na América Latina é essencial movimento de proteção do Aquífero Guarani, uma das mais importantes reservas de água do mundo”.
Fonte – Com informações de Hoy Valle Medio e InfoBae, Silvia Calciolari, Não Fracking Brasil de 19 de dezembro de 2016
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