Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Perguntas que gostaria que os candidatos respondessem
1- Maringá tem uma zona rural composta por apenas ridículos 3% de floresta nativa em boas condições, o restante no geral são agropecuária, silvicultura e áreas degradadas. Nossos rios estão com matas ciliares abaixo das exigências legais e são poucos os remanescente florestais grandes para realmente protegerem a biodiversidade. Proporcionalmente temos mais verde na zona urbana que na rural. Alguns municípios brasileiros já possuem programas de recuperação utilizando de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), ou seja, remuneram os proprietários rurais para recuperarem suas Áreas de Preservação e Reserva Legal. Além de programas que estimulam a criação de RPPNs em áreas particulares. Ótimos exemplos estão na cidade de Extrema-MG, que recuperou boa parte de suas florestas e mais que duplicou a vazão de suas principais nascentes; e no estado do Espirito Santo onde o Programa Reflorestar já reflorestou milhares de hectares fazendo projetos técnicos associados a contratos e pagando proprietários rurais. Candidato, existe alguma pretensão de aumentar o verde (florestas) em nossa zona rural? Alguma chance de Maringá ter programas que procurem aumentar a agrofloresta e remanescentes nativos?
2- Na zona urbana Maringá tem problemas graves em suas Áreas de Preservação Permanente (APP). Apesar de possuir uma legislação bem intencionada que aumentou as APPs para 60 metros de largura marginal em nossos fundos de vale, continuamos a ter pouca floresta conectada e com muita invasão de pragas como uma espécie de árvore chamada leucena, que não permite que exista maior diversidade de vida nesses locais. Candidato, existem projetos para recompor essas áreas de fundo de vale, realmente fazendo uma recuperação, realmente gerando florestas com diversidade e proteção de recursos naturais?
3- Maringá possui importantes áreas florestais na zona urbana de propriedade privada, algumas dessas estão sendo descaradamente desmatadas, através de atos ilegais e ou corruptos. Ou seja, estamos perdendo recursos naturais e verde por conta disso. A cidade de Curitiba tem um projeto pioneiro que está surtindo bons resultados para sanar problema semelhante. Formulou uma legislação que permite a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPN) municipais, um tipo de unidade de conservação que aceita o nível municipal, e concede aos proprietários que transformam suas áreas verdes em RPPNs o direito de Transferir o potencial construtivo de seus lotes para outras áreas ou vendê-los para terceiros que necessitem de maior capacidade de construção. Candidato, por que programas como esse não estão sendo realizados? Por que estão permitindo a perda de florestas importantes para a boa qualidade de vida dos cidadãos e do equilíbrio ambiental na cidade? Qual sua proposta para sanar tal problema?
4- Maringá necessita urgentemente de biólogos, agrônomos, geógrafos e engenheiros florestais na prefeitura, pois além de ter uma arborização urbana de gestão complexa está recebendo a responsabilidade de analisar vários licenciamentos ambientais (alteração na legislação passou a responsabilidade do IAP para a prefeitura). Hoje os pedidos de corte, plantio, recuperação de áreas degradadas entre muitos outros são muitas vezes demorados, ignorados ou até mesmo “comercializados” por funcionários da prefeitura. Recentemente o município fez um enorme concurso público chamando todo tipo de profissional, porém, nenhum profissional da área ambiental foi chamado e o concurso que poderia ser renovado por mais dois anos foi revogado. Assim o município embolsou o dinheiro dos candidatos de inúmeras vagas que não foram chamadas e ainda perderá dinheiro no futuro para fazer um novo concurso já que não renovou este. Esse tipo de atitude desrespeita os profissionais e a cidade. Quando teremos equipe técnica ampla e competente na prefeitura? Quando realmente teremos uma gestão eficiente do meio ambiente na cidade? O senhor pretende fazer novas contratações? Qual a proposta para agilizar os processos e a execução de ações ambientais?
5- Maringá já teve um plano de arborização urbana, porém, este foi engavetado e ignorado pela prefeitura e pelo Instituto da Árvore (um grande cabide de emprego, algo inútil para a cidade). Hoje os plantios na cidade não têm constância e cada vez mais nossa exuberante arborização diminui em área e qualidade. O município pretende gastar novamente para refazer do zero um plano que já existia, ignorando dados de um censo arbóreo que diagnosticou toda arborização em 2006 (Projeto Árvore, o qual eu coordenei). Quando a secretaria de meio ambiente e serviços públicos realmente irá tratar a arborização tão preciosa de Maringá com o respeito e responsabilidade que merece? Quais são as propostas para nossa arborização, para conseguir técnicos e infraestrutura necessária? Como pretende atualizar e aplicar um novo plano de arborização urbana?
André Sampaio
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