Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Peruano que transforma a força dos ventos em água é reconhecido pela ONU
Esse é o objetivo do projeto sustentável para o qual a ONU nomeou o peruano Max Hidalgo, Campeão da Terra 2020 para a América Latina e o Caribe.
Na verdade, este jovem inventor foi reconhecido – juntamente com outros seis cientistas, ambientalistas e engenheiros – pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) pelo desenvolvimento e implementação de iniciativas que os tornam líderes ambientais.
Mas do que se trata especificamente este projeto?
Yawa, nome dado à iniciativa de Hidalgo, consiste basicamente na criação de turbinas eólicas portáteis que condensam o vapor, convertendo assim o vento em água.
Com este desenvolvimento, cerca de 300 litros de água por dia poderiam ser coletados a partir do processamento de névoa e umidade.
Os mais beneficiados seriam os habitantes das áreas severamente afetadas pela seca e pela falta de acesso à água potável.
Esta tecnologia foi pensada de forma a contribuir para a economia circular, reduzindo ao máximo a utilização de plástico e utilizando materiais recicláveis na construção da turbina.
O equipamento, funcional e de fácil montagem, possui filtros purificadores que permitem o tratamento da água no local, e não necessita de energia elétrica ou baterias para seu funcionamento.
O projeto Yawa (das palavras quíchuas “água–yaku” e “vento –waira”) foi concebido não apenas para cuidar do meio ambiente, mas também como uma solução acessível para o problema da escassez de água em certas áreas do Peru.
O custo de um desses sistemas, dotado para abastecer uma comunidade de 100 habitantes, seria de cerca de 70 mil pesos.
“Há comunidades que aguardam há 20 anos pelo serviço e dependem de caminhões que chegam com água cara e de qualidade duvidosa.
Fomos a uma cidade de 100 habitantes no sul do Peru onde o custo estimado para levar água encanada por encanamento era de um milhão de dólares”, comenta o jovem biólogo.
Outras invenções
Embora o sistema que transforma ar em água -vencedor em 2017 do concurso History Channel “Uma ideia para mudar a história”- seja a obra mais conhecida deste peruano, isso não significa que seja a única.
Na verdade, ele também desenvolveu um gerador de energia elétrica que tem o formato de uma flor nativa e pelo qual obteve o primeiro Prêmio Geral de Desenho Industrial no Concurso Nacional de Invenções e Desenhos Industriais de seu país. Acrescente à lista, um pote que pode carregar baterias de celulares e um recipiente biodegradável inspirado em colméias, que está a todo vapor.
“Temos que ouvir o que as comunidades querem e responder às suas necessidades. É para lá que os ventos da criação nos levam”, diz Max.
O compromisso com o meio ambiente, a capacidade de pensar criativamente e agir de forma transformadora na busca de soluções para os desafios ambientais mais urgentes, são algumas das qualidades de Hidalgo que o PNUMA destaca.
“Max Hidalgo é um exemplo do tipo de engenho que precisamos para permitir que as comunidades respondam à actual emergência climática.
Precisamos de soluções que sejam acessíveis e replicáveis para que as comunidades de baixos rendimentos também possam tornar-se resilientes às alterações climáticas”, afirma Miriam Hinostroza – Economista Ambiental do PNUA.
Por sua vez, Inger Andersen –diretora executiva da organização- destacou o papel dos jovens como agentes de mudança:
“Ao entrarmos numa década crucial em que trabalhamos para reduzir as emissões e proteger e restaurar os ecossistemas, os Jovens Campeões do PNUA demonstram que todos podemos contribuir, onde quer que estejamos e com o que temos em mãos. Cada ato da natureza conta e precisamos que toda a humanidade partilhe essa responsabilidade global.”
Desejo que as iniciativas destes “Campeões da Terra” sejam mais divulgadas a nível social para que sirvam de gatilho para mais ações focadas no desenvolvimento da consciência ambiental em jovens e adultos.
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