Marcos Curti
Presidente da Mcurti Consultoria e Negócios
Bom, tudo isso é utopia. Até hoje, nenhum governo no mundo bloqueou realmente investimentos industriais. No máximo exigiu contrapartidas, medidas que baixem a emissão de poluentes ou que gerem impactos sócio-ambientais positivos na comunidade. Assim, aumentos de capacidade industrial ainda são vistos como sinal de progresso econômico e geração de riqueza. E isso atende ao anseio do mercado de capitais e merece destaque nas mídias tradicionais e sociais de economia e negócios o anúncio de investimentos vultosos e geradores de empregos.
Ações sustentáveis são hoje, portanto, boas peças de marketing. A realidade mundial mostra que a reciclagem ainda é atividade pequena, cara e complexa e se limita aos resíduos visíveis e à cultura do politicamente correto. Difícil convencer um cliente a pagar mais caro por um produto reciclado e ainda dá para contar nas mãos o número de empresas de produtos finais que já soltaram peças publicitárias relevantes pedindo às pessoas para baixar o consumo de plásticos e poluir menos. Duro atirar no próprio pé. Gráficos demonstrando aumento de consumo per capita e mais vendas são muito mais agradáveis. E se a rentabilidade melhorar, também ajuda a materializar o bônus acrescido aos salários no final do ano.
Retomando a argumentação, continuamos em busca de coerência entre o discurso político por mais sustentabilidade e os interesses econômicos por mais investimentos. Como se fossem coisas desconectadas. O cenário descrito explica o suficiente; nem precisamos aprofundar a análise entrando no mérito das brigas entre países pelos investimentos.”
Davide Botton
Presidente da consultoria WinStar
Compromissos de ESG definidos com falsos propósitos podem representar perigos para a sociedade, como demonstrado pela recente crise bancária nos EUA, aberta pela quebra do Silicon Valley Bank. A crise resultou da governança de empoderados comitês sem o devido preparo. A mesma carência de conhecimentos pode ser transposta às empresas adeptas da cultura ESG e apoiadoras da substituição do plástico por materiais mais prejudiciais ao ecossistema e de maior pegada de carbono, a exemplo de uma notória e irresponsável rede mundial de fast food.
O plástico tem demonstrado que, além da menor pegada de carbono, é o material mais indicado para corresponder a todo e qualquer processo de economia circular. Ou seja, na recuperação biologica (através da biodegradação de produtos aditivados que escapam da coleta seletiva para o meio ambiente); da reciclagem mecânica (geradora de plástico reciclado pós-consumo/ PCR de alta qualidade); da reciclagem energética e química e até na potencial mineração de materiais armazenados em aterros sem danos ambientais.
A necessidade global de investimentos em resinas de PP e PE surge, de um lado, da disponibilidade de novas tecnologias e matérias primas abundantes com baixa pegada de carbono. Do outro, pesa o esforço da indústria para suprir um cenário demandado, devido aos usos e beneficios (desnecessário enumerá-los aqui) de PP e PE. Trata-se de um mercado com taxas de crescimento acima do balanço entre circularidade e consumo.
A grande preocupação deve ser: como transmitir os benefícios do plástico a toda a sociedade. É preciso ir além do círculo fechado do nosso setor. Ele tem pregado suas virtudes para si mesmo, sem conseguir conquistar, objetivamente, os verdadeiros formadores de opinião, brand owners e até legisladores chegados ao fácil discurso anti-plástico, ainda que esta rejeição seja super maléfica para a natureza”.
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