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Pesquisador adverte: não sigam o conselho do presidente da APAS, não comam sacolas de comida!

Comentário às matérias de jornais de São Paulo na semana de 17 a 23 de abril de 2011.

Ao contrário do que é mencionado na reportagem, as sacolas “verdes” não se decompõem no ambiente em 2 meses. Nas condições de aterros sanitários, principal forma de disposição de resíduos domiciliares em SP, as sacolas necessitarão de muitos anos para se decomporem.

Mesmo em condições ideais de compostagem (ainda uma solução minoritária em todo o país), as misturas de amido de milho com poliéster alifático-aromático (usadas nas sacolas) se decompõem muito depressa inicialmente (gerando CO2 do efeito estufa), para depois se decomporem muito mais lentamente. E aí começam os problemas, pois aproximadamente metade da mistura é formada por um polímero originado do petróleo, que contem a substância ácido tereftálico, com um anel aromático, de biodegradação muito mais lenta que a do amido, e cuja toxicidade no ambiente ainda não foi totalmente demonstrada.

Se é assim, então por que pagar tanto a mais por uma sacola, que irá se degradar com a mesma velocidade que as oxibiodegradáveis em aterros?

Não vejo como um plástico possa ser considerado “verde” por ser feito de um alimento, no caso o amido de milho, embora biodegradabilidade seja sempre interessante.

O governo mexicano deixou de recomendar plásticos feitos a partir do milho, depois que o preço deste alimento subiu às nuvens, jamais retornando ao patamar anterior. Isto, é claro, sem falar da poluição por agrotóxicos e fertilizantes, típicas das grandes indústrias interessadas em altos lucros a curto prazo.

As sacolas tradicionais aditivadas com pró-oxidantes (oxibiodegradáveis) também podem degradar-se rapidamente (biodegradando-se muito mais depressa que as sacolas convencionais), impedindo assim que se acumulem em bueiros ou em rios e oceanos e não são feitas a partir de alimentos, mas com uma fração do petróleo (a nafta), que representa 4% dos derivados, e que de qualquer maneira seria queimada, caso não fosse utilizada.

Não recomendo que as sacolas comestíveis sejam provadas ou comidas por pessoas, pois a metade (ou até mais) da sua composição é formada por um plástico que contém ácido tereftálico, um composto aromático que em certas concentrações é tóxico a humanos.

A preocupação é louvável, e a poluição dos materiais plásticos é incontestável. Mas a simples substituição por outros materiais, sem a análise completa do ciclo de vida dos produtos, apenas irá substituir o vilão, sem resolver o problema.

O papel e o papelão são excelentes materiais depois de prontos. Contudo, sua fabricação requer muita água e energia e é poluente do ar, da água e do solo, além de provir da monocultura de eucaliptos ou pinheiros, com fertilizantes e agrotóxicos.

As sacolas retornáveis feitas de fibras vegetais são uma alternativa inteligente. Mas é preciso levar em conta que sujam (tornando-se assim impróprias para alimentos) e rasgam com o tempo, e são muito mais pesadas (contem muito mais matéria prima) que as sacolas convencionais. Ah Telmo, quando a sacola retornável ficar suja, é só lavar que fica limpa novamente, pronta para muitos e muitos anos de uso. Sem contar que uma sacola retornável de bom tamanho substitui ao menos 15 sacos plásticos de uso único e durante os muitos anos que uma sacola retornável pode ser usada, a economia no uso e descarte do plástico pós consumo é muito grande.

E fica sempre faltando uma embalagem para colocar o lixo do dia-a-dia. Esta embalagem, como usado na Irlanda, poderia ser um saco bem grande de plástico, incluindo-se aqui os oxibiodegradáveis, podendo assim ser reciclada ou biodegradada. O saco de lixo deve ser sempre fabricado com material reciclado para estimular a cadeia da reciclagem e sempre com material com ciclo de vida útil programado, para diminuir o tempo de degradação, como por exemplo, o plástico oxibiodegradável. Isso porque a taxa de reciclagem no país não chega a 1% e apenas 8% das cidades conta com reciclagem.

Em conclusão, a preocupação com os plásticos é louvável e a situação assim como está não pode ficar. Mas é muito mais interessante oferecer todas as possibilidades e deixar as pessoas decidirem. Não vejo nenhuma razão lógica para as sacolas serem de apenas um dos materiais biodegradáveis oferecidos no mecado. Todos deveriam ser aceitos, observando-se a aceitação popular e os eventuais efeitos ao meio ambiente.

Fonte – Professor Telmo Ojeda da Área de Meio Ambiente – IFRS – POA, Membro do Comitê Científico da Oxobiodegradable Plastics Association

É isso Telmo, primeiro sacolas com ciclo de vida útil controlado, não importando a tecnologia, desde que claro, com os laudos comprovando a segurança e eficácia. Segundo cobrar pelas sacolas, pois quem quiser poluir que pague pela poluição causada e por último mas o mais importante, use sacola retornável sempre.

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