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Pesquisadores do MIT confirmam que as mudanças climáticas afetarão drasticamente as fontes de abastecimento de água
Os modelos climáticos do IPCC indicam que as mudanças climáticas afetarão o regime de chuvas, alterando as precipitações em diversas partes do planeta. No entanto, até agora, ainda não havia como avaliar os impactos nos aqüíferos, mesmo com alterações nas precipitações. Pesquisadores do MIT acreditam que conseguiram desenvolver um modelo de análise que avalia as mudanças regionais, decorrentes de mudanças climáticas globais, que podem afetar abastecimento de água.
Os pesquisadores descobriram que as mudanças, nas águas subterrâneas, podem ser muito maiores do que as mudanças na precipitação. Por exemplo, nos lugares onde as precipitações anuais poderão aumentar até 20 %, em resultado das mudanças climáticas, as águas subterrâneas podem aumentar em até 40%.
No caso inverso, a análise mostrou que, em alguns casos, com apenas 20% de diminuição da precipitação pode resultar em uma diminuição de até 70% da recarga dos aqüíferos locais – algo potencialmente devastador nas regiões áridas e semi-áridas.
Mas, os efeitos exatos dependem de uma complexa combinação de fatores, incluindo o tipo de solo, vegetação, e o momento e duração das chuvas. Os pesquisadores continuam trabalhando em estudos detalhados para cada região local, a fim de prever o leque de possíveis desfechos.
A pesquisa foi conduzida por Gene-Hua Crystal Ng, pesquisador do MIT, no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ECL), juntamente com Dennis McLaughlin, Dara Entekhabi e Bridget Scanlon .Os resultados foram apresentados na quarta-feira, 17 de dezembro, em reunião da União Geofísica Americana, realizada em São Francisco.
O computador combinou análise e modelagem de dados do cloreto natural, usado como marcador para determinar como a precipitação, propriedades do solo e vegetação afetam o transporte de água, a partir da superfície para os aqüíferos. A pesquisa foi realizada em uma determinada região semi-árida perto de Lubbock, Texas.
Predições do tipo e magnitude das mudanças que poderão ocorrer com as precipitações, enquanto o planeta aquece estão incluídas nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e são expressas em intervalos de resultados possíveis, definidos como cenários.
No caso da pesquisa do MIT, os pesquisadores estão convencidos que as mudanças na recarga poderão ser ainda maiores do que as mudanças no clima. Para uma determinada percentagem de alteração da precipitação ocorrem ainda maiores mudanças nas taxas de recarga.
Dentre os fatores mais importantes, de acordo com os pesquisadores, é o momento e a duração da precipitação. Por exemplo, a pesquisa indica que pode ocorrer uma grande diferença se trata de um pequeno número de grandes chuvas ou de pouca chuva, e se a maioria das chuvas ocorre no verão ou inverno.
Os pesquisadores apresentaram os resultados como um conjunto de probabilidades, quantificadas, tanto quanto possível, sobre o futuro climático e a as alterações na superfície terrestre de condições. Em termos gerais, para cada previsão das mudanças climáticas, é possível obter uma distribuição dos valores de recarga dos aqüíferos.
Se a maior parte da chuva cai enquanto as plantas estão crescendo em um ambiente mais quente, grande parte da água pode ser absorvida pela vegetação e liberada novamente na atmosfera através da transpiração, de forma muito pouco pode percolar para o aqüífero.
Da mesma forma, faz uma grande diferença se um aumento global das chuvas vem em forma de chuvas mais intensas ou mais freqüentes pequenas chuvas. Pequenas chuvas mais freqüentes podem ser absorvidas principalmente pelas plantas, enquanto que algumas manifestações mais intensas podem ser mais propensas a saturar o solo e aumentar o efeito de recarga.
Estas pesquisas são especialmente importantes para o Brasil, na exata medida em que o nordeste pode enfrentar um severo processo de desertificação.
Para maior compreensão deste importante tema para o nordeste brasileiro sugerimos que leiam “Nordeste enfrenta alto risco de desertificação“; “Especialistas alertam para o risco de o semi-árido se transformar em um imenso deserto“; e “Redução de chuvas na Amazônia intensificará a seca no Nordeste“.
Fonte – Henrique Cortez, EcoDebate / Massachusetts Institute of Technology
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