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Pesticidas achados no mel podem afetar a agricultura

Mel

Mel: prejudicar as abelhas afeta não só a produção de mel, mas todo o ecossistema (Lithfin/Creative Commons)

Prejudicada por agroquímicos, a população de abelhas, responsável pela polinização de plantações, está em declínio

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Neuchâtel, na Suíca, identificou pesticidas em 75% de 198 amostras de mel de todo o mundo.

O estudo, que foi publicado na revista Science, mostrou que a concentração desses resíduos está dentro dos limites regulados pela União Europeia e pelos Estados Unidos para consumo humano. Mas a dosagem dos produtos químicos pode ser prejudicial para as abelhas.

Prejudicar as abelhas enquanto espécie afeta não só a produção de mel, mas todo o ecossistema, já que elas são as responsáveis por desenvolver o trabalho de polinização.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), as abelhas fazem 73% da polinização das culturas e plantas.

Houve um declínio na população das abelhas na última década. Estudos anteriores feitos no Canadá e na Europa comprovaram que os nicotinoides estão interligados com essa baixa. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente chegou a restringir o uso de inseticidas em plantações como algodão, soja e trigo em solo brasileiro, mas ainda não registrou aumento na população das polinizadoras.

O alerta veio depois que uma equipe de pesquisadores da universidade suíça e voluntários buscou os principais neonicotinoides em cinco continentes diferentes. Esses pesticidas sistêmicos derivam da nicotina e, geralmente, são aplicados em sementes, espalhando-se por toda a planta.

Entre suas variações, encontraram-se acetamiprida, clotianidina, imidacloprida, tiaclopride e tiametoxam. Esses são só cinco dos mais de 500 tipos que existem, mas ainda não foram devidamente estudados.

O agrotóxico afetaria principalmente o sistema nervoso dos invertebrados que se alimentarem dessas plantas, sem atingir os humanos ou outros vertebrados diretamente.

Edward Mitchel, biólogo responsável pelo estudo, ainda constatou que das 75% amostras contaminadas, 30% continham um único neonicotinoide, 45% continham dois ou mais e 10% continham quatro ou cinco. Boa parte dessa contaminação se encontra em zonas remotas ou áreas mais naturais, o que torna o fato ainda mais alarmante.

A região com maior proporção de resíduos no mel é a América do Norte (86%), seguido por Ásia (80%) e Europa (79%). Já as regiões com menores de resíduos são América do Sul (57%) e Oceania (64%).

Aqui no Brasil, foram encontrados registros de pesticidas em quatro localidades diferentes, com ênfase na região sul. Os pesticidas citados no estudo da Science são permitidos por aqui, apesar de serem comprovadamente danosos a longo prazo para a saúde humana.

Fonte – Gabriela Monteiro, Exame de 20 de outubro de 2017

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