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PIB cairá 17% até 2048 se Brasil não reduzir o aquecimento global, diz Al Gore

A previsão, disse Gore, consta de relatório da seguradora Swiss Re.

Ele discursou na 4ª edição do Cidadão Global 2021, evento promovido pelo jornal Valor Econômico e pelo banco Santander na manhã desta terça-feira (25/05/21).

Ficou clara a contradição que o país se tornou aos olhos da comunidade internacional: com uma das matrizes energéticas mais promissoras do mundo, inclusive em termos de custos, o Brasil convive com recordes de desmate e incêndios florestais.
O último aspecto, lembrou, ameaça especialmente o bioma amazônico com um possível processo e savanização no médio prazo, que afetaria o regime de chuvas da agricultura e das cidades em todo o país.

Ele disse que o uso da terra no Brasil é um ponto “particularmente importante” e que o desmatamento na Amazônia é “uma grande preocupação”.

“Em 2020, esse desmatamento foi o mais alto em 12 anos. No ano passado, o Brasil perdeu mais vegetação primária do que qualquer outro país: 1,7 milhão de hectares, mais de três vezes o que o segundo país perdeu e mais do que os outros cinco países seguintes perderam juntos”, disse.

Al Gore também tratou do aumento dos focos de incêndios na floresta.

“No ano passado, a Amazônia brasileira teve os maiores incêndios em 10 anos. Houve um aumento de 13% em comparação a 2019, que já foi um ano com incêndios que chamaram atenção do mundo todo por causa da extensão e escala. A seca que houve no ano passado contribuiu com os incêndios e causou um prejuízo de US$ 3 bilhões principalmente na agricultura”, descreveu.

De volta ao Brasil, Gore elencou outros efeitos colaterais do aquecimento global, lista em que coloca enchentes responsáveis pela morte de 150 pessoas e prejuízos de US$ 500 milhões; aumento flagrante da temperatura, como os 50°C registrados pela primeira vez, em Cuiabá, e aumento nos índices de poluição do ar, o que, sozinho, teria causado a morte precoce para cerca de 25 mil brasileiros. No mundo, disse Al Gore, são, em média, 9 milhões de vítimas da poluição do ar.

“A necessidade de agir nunca foi mais urgente”, afirmou. Na segunda parte do discurso, ele passou a listar soluções.

Falou das oportunidades tecnológicas para conter as mudanças climáticas e sugeriu, também, opções “naturais”.

“Temos soluções climáticas naturais, como silvicultura sustentável e agricultura regenerativa, que podem ajudar a diminuir emissões, criar empregos, preservar biodiversidade e melhorar a qualidade e disponibilidade de água potável.”

Da longa lista de soluções, Gore citou a transição energética e destacou a dianteira do Brasil nessa agenda.

“Hoje o Brasil tem a energia eólica mais barata do mundo: R$ 1,07 por quilowatt/hora. É impressionante. Desde que o Acordo de Paris foi assinado, em 2015, a capacidade da energia eólica no país dobrou. O custo de construir uma usina eólica no Brasil já é menor do que o de continuar a operar uma usina de carvão ou de petróleo”, disse o ambientalista.

Em relação à energia solar, novos afagos após a constatação de que a capacidade da geração a partir de energia renovável triplicou nos últimos dois anos.

“O Brasil poderia gerar toda a energia que o país precisa só com energia solar em menos de 0,8% da área total, muito menos do que se fosse produzir combustíveis fósseis como fonte de eletricidade”, disse.

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