Uma garrafa. Espera, outra garrafa. Estamos a 200 km da terra, no meio do Pacífico Sul, e esta é a terceira garrafa que já encontramos jogada no mar somente esta manhã.
Em todos os lugares, temos o plástico.
O plástico que usamos sem notar,, o plástico que jogamos fora sem pensar duas vezes, continua vivo. Lá fora. Onde está matando nosso planeta, matando nossa vida marinha e, lenta mas certamente, nos matando.
Estou aqui como parte de uma equipe de pesquisadores da Universidade do Pacífico Sul, coletando amostras da água do mar que fica bem distantes de qualquer habitação humana.
Meu objetivo é comparar as concentrações offshore de microplásticos com aquelas encontradas mais próximas da costa. Minha esperança é colocar outra peça no quebra-cabeça do Pacífico.
Sabemos muito bem do problema que existe ao longo das costas mais populosas do planeta. No entanto, sabemos muito pouco deste local longínquo. Uma lacuna de conhecimento que abrange metade da superfície do planeta.
Este trabalho é ideia da falecida Dra. Marta Ferreira e hoje encontramos microplásticos na água do mar, água doce, em peixes, caranguejos, moluscos e pássaros, em sedimentos de todo Fiji .
Em todos os lugares que visitamos, seja uma cidade metropolitana ou uma ilha longínqua e remota, encontramos o plástico.
Dois a cada três peixes coletados no ambiente costeiro da grande Suva continham microplásticos. Foi surpreendente a descoberta de 68 partículas de plástico por peixe coletado.
O grau de ingestão por essas espécies costeiras mais comuns é da mesma ordem de magnitude daqueles encontrados na China, por exemplo.
Sabemos que, no Pacífico Sul, o peixe é a fonte de proteína de mais do que o dobro da média global, o que torna esse problema alarmante.
Os níveis de microplásticos na água do mar em torno de Suva eram comparáveis a algumas partes do Mar Mediterrâneo.
Os sedimentos costeiros são cheios de microplásticos, na mesma quantidade daqueles relatados ao longo das costas de Cingapura ou de Portugal.
Estamos descobrindo que os próprios plásticos que usamos para conservar nossos alimentos são os mesmos que nos contaminam.
O Polietileno, que é plástico mais utilizado em terra também está em todos os mares do planeta.
Só em 2017, Fiji importou mais de 2.000 toneladas de polietileno.
O pesquisador marinho Andrew Paris, da Universidade do Pacífico Sul, testa a poluição nas águas do Oceano Pacífico para contaminação com plástico.
Para agravar esta questão, temos os processos oceanográficos. A sopa de plástico giratória que chamamos de gira no Pacífico Sul garante um suprimento constante para pequenos Estados insulares que dependem mais do oceano para seu sustento.
Em ilhas remotas ao norte e a leste de Fiji, os litorais são inundados com polietileno em suas várias formas. Tudo, desde fios de camisa a cordas de navio.
É outro tipo de diáspora do Pacífico, exceto que os plásticos sempre voltam.
Os próprios processos que ajudaram a expansão humana e a ocupação da Oceania estão distribuindo nossos detritos por todas os locais, até nas profundezas mais escuras do mar.
Mais uma vez, aqui estamos nós, na linha de frente de uma catástrofe ambiental iminente.
Embora a pesquisa ainda esteja em seus estágios iniciais, os riscos apresentados são enormes.
Além dos estudos sobre o desenvolvimento de linhas de base e níveis ambientais ao meio ambiente, estamos investigando os efeitos sobre a vida vegetal e animal, especialmente aqueles as quais mais dependemos.
Mas antes que possamos começar a gerenciar, precisamos primeiro medir.
Precisamos estar atentos, controlando os efeitos do plástico nos sistemas de vida aos quais estamos intimamente conectados.
Uma tartaruga marinha come uma sacola de plástico. Sacos plásticos e outros tipos de lixo plástico são freqüentemente ingeridos por animais marinhos, confundindo-os com comida. Fotografia: Paulo Oliveira / Alamy Foto de stock
Essa pesquisa, a primeira avaliação abrangente de microplásticos nas águas superficiais do Pacífico Sul, fornecerá dados base para ajudar a monitorar programas para detectar mudanças ambientais e avaliar os esforços para controlar a poluição por plásticos.
Vivemos em um mundo material e o plástico é o símbolo predominante do modernismo.
A qualquer momento, estamos envoltos ou usando plásticos. Nossa própria existência é definida com um pano de fundo cheio de plástico, um palco sintético em 3D.
Nós, no Pacífico, podemos estar muito distantes das megacidades e das grandes indústrias do mundo, mas o mesmo problema que assola seus oceanos está presente aqui, na vasta extensão do Pacífico Sul.
NOTA DA FUNVERDE: Tudo que é produzido a partir do plástico, pode ter sua vida útil programada, não precisar ficar poluindo o planeta por centenas de anos. Vamos trabalhar para que tenhamos o plástico biodegradável mais presente nas nossas vidas. Evite o sacolas plásticas de uso único, dê preferencia a sacolas retornáveis. Se cada um fizer sua parte, deixaremos um planeta habitável para nossos filhos e netos. Veja aqui
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