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Poluição por plásticos: novo estudo revela uma ameaça à polinização das flores!
Por Gabriela Aceitón Cortés – METEORED – 16 de novembro de 2023 – A pesquisa analisou os efeitos dos microplásticos que são transportados pelos polinizadores e depositados nas plantas. Saiba aqui o que os pesquisadores descobriram e como isso impacta os ecossistemas e a produção agrícola. – A abelha melífera (que produz mel) é um dos principais insetos polinizadores do mundo.
Imagens de enormes ilhas de plástico flutuando em diferentes oceanos, ou descobertas recentes de “rochas plásticas” na ilha de Trindade, aqui no Brasil, parecem um pesadelo distante, cenas de um filme que ninguém quer ver. Infelizmente, a contaminação por este material continua a apresentar consequências preocupantes às quais não podemos fechar os olhos.
Interação entre abelhas e plantas da Floresta Nacional de Carajás (Pará) pode contribuir com a restauração de áreas desmatadas.
É o que demonstra um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Ecologia e Biodiversidade (IEB) da Universidade do Chile e da Universidade Católica de Valparaíso (PUCV).
Eles utilizaram o agrião da montanha (berro cordillerano mimulus luteus L), uma espécie endêmica da Cordilheira dos Andes, para analisar fragmentos de polipropileno — o material mais comum para a fabricação de plásticos descartáveis – no estigma da flor, ou seja, na região da flor que funciona como porta de entrada para o pólen.
Os resultados desta relevante pesquisa lançam luz sobre uma nova ameaça latente, uma vez que foi demonstrado que este tipo de contaminação afeta a produção de sementes, alertando para possíveis efeitos na polinização.
Mas como os microplásticos chegam às flores?
A protagonista desta história é a Apis mellifera, mais conhecida como abelha melífera (que produz mel), aquela de corpo preto e amarelo, amada e temida ao mesmo tempo.
São elas, junto com outros polinizadores, as responsáveis pelo transporte dos grãos de pólen de flor em flor, permitindo a reprodução das plantas, processo conhecido como polinização.
Esses insetos funcionam como uma espécie de “ímã”; Isso mesmo! O abdômen e as costas das abelhas são cobertos de pelos. Ao voar, é produzida uma carga eletrostática que atrai partículas de pólen. Infelizmente, estudos internacionais demonstraram que também atrai partículas poluentes, como polímeros sintéticos.
Estima-se que a quantidade total de plástico presente no nosso planeta tenha atingido 8 Gigatoneladas, o que equivale ao dobro da biomassa de todos os animais que existem na Terra.
Graças a esta capacidade de “transportadores”, os cientistas consideram as abelhas um bom indicador para medir as partículas de plástico no ambiente – o que é conhecido como bioindicador. Portanto, elas também podem fornecer indicações do nível de contaminação, uma vez que suas patas e corpos são analisados em nível microscópico, sendo possível enxergar claramente os fragmentos que mobilizam.
Um aviso que não podemos ignorar
O estudo do IEB e da PUCV traz resultados que parecem um “tapa na cara” que deveria nos levar a fortalecer ações responsáveis em relação à gestão de resíduos plásticos.
Em um comunicado apresentado pelo IEB, Gastón Carvallo, o pesquisador principal, destacou que a descoberta feita no seu laboratório é um alerta tanto para os ecossistemas terrestres como para a produtividade das culturas.
O grupo de pesquisa observou que os fragmentos de microplástico diminuíram a produção de sementes em 80% a 91%, quando comparados a um grupo de plantas controle.
“Há zonas que são maior fonte de poluição, como aquelas onde há muitos resíduos agrícolas. O polipropileno é frequentemente abandonado em aterros ilegais, após ser utilizado como cobertura de estufas e mangueiras no agronegócio. Esse material começa a se decompor e é liberado no meio ambiente, atingindo plantas próximas”, explicou Carvallo.
Essa planta endêmica foi utilizada na pesquisa por ser reconhecida internacionalmente como modelo para estudos ecológicos, evolutivos e genéticos. Foto: Diego Alarcón/Catálogo de plantas da Universidade de Concepción.
As evidências já estão sobre a mesa e cabe a toda a sociedade atender ao chamado.
Como explica o autor principal desta pesquisa, sublinhando que
com base nestes resultados temos interesse em colocar um alerta. Não significa que o plástico eliminará as plantas da noite para o dia, mas devemos estar conscientes desta nova ameaça.
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