Por Ana Flávia Pilar - O Globo - 11 de novembro de 2024 - Com modelo…
Por que “chove” toneladas de plástico nos EUA? Cientistas descobriram
Os norte-americanos podem estar respirando plástico sem saber disso. Um estudo publicado na quinta-feira (11) na revista Science revelou que mais de mil toneladas de partículas do material caem anualmente em parques nacionais e áreas selvagens no oeste dos EUA. Essa quantidade equivale a mais de 123 milhões de garrafas plásticas.
Por mais de um ano, cientistas pesquisaram 11 parques nacionais e áreas selvagens do país e encontraram pequenos fragmentos de plástico em 98% das 339 amostras recolhidas. O plástico representava 4% de todas as partículas de poeira testadas na pesquisa.
A ideia inicial da pesquisa era investigar como a poeira carrega nutrientes, e não plástico. Mas, depois de olhar no microscópio e ver fibras coloridas entre os pedaços de poeira, a equipe mudou o foco.
Os pesquisadores coletaram as amostras tanto em condições de pouca umidade quanto em períodos de chuva e neve. As partículas maiores foram recolhidas nas épocas mais úmidas, enquanto as menores foram coletadas sob clima seco.
Segundo o estudo, as partículas depositadas no tempo de chuva ou neve provavelmente vieram de algum lugar relativamente perto. Já as partículas menores e mais leves, que constituíram 75% do plástico testado, foram transportadas por distâncias extremamente longas em correntes altas na atmosfera.
Apesar de a descoberta ter sido nos EUA, o perigo pode ser global. Em entrevista ao jornal The New York Times, a cientista que liderou a pesquisa, Janice Brahney, da Universidade Utah State, afirmou que não há um lugar no planeta Terra sem a presença de microplásticos.
Segundo Brahney, o fenômeno dos microplásticos pode contribuir para a interferência ambiental das comunidades microbianas e causar danos ecológicos. Já é sabido que o material demora a se degradar, o que o torna um grande poluidor. No ano passado, cientistas descobriram plásticos que estão no oceano desde os anos 60.
Além disso, animais e nós, humanos, já podemos estar respirando ou inalando essas partículas. Há alguns anos, uma outra pesquisa achou microplásticos em minhocas e em fezes de galinhas em uma região do México. Embora, de acordo com a cientista Janice Brahney, “os efeitos na saúde de absorver partículas de plástico não sejam bem conhecidos”.
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